Tesouro direto: vale a pena investir hoje?

Futuros dos EUA recuam após resultados de Alphabet e Microsoft

Nord Research 26/10/2022 14:04 8 min Atualizado em: 27/10/2022 13:14
Tesouro direto: vale a pena investir hoje?

Nord Insider

Nesta quarta-feira, 26, os índices futuros de Nova York operam em queda após os resultados da Alphabet (Google) e Microsoft, apresentados na última noite, terem alimentado o pessimismo do mercado.

Os investidores aguardam os números de outras big techs americanas, como Apple, Amazon e o da Meta (Facebook), que sai nesta noite.

Na agenda econômica, saem o Índice Nacional de Custo da Construção – Mercado (INCC-M) de outubro e o Índice de Preços ao Produtor (IPP) de setembro. Os investidores acompanharão o segundo dia da reunião do Copom e a divulgação do fluxo cambial semanal. Nos Estados Unidos, saem os estoques do atacado americano e o número de vendas de casas novas, ambos os dados referentes a setembro. Além disso, serão divulgados os estoques de petróleo semanais do país e acontece o leilão primário de Treasuries de cinco anos.

Principais assuntos de hoje

  • Prefixado, Selic ou IPCA: vale a pena investir hoje?
  • Suzano compra ativos da Kimberly-Clark; entenda a operação.

Tesouro direto: vale a pena investir hoje?

No Tesouro Direto, você se torna credor do governo federal e recebe o valor emprestado com as devidas correções de juros.

Com os recursos captados, o governo financia projetos de educação, saúde e outros.

Mas como escolher o melhor título?

De acordo com o analista de renda fixa, Christopher Galvão, não existe o melhor investimento, mas o mais adequado dado o cenário econômico e a taxa de juros.

“Investimentos por meio do Tesouro Direto são sempre interessantes, especialmente para aqueles que querem entrar no mundo dos investimentos. Afinal de contas, financiar o governo é menos arriscado do que financiar um banco ou uma empresa”, ressalta o analista.

Para esclarecer melhor, vamos dar um exemplo.

Hoje o Tesouro Prefixado (LTN) com vencimento em 2025 rende +11,81%, enquanto o Tesouro Selic (LFT) rende a Selic, que atualmente está em +13,75% ao ano.

Informações sobre os títulos que foram coletadas na terça-feira, 25, às 15h23.
As informações sobre os títulos foram coletadas na terça-feira, 25, às 15h23. Fonte: Tesouro Direto

Para muitos investidores, a escolha pelo Tesouro Selic 2025 parece óbvia, dada a taxa atual superior. Porém, estamos comparando títulos que não são comparáveis dessa forma.

Diferenças entre Tesouro Selic e Tesouro Prefixado


O título prefixado possui uma rentabilidade definida (taxa fixa) no momento da compra, que, no caso, é +11,81%. Ou seja, você só vai receber se mantiver o título até a data de vencimento.

Caso contrário, você sofre a incidência do efeito de marcação a mercado ao realizar a venda antecipada. Entretanto, vamos supor que você segure o título até o vencimento [em 2025], de tal forma que o título traga retornos de +11,81% ao ano.

Já o rendimento do Tesouro Selic é atrelado à Selic (a taxa básica de juros da economia), que, no momento, está em +13,75%.

No entanto, a Selic pode sofrer alterações no meio do caminho e, portanto, você não sabe qual é o rendimento exato que vai receber até o vencimento.

Por isso, o mercado estima o nível da Selic para os próximos períodos. De que forma?

Hoje a Selic está em +13,75%, mas o mercado já precifica o ciclo de queda das taxas de juros ao longo de 2023.

Ou seja, se o mercado estiver correto a respeito da trajetória da Selic, quem tiver comprado o Tesouro Selic vai render uma taxa média, calculada de hoje até 2025, de +11,81% ao ano.

Por isso a taxa prefixada está em +11,81%. Essa é a taxa que o mercado estima que vai ser a taxa média de retorno até 2025.

Portanto, a taxa do Tesouro Selic é a Selic do período (definida a cada 45 dias pelo Copom), enquanto no Tesouro Prefixado é uma taxa prefixada que está sendo ofertada até o vencimento do título.

Quando investir no prefixado?


Os títulos prefixados valem a pena quando você achar que o mercado está errado em relação à trajetória da Taxa Selic e que, na verdade, a Selic vai ficar abaixo do que o mercado está precificando. Ou seja, a trajetória será menor.

Nesse cenário, se você investir no Tesouro Prefixado e carregar até o vencimento, você vai “ganhar” +11,81%, enquanto quem comprar o Tesouro Selic vai ganhar menos, por exemplo, uma média de 11%.

Ou seja, quem segurou o prefixado ganhou 81 basis a mais, de acordo com o nosso exemplo.

Quando investir no Tesouro Selic?

Os títulos do Tesouro Selic valem a pena quando você achar que o mercado está errado a respeito da trajetória da Selic e que, na verdade, a Selic, na média, vai ficar acima do que o mercado está precificando. Ou seja, essa trajetória será maior.

Mesmo que haja uma queda da Selic, você acredita que irá cair menos do que o que o mercado espera.

Nesse cenário, a média de retorno de quem tiver investido no Tesouro Selic será maior do que a média de retorno de quem comprou um prefixado.

Tesouro IPCA+


Agora que você entendeu que não devemos comparar a taxa de rentabilidade do Tesouro Prefixado e Tesouro Selic, vamos esclarecer as dúvidas sobre o Tesouro IPCA+.

Na tabela do Tesouro Direto, o Tesouro IPCA+ 2026 está rendendo IPCA+5,57%.

Informações sobre o Tesouro IPCA+ 2026 coletadas na terça-feira, 25, às 15h23.
As informações sobre os títulos foram coletadas na terça-feira, 25, às 15h23. Fonte: Tesouro Direto

Suponhamos que nos últimos 12 meses, a inflação esteve muito alta, atingindo, por exemplo, 10%.

Nesse cenário, quem comprar o IPCA+ vai levar a variação da inflação, que é de 10%, mais uma taxa prefixada, no caso de +5,57%.

Ou seja, a remuneração do Tesouro IPCA+ será superior a 15%, certo? Não é bem assim.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é referente à variação dos últimos 12 meses, enquanto o rendimento da parcela atrelada ao IPCA é pós-fixado. Ou seja, se refere à inflação daqui para a frente.

Por que isso é importante? Porque, às vezes, a inflação histórica pode ter tido uma variação muito alta, mas daqui para frente podemos ter um período de deflação, como aconteceu recentemente.

Depois de dois meses consecutivos de deflação, o IPCA-15, a prévia da inflação do mês, referente a outubro, subiu +0,16%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados na terça-feira, 25.

Isso pode acontecer justamente porque o Banco Central atuou durante esse período para desacelerar os preços da economia por meio da sua política monetária.

De forma direta, não adianta comparar a inflação instantânea ou a que anotamos nos últimos 12 meses com a rentabilidade total dos títulos IPCA+.

É preciso pensar na inflação daqui para a frente e aí sim tomar uma decisão.

Então vale ou não vale investir no Tesouro Direto?


Para nós, o Tesouro Direto é um ótimo instrumento que possibilita ter ganhos acima da inflação quando escolhemos o título certo de acordo com o cenário econômico.

“Em nossas carteiras recomendadas, por exemplo, sugerimos um percentual de pós-fixado visando o benefício com a dinâmica da Selic para os próximos períodos, ao mesmo tempo que oferece maior liquidez à carteira para aproveitar boas oportunidades no meio do caminho, além do fato de não sofrer efeitos de marcação a mercado como se tem nos prefixados e IPCA+”, destaca o nosso analista.

Se você ainda tem dúvidas sobre como identificar um bom momento de compra, entre em contato com o nosso time.

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Suzano compra ativos da concorrente americana Kimberly-Clark no Brasil

A Suzano (SUZB3) comprou as operações de papéis de higiene (tissue) da americana Kimberly-Clark no Brasil.

O principal ativo da transação é a fábrica da Kimberly no interior de São Paulo, com capacidade de produção de 130 mil toneladas por ano — o que eleva em 76% a capacidade da Suzano no segmento.

A compra também inclui a propriedade da marca Neve e o licenciamento de suas outras marcas globais que operam no Brasil por um determinado período de tempo.

O valor da transação não foi revelado, mas a Suzano afirmou que o negócio não deve impactar materialmente sua alavancagem.

Participação no mercado nacional


A Kimberly-Clark estava em busca de algo entre US$ 800 milhões e US$ 1 bilhão para se desfazer de suas operações na América Latina em uma só negociação.

Porém, a Suzano concorreu estritamente pelo ativo no Brasil. Com a aquisição, a produtora de celulose e papel eleva em cerca de 20% a participação no mercado nacional.

“Sendo o Brasil o maior mercado do continente, faz sentido a Suzano se concentrar aqui no primeiro momento com o objetivo de se consolidar como um grande player do mercado de tissue. Além disso, a companhia possui florestas e fábricas localmente, o que pode proporcionar ganhos de sinergia e manter suas vantagens competitivas. No futuro, a Suzano poderá expandir seu negócio fora do país”, avalia Fabiano Vaz, analista de ações da Nord Research.

Exposição para a Região Sudeste


O analista ressalta ainda que a aquisição aumenta a musculatura da Suzano na Região Sudeste, maior consumidora de papel higiênico.

“Além de ampliar sua presença nos maiores mercados do Brasil, a Suzano ainda vai quase que dobrar sua capacidade de produção, passando de 170 mil toneladas por ano para 300 mil ton/ano. A competição no Sul e Sudeste é grande e com marcas consolidadas, como a Santher, fabricante das marcas Personal, Sym, Snob e Kiss, que pertence a um grupo japonês e a Softys da chilena CMPC. Com isso, a compra da Kimberly coloca a Suzano no páreo como um player relevante”, aponta Fabiano.

É importante mencionar que a Suzano entrou no mercado de tissue em 2018 e atualmente é mais consolidada no Norte e Nordeste do país.

Pipeline de oportunidades


O movimento da Suzano está em linha com a estratégia anunciada no Investor Day da Suzano. Na ocasião, a empresa destacou oportunidades de crescimento orgânico e inorgânico em papel higiênico.

“Apesar de ser a maior produtora de celulose do mundo, a Suzano há algum tempo colocava o segmento de papel como uma estratégia para reduzir sua exposição à volatilidade da commodity. Adicionalmente, vemos que o segmento de papel da Suzano ainda é pouco representativo, com cerca de 20% da receita total. Com a aquisição, isso tende a mudar”, estima o analista.


Meme do dia


Fonte: The Investor via Twitter / Reprodução

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