Sangria nas bolsas: hora de vender ações?

Pré-mercado de Nova York subia na manhã desta quarta em dia que promete volatilidade aos mercados

Nord Research 15/06/2022 13:00 9 min Atualizado em: 17/06/2022 12:51
Sangria nas bolsas: hora de vender ações?

Nord Insider

Nesta quarta-feira, 15, o pré-mercado de Nova York abre em alta, com investidores aguardando a decisão das taxas de juros nos Estados Unidos e no Brasil, na chamada “Super Quarta”.

Na agenda econômica, as atenções do mercado interno estão voltadas para o Copom. Além disso, sai o Índice IGP-10 de junho e a balança comercial semanal. Nos Estados Unidos, destaque para as vendas no varejo de maio e para a decisão do Fed sobre política monetária.

Principais assuntos de hoje:

  • Como saber a hora de vender uma ação?
  • É hora de comprar ou vender OIBR3?

Sangria nas bolsas: qual o melhor momento para vender ações?


Acompanhando o mau humor visto no exterior, o Ibovespa teve novo dia de queda no mercado. Na terça-feira, 14, o principal índice da bolsa caiu -0,52 por cento, a 102.063 pontos, guiado principalmente pelo receio dos investidores de que os principais bancos centrais ao redor do mundo tenham de agir agressivamente para deter a alta dos preços.  

Super Quarta

Por falar em BCs, nesta quarta-feira, 15, saberemos as decisões sobre os juros no Brasil e nos EUA.

Lá fora, nas últimas semanas, os membros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vinham sinalizando uma alta de 0,50 ponto percentual (50 bps) para a reunião desta quarta. Por outro lado, com o stress do mercado na segunda-feira (13), o mercado passou a precificar uma alta de 0,75 ponto.

A expectativa de aceleração de passo lá fora impactou a nossa curva de juros e o mercado entrou em discussão se o Banco Central brasileiro também poderia dar uma alta de 0,75 ponto na Selic.

Segundo o analista de renda fixa da Nord Research, Christopher Galvão, ambos os BCs ainda encaram um desafio muito grande na tentativa de desacelerar a inflação. No Brasil, apesar de o IPCA de maio (o último) ter vindo abaixo do esperado (+0,47 por cento, ante uma expectativa de +0,60 por cento), os núcleos seguem bem pressionados e a inflação de serviços segue forte, o que dificulta o processo de desaceleração.

Nos EUA, o último dado de inflação ao consumidor, referente a maio, veio com alta de +1,0 por cento, acima das expectativas de +0,7 por cento. Com isso, o acumulado em 12 meses acelerou para +8,6 por cento, o novo maior patamar desde 1981. Ou seja, uma situação nada fácil, o que mostra que o Fed ainda vai ter um longo caminho até levar a inflação para a meta de longo prazo de +2,0 por cento.

No Brasil, o fim de um ciclo?

Nosso analista considera importante ficar de olho na linguagem do comunicado da decisão do Copom. O mercado quer entender se o BC vai falar em parar a alta de juros ou deixar a porta aberta para mais uma alta em agosto, visto que os núcleos continuam bem pressionados.

E nos EUA, os juros vão parar de subir?

O grande debate nos EUA é se o Fed vai realmente acelerar o passo de alta após se mostrar resistente à ideia na reunião anterior. Os olhos do mercado estarão bem atentos a cada fala do Fed, que pode impactar os mercados nesta quarta.

Aversão global ao risco

No entendimento da analista Danielle Lopes, responsável pela carteira Nord Ações, o que está acontecendo no mercado financeiro nos últimos meses é expectativa, todo mundo avesso a risco.

No cenário externo, os investidores reagem ao temor de desaceleração econômica global, junto às incertezas em relação ao conflito na Ucrânia e à alta de juros nos Estados Unidos. No cenário interno, as eleições presidenciais e o risco fiscal têm interferido no desempenho da Bolsa em 2022.

Nossa analista entende que o cenário tem penalizado ótimas empresas, que estão sendo amassadas por medo, fluxo ou desconhecimento, porém é necessário entender o comportamento atual do mercado e o que impacta diretamente nos resultados das companhias.

Quando vender uma ação

Mas é claro que a sua alocação na Bolsa, bem como as escolhas de algumas empresas, podem variar ao longo dos anos.

A depender do ciclo da economia, pode fazer sentido ter mais caixa e aumentar os investimentos em Bolsa somente quando houver mais visibilidade dos resultados das empresas que investimos, ou até mesmo investir em novos cavalos.

Além disso, é importante respeitar seus objetivos financeiros e seu apetite ao risco. Se você ainda não conhece o seu perfil de risco, descubra neste vídeo.

Agora, vamos entender alguns dos principais motivos para se desfazer da posição, segundo nossa analista:

  • A tese se concretizou: se a ação que você tem em carteira entregou os resultados dentro das suas expectativas e não houver mais visibilidade de resultados futuros, é um sinal de que a tese se concretizou e que não faz mais sentido o investimento.
  • Fundamentos mudaram (ou erro de análise): se os critérios fundamentalistas foram alterados, de modo que não justifique o investimento, considere se desfazer do papel. Ou então se você cometeu um erro de análise, assuma o que venha a acontecer e busque novas oportunidades.

    Apesar do prejuízo que você possa vir a ter ao sair de uma posição, entenda que faz parte do jogo. Esses prejuízos poderão ser abatidos dos lucros futuros.
  • Uma oportunidade melhor: pode acontecer de você encontrar uma ótima empresa e querer adicioná-la à sua carteira. Porém, se a concentração em um determinado setor não faz sentido (por exemplo, tem uma exposição alta em “Bancos”), você pode chegar à conclusão que é melhor vender para gerenciar a concentração de recursos da sua carteira.

De acordo com a nossa analista, o mais importante é ter confiança no momento de comprar e a convicção de uma compra bem feita, bem como, no momento de vender, a tranquilidade de que não fazia mais sentido ter aquela empresa na carteira.

Entendendo isso, você terá uma enorme vantagem frente ao mercado.

E agora, José? OIBR3 vale mesmo patamar do pico da Covid-19


As ações de uma empresa que todo pequeno investidor está louco para saber o que fazer é Oi (OIBR3).

Na última segunda-feira, 13, os papéis ordinários ON da companhia recuaram -7,27 por cento, aos 0,51 centavos e na terça-feira, 14, tiveram uma nova queda de -3,92 por cento, negociadas a 0,49 centavos — é o menor patamar desde 2020, quando o coronavírus provocou uma queda generalizada nas bolsas globais.

Em 2022, as ações da OIBR3 acumulam uma queda de -35,5 por cento. Para entender o que está acontecendo com a companhia, é preciso recapitular os últimos acontecimentos.

Participação menor no capital social da V.tal

Na semana passada, a ação da Oi já havia caído após anúncio de fechamento da operação de venda de participação majoritária em sua empresa de fibra ótica, a V.tal, para fundos do BTG Pactual (BPAC11) por cerca de 12,9 bilhões de reais.

Segundo os termos da operação, após todas as etapas do acordo entre o grupo de telecomunicação e o BTG serem vencidas, a Oi ficará com apenas 34,7 por cento do capital social da empresa de estrutura de fibra, percentual bem abaixo do esperado de 42 por cento. Em contrapartida, o BTG aumentará sua participação a 65,28 por cento.

Para Fabiano Vaz, analista responsável pela cobertura do ativo na Nord Research, o ajuste na operação é ruim para a tele, uma vez que a V.tal é o grande trunfo da Nova Oi. As perspectivas de bons resultados e a rentabilidade da unidade de atacado de fibra óptica eram lidas como potenciais ganhos para a Oi no futuro, porém, a partir de agora, isso passou a ser menos relevante.

Todo mundo calmo, ainda tem jogo

Apesar da participação menor no capital social da V.tal, a Oi ainda vai ficar com cerca de 4,5 milhões de clientes da nova empresa, além de taxas menores de contratos de infraestrutura, segundo fato relevante ao mercado.

Dívida da companhia

A renegociação da dívida da Oi com a Anatel também azedou o humor dos investidores, afetando os preços dos papéis.

O acordo desconta 54,99 por cento do valor sobre a dívida, enquanto o mercado esperava descontos de 70 por cento.

Acontece que em 2020, o valor divulgado da dívida era de 14,3 bilhões de reais. Contudo, no final de maio deste ano, o montante reportado pela empresa foi de 20,2 bilhões de reais. Ops! Mais 6 bilhões de reais em passivos.

Nosso analista explica que, de acordo com a Lei das Falências, a Oi tem direito a um desconto de 54,99 por cento sobre a dívida. Aplicando o desconto, o débito total passa a ser de 9,1 bilhões.

Regularização de dívida

A Oi pretende continuar usando o dinheiro  da venda da operação móvel da Oi para a liquidação das dívidas da companhia.

Dos 15,9 bilhões de reais que a Oi receberá pelo negócio, restam o equivalente a 10 por cento do preço da operação a serem pagos.

Além disso, a companhia acumula um caixa financeiro de 6 bilhões de reais provisionados para perdas prováveis.

Recuperação judicial da Oi

Em 7 de junho, o prazo final do processo de recuperação judicial (RJ) da Oi foi novamente adiado e agora não tem data definida para terminar.

A conclusão da recuperação judicial já tinha sido adiada uma vez para o fim de maio deste ano por causa de diligências pendentes.

A companhia precisa cumprir algumas condições para encerrar o processo, entre elas a atualização do quadro geral de credores pelo administrador judicial (escritório Wald Advogados). A entrega dos documentos está agendada para o dia 27 de junho.

De acordo com a fonte de O Globo, o processo deve ser encerrado em breve apesar de  ainda não haver uma data.

É hora de comprar ou vender OIBR3?

Acreditamos no bom crescimento proveniente dos negócios de fibra da empresa e continuamos a valorizar a estratégia de longo prazo da Oi. Mas com o percentual menor na participação da V.tal, a companhia deixará na mesa uma boa parte de todo o potencial de valorização da empresa de estrutura de fibra.

O que resta saber da Nova Oi é se ela será capaz de ao menos compensar essa fatia da V.tal por meio da sua expansão de fibra no varejo.

As atenções dos investidores estarão voltadas para a divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2022 (1T22), prevista para o dia 22 de junho de 2022.

Recomendação: Manter


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