Rússia x Ucrânia: impactos na inflação e na atividade econômica

Petróleo Brent rompe os 130 dólares com conflito e bolsas caem forte na manhã desta segunda-feira, 7

Nord Research 07/03/2022 15:08 11 min
Rússia x Ucrânia: impactos na inflação e na atividade econômica

Nord Insider


Olá, investidor.

Nesta segunda-feira, 7, o pré-mercado de Nova York opera em forte queda com o petróleo avançando a patamares recordes. O tipo Brent, referência para a Petrobras (PETR4), tocou 139 dólares durante a madrugada. A pouco, o petróleo Brent subia mais de +8 por cento, enquanto o WTI avançava +7,5 por cento.

Na agenda econômica, destaque para o Relatório Focus com as projeções do mercado para a economia brasileira.


Rússia x Ucrânia: os impactos nas taxas de juros

Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, os preços globais das commodities dispararam, expondo o mercado global aos riscos da cadeia de suprimentos. A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, responsável por 11 por cento da produção global, além de ser o fornecedor de quase 40 por cento do gás natural consumido pela Europa. Já a Ucrânia é um importante exportador de metais não ferrosos e produtos agrícolas.

Nesse contexto, se a tensão geopolítica continuar aumentando, podemos esperar efeitos profundos sobre a oferta global de energia, metais e agrícolas aliada a uma potencial inflação maior (e mais persistente) no mundo.

Vale ressaltar que as sanções econômicas impostas pelos EUA e países europeus sobre a Rússia como expulsão do sistema de comunicação financeira SWIFT – afetando sobretudo bancos e oligarcas russos – dificultam as relações comerciais do país liderado por Vladimir Putin com o exterior. Muitos países europeus exportam centenas de milhões de dólares em produtos manufaturados para os russos. Nesse sentido, é inegável o peso da Rússia na comercialização de produtos centrais.

A relação do petróleo x inflação

Com a guerra na Ucrânia, o preço do barril do petróleo rompeu nesta segunda-feira, 7, a casa dos 130 dólares devido às preocupações de que as sanções prejudiquem o fornecimento de energia para o restante do mundo.

Mesmo antes da invasão russa, a oferta mundial de petróleo já não conseguia acompanhar a demanda na retomada da atividade econômica  – motivo pelo qual os derivados do petróleo já estavam entre os principais responsáveis pela escalada da inflação do Brasil.

Para deixar o cenário ainda mais complicado, a defasagem entre os preços cobrados pela Petrobras (PETR4) e os das principais bolsas de negociação do mundo chegou a cerca de 27 por cento. Com isso, a pressão aumenta sobre se a estatal vai repassar integralmente a alta do petróleo para os seus clientes.

Pensando na pressão impopular que teria um aumento do preço da gasolina, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse na quinta-feira, 3, que a Petrobras sabe "da sua responsabilidade" e sugeriu que, diante de um momento de crise, a estatal diminua sua margem de lucro e mantenha os preços dos combustíveis nos patamares atuais.

Apesar de ser uma medida popular, ou seja, em comum com os interesses da população, isso não deixa de ser um problema gigante para a petroleira e seus investidores.

Grãos em alta

Os mercados de fertilizantes também passam por uma escalada significativa de preços em meio aos conflitos. Como o gás está caro, o custo de produção dos fertilizantes, insumo central para boa parte das plantações no mundo todo, inclusive no Brasil, também está subindo.

Em um pronunciamento para tranquilizar a população e produtores rurais sobre a disponibilidade de fertilizantes no país, a ministra da agricultura, Tereza Cristina, disse na quarta-feira, 2, que o Brasil tem fertilizantes suficientes para o plantio até outubro e que o governo já trabalha em busca de novos parceiros para o caso de diminuir o recebimento de fertilizantes da Rússia e da Bielorrusia, dois dos principais fornecedores do produto ao Brasil.

Vale ressaltar também que se o conflito entre Rússia e Ucrânia se prolongar, o fornecimento de commodities como petróleo, gás natural, milho e trigo pode ficar fortemente comprometido, provocando um desabastecimento no mercado brasileiro e internacional.

Salto das commodities amplia desafios para o BC

Nossa analista de renda fixa e sócia-fundadora da Nord Research, Marilia Fontes, disse que o aumento da tensão no Leste Europeu fez com que as expectativas para a inflação no Brasil e no mundo fossem automaticamente revisadas para cima. Com isso, as taxas de juros para conter a inflação também foram puxadas para cima.

No entendimento da nossa analista, o atual cenário coloca em xeque as projeções para a Selic indo para +12,5 por cento ao ano no fim de 2022 e depois para 8 por cento no fim de 2023, conforme o Relatório Focus.

Na última semana, a disparada das taxas futuras levou a curva de juros a sinalizar a Selic em 13,5 por cento ao ano, nível bem acima do indicado pelo consenso do mercado, e depois caindo para cerca de 11,5 por cento em 2023.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA também avançou por conta do aumento dos preços das commodities e isso pode forçar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a adotar um aumento de taxa de juros mais relevante no país, que já enfrenta a inflação na máxima de 40 anos. Em declarações recentes, o presidente do Fed, Jerome Powell, se mostrou bem certo que em março vai subir mesmo os juros em 0,25 ponto, podendo ser mais agressivo caso necessário.

Como proteger seu dinheiro com os juros em alta

Tendo em mente que o juros e a inflação podem continuar aumentando, Marilia Fontes recomenda muito cuidado com os títulos prefixados e indexados à inflação porque esses dois títulos sofrem marcação a mercado. Se as taxas de mercado subirem e, eventualmente, você precisar resgatar esse título antes do vencimento, você poderá ter prejuízo. Além disso, quanto mais longo o vencimento desses títulos, menor é a chance de conseguir carregá-los até o vencimento. Logo, agora não é o momento dos prefixados e indexados longos.

Neste momento, é fundamental escolher o título certo de acordo com o momento macroeconômico. Então, qual título comprar?

Nossa analista esclarece que existem opções de títulos que se beneficiam desse cenário de aumento das taxas de juros, inclusive temos títulos de crédito privado que além de render a Selic ou CDI, você ainda consegue ganhar um pouco mais e ainda é isento de imposto de renda.

Essas recomendações estão dentro da série Renda Fixa Pro, que além de mostrar  os melhores produtos disponíveis, diz também o momento certo para comprar e vender com transparência e agilidade.


Puxado por serviços e indústria, PIB brasileiro cresceu +4,6 por cento em 2021

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu +4,6 por cento em 2021, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira, 4.

O analista de renda fixa da Nord Research, Christopher Galvão, disse que a alta taxa veio em razão da base de comparação fraca. Em 2020, tivemos um ano de forte queda do PIB por causa da pandemia de Covid-19, que caiu -3,9 por cento. Por isso, é necessário cautela sobre o que esperar para a economia este ano, pois a atividade não vai crescer novamente nesse patamar.

O que puxou a alta

O crescimento da economia em 2021 foi puxado pelas altas nos serviços (+4,7 por cento) e na indústria (+4,5 por cento), que juntos representam 90 por cento do PIB do país. Por outro lado, a agropecuária teve queda de -0,2 por cento.

Do lado da demanda, o consumo das famílias cresceu +3,6 por cento e os gastos do governo avançaram +2 por cento.

Mesmo superando as perdas de 2020, a projeção de crescimento do PIB em 2022 é de apenas +0,30 por cento, segundo o Relatório Focus. Analistas de mercado alertam ainda para um cenário de estagflação. Ou seja, crescimento perto do zero e inflação ainda elevada.


OIBR1: subscrição disponível; vale a pena participar?

A empresa OI S.A. está realizando um evento de subscrição do ativo OIBR3. Segundo a companhia, o aumento de capital total será de 4,6 milhões de reais. Os acionistas poderão negociar os direitos entre 02/03/2022 e 28/03/2022.

Ainda segundo o documento divulgado, haverá na operação o direito de preferência dos atuais acionistas da Oi na subscrição das ações. Cada 1 (uma) ação, OIBR3 ou OIBR4, conferirá o direito de subscrição de 0,0008086483 nova ação ordinária de emissão da Companhia no âmbito do aumento de capital.

Vale a pena participar?

A quantidade total da emissão é de 4.813.368 milhões de novas ações da Oi, ao preço de 0,95 centavos cada — superior à cotação atual. De acordo com o analista Fabiano Vaz, com base na cotação dos papéis, não vale a pena exercer o direito. No entanto, o nosso analista cita que o acionista pode vender o direito ou não fazer nada. O valor de negociação para OIBR1 está em 0,81 centavos.

A liquidação financeira ocorrerá no dia 31/03/2022.

O que mais é importante?


Parte II - A estratégia da Alaska e o mito de Magazine Luiza

Na sexta-feira, 4, publicamos aqui a primeira parte de uma análise elaborada pelo analista de fundos, Luiz Felippo, sobre como avaliar a performance de um fundo de investimentos.

Hoje trouxemos a segunda parte desse estudo sob a perspectiva da estratégia usada pela gestora Alaska Asset Management para analisar ações.

O conteúdo a seguir não possui qualquer relação com a Alaska Black BDR, onde existem posições de juros e moedas.

Na visão do nosso analista, na estratégia da gestora, a taxa interna de retorno, ou seja, qual o retorno médio anualizado de cada posição de acordo com os modelos deles, tem um papel importante. Isso sempre pautou as decisões lá dentro. Inclusive, em todas as interações do Luiz com a Alaska, esse foi um dos fiéis da balança.

A gestora de fundos Alaska sempre foi rotulada pelos investidores como aquela que acertou o case de Magazine Luiza. É por isso que, por muito tempo, Magazine Luiza chegou a figurar entre as principais posições do fundo. Tinha uma posição acima de 15 por cento e chegaram a ter 24 por cento.

Logo, os investidores podem ter a impressão de que o fundo é somente formado por um único ganho em Magazine Luiza.

Na verdade, é um engano pensar dessa forma.

No entendimento do nosso analista, o investidor nunca pode apostar em um gestor que tem apenas um case de sucesso — até porque ele pode não se repetir. É por isso que, quando o Luiz, na série Nord Fundos, olhou para o Alaska, em fevereiro de 2019, também olhou para a atribuição de performance do fundo.

Ainda que Magazine contribua de forma significativa, a empresa está longe de dominar 90 por cento do resultado do fundo, ficando mais em torno de 50 por cento. Aqui ficou claro que o fundo é muito mais do que Magazine Luiza.

É assim que o investidor descobre se um gestor é herdeiro de um único caso de investimento ou se ele possui um processo de investimento robusto o suficiente para encontrar oportunidades de investimento em outros papéis.

Definitivamente não é o que o histórico de investimento diz.

Outro ponto importante, na visão do nosso analista, diz respeito à confiança. Não ter confiança no gestor destrói o retorno dos cotistas.

A Alaska teve uma das maiores ascensões de base de cotistas já vistas. Saíram do anonimato para terem quase 200 mil cotistas.

Nesse meio do caminho, 114 mil pessoas entraram no fundo e saíram, com 30 por cento resgatando com algum prejuízo. Ou seja, 34 mil pessoas conseguiram perder dinheiro mesmo com o fundo tendo um retorno anualizado de 21,83 por cento ao ano, enquanto o Ibovespa ofereceu 10,16 por cento ao ano.

Fonte: Bloomberg

A questão é: como alguém pode perder dinheiro com um fundo que gerou tantas alegrias?

A resposta fica clara quando olhamos para a permanência no fundo. Cerca de 50 por cento dos resgates ocorrem em até 1 ano da aplicação, enquanto 90 por cento dos resgates não duram 2 anos.

Isso é grave e também é a prova empírica que mostra como o Behavioral Gap destrói o retorno dos cotistas.  

O cotista que resgata as suas cotas quando o gestor vai mal por um desconforto com a performance de curto prazo nunca vai enriquecer no mercado.

Para você, que leu até aqui, caso precise de ajuda para investir em Fundos de Investimento, conte com a ajuda profissional do Luiz Felippo, analista responsável pelo Nord Fundos.

O sucesso no mundo dos fundos de investimento não está só em escolher bons gestores, mas também em ter o conforto psicológico de se manter investido. E, para isso, é fundamental entender cada tese antes de investir.


Relevante agora

Módulo 2 - Como fazer uma renda extra?

Está liberada a segunda aula da Danielle Lopes, analista da Nord Research, com as melhores dicas para ter uma renda extra e colocar em prática suas metas de investimentos, reserva de emergência ou mesmo acelerar o pagamento de dívidas.

E vamos te dizer que já vimos pessoas fazendo uma grana absurda com essas dicas. Então preste atenção no vídeo e comece a colocá-las em prática! Acesse agora.


Meme do dia


Agenda econômica dos EUA nesta semana.

Tópicos Relacionados

Compartilhar