Risco fiscal volta ao radar no Brasil, com inflação e juros em alta

Pré-mercado de Nova York opera em alta nesta manhã, contrariando o tombo das bolsas europeias

Nord Research 15/03/2022 13:44 8 min
Risco fiscal volta ao radar no Brasil, com inflação e juros em alta

Nord Insider

Olá, investidor.

Nesta terça-feira, 15, o pré-mercado de Nova York opera em alta nesta manhã, contrariando o tombo das bolsas na Europa. O mercado segue à espera da decisão do Federal Reserve, o banco central americano, que deve elevar os juros na quarta, 16, pela primeira vez desde 2018.

As negociações entre russos e ucranianos também são monitoradas pelo mercado, mas uma solução ainda parece distante.

Na agenda econômica, os investidores acompanham o primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária, Copom, do Banco Central, que começará às 11h. Nos Estados Unidos, destaque para a divulgação do Índice de Preços ao Produtor, IPP, de fevereiro.


Bolsas da Ásia caem com guerra na Ucrânia e aumento de casos de Covid-19 na China

Um novo surto de coronavírus na China derrubou as bolsas asiáticas nesta terça-feira, 15, elevando as preocupações quanto às interrupções na cadeia global de suprimentos.

O índice Hang Seng de Hong Kong permanece em território negativo, caindo -3,8 por cento após uma queda de quase -5 por cento na segunda, 14.

Paralelamente, os investidores também seguem preocupados com a guerra na Ucrânia e com o primeiro aumento da taxa de juros dos EUA em três anos, que pode ocorrer nesta semana.

Petróleo em queda

Durante a sessão asiática, o petróleo dos EUA caiu mais -2,54 por cento, para 100,44 dólares o barril. O petróleo Brent, referência mundial para o valor da matéria-prima, caiu -2,27 por cento, para 104,42 dólares por barril.

Novos casos no país

Para frear a nova onda de contaminações por Covid-19, o governo chinês informou nesta terça que desviou 106 voos internacionais que estavam programados para aterrissar em Xangai entre 21 de março e 1º de maio.

O governo de lá proibiu sua população de 24,1 milhões de viajar dentro e fora da província.

Este é o maior surto em dois anos no país, desde que a doença foi identificada em Wuhan, no início de 2020.


Em semana de Copom, mercado projeta inflação mais alta


A expectativa do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022 subiu de +5,65 por cento para +6,45 por cento, de acordo com o Relatório Focus. Para 2023, a projeção para a inflação avançou de +3,51 por cento para +3,70 por cento (meta é de +3,25 por cento). Para 2024, saiu de +3,10 por cento para +3,15 por cento (meta é de +3 por cento).

Essa forte alta das expectativas está relacionada principalmente aos reajustes dos preços da gasolina e diesel anunciados pela Petrobras. Além disso, o resultado qualitativamente ruim do IPCA de fevereiro também deve ter sido levado em consideração pelo mercado.

Como consequência das maiores projeções de inflação, os economistas do Focus também elevaram as expectativas para a taxa básica de juros (Selic), de +12,25 por cento para +12,75 por cento em 2022, de +8,25 por cento para +8,75 por cento em 2023 e de +7,38 por cento  para +7,50 por cento em 2024.

O analista Christopher Galvão, da série Renda Fixa Pro, destaca que o mercado precifica uma alta de 100 basis points (bps) da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de quarta-feira, 16, mas visto o cenário difícil para o BC em controlar as expectativas do mercado, uma alta de 125 bps não está totalmente descartada.

O nosso analista também acredita que será interessante para o mercado observar o quão duro o Banco Central (BC) será em sua abordagem a todas essas questões de elevação dos preços dos combustíveis, tensões no mercado internacional e projeções do mercado no Focus, visto que, no nosso entendimento, a autoridade monetária terá que sinalizar um comprometimento com o controle da inflação.

Caso as estimativas do Focus continuem subindo, a tarefa do BC de cumprir com as metas fica ainda mais complicada, o que se torna um ponto de atenção. Se o BC permitir que a inflação fique muito distante das metas por vários anos seguidos, isso pode acabar afetando o seu grau de credibilidade na condução da política monetária.

O Relatório Focus trouxe ainda que a mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia brasileira em 2022 voltou a subir, de +0,42 por cento para +0,49 por cento, mas foi acompanhada por uma redução nas projeções para o PIB de 2023, de +1,50 por cento para +1,43 por cento.

O que mais importa?


Vibra Energia: como o reajuste de preços afeta as distribuidoras de combustível

O reajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras (PETR4) na última quinta, 10, aumentou ou deve aumentar os preços das passagens de avião, corridas por app (Uber e 99) e os custos de praticamente tudo que é transportado por caminhão no Brasil.  

Entenda: a estatal repassou a defasagem no preço do litro da gasolina no Brasil e elevou em 18,8 por cento o preço médio de venda da gasolina nas refinarias e em 24,9 por cento o litro do diesel.

Nos postos de combustíveis, foram repassados os novos valores para o consumidor, o que gerou uma corrida para o reabastecimento.

Nas distribuidoras de combustíveis, tal medida teve efeito positivo por aumentar o valor do estoque que tinham, o que traz ganhos pontuais para essas empresas, contudo não é algo game changer, como explica o analista Guilherme Tiglia, da série Nord Dividendos.

Vale ressaltar que a magnitude do repasse para o consumidor depende de distribuidores e revendedores.

Por outro lado, uma elevação forte do preço dos combustíveis pode causar uma diminuição da demanda por parte da população, o que poderia prejudicar a rentabilidade da empresa, tendo em vista que é um negócio que precisa de volume.

Perspectivas para Vibra

Na próxima semana, a Vibra Energia (VBBR3), antiga BR Distribuidora, divulgará os resultados do 4T21.

O nosso analista disse que, apesar desse aumento ter acontecido no 1T22, portanto não impacta os números que serão divulgados agora, será interessante para os investidores ouvirem o que o management da empresa vai falar sobre o tema e sobre as perspectivas de crescimentos dos novos negócios, em especial as iniciativas no setor elétrico.


Tenda derrete e outras construtoras derrapam junto

A Tenda (TEND3) apresentou um prejuízo líquido de 268,5 milhões de reais no quarto trimestre de 2021, um recuo de -473,2 por cento em relação ao mesmo trimestre do ano anterior; EBITDA ajustado negativo em 217 milhões de reais, e queda de 25 por cento na receita, que ficou em 517 milhões de reais.

Com o desempenho classificado como “muito negativo” e “para esquecer” pelos analistas, as ações da incorporadora derrapam mais de -30 por cento até agora, levando junto as ações da MRV (MRVE3), que também foca na baixa renda e reporta na semana que vem.

O analista André Zonaro, da série Nord Small Caps, apontou que, a depender do desenrolar da guerra na Leste Europeu, a pressão inflacionária pode continuar por meio dos preços de insumos como aço e alumínio, porém é difícil avaliar o impacto exato que o conflito ucraniano terá sobre o preço desses itens.

Na visão do nosso analista, será preciso que as construtoras façam um bom dever de casa para repassar a inflação de modo a retornar a margem das companhias para níveis mais normais. No entanto, repassar preços pode levar ao risco de diminuição de demanda.

No setor, ainda temos a construtora e incorporadora Mitre (MTRE3) que, quando comparada a Tenda, parece apresentar resultados mais controlados frente ao mesmo contexto de deterioração de cenário.

No nosso entendimento, apesar do programa Casa Verde e Amarela ser mais resiliente que construção para classes sociais mais altas, o poder de repasse é muito menor, o que é um problema em cenários de inflação mais elevada.

Apesar do mercado batendo nas cotações de incorporadoras de maneira geral, vemos que existem diferenças relevantes no que cada construtora está conseguindo entregar.

Tendo isso em mente, é importante sempre acompanhar as principais movimentações do mercado e estar atento aos fundamentos de cada empresa individualmente.


Relevante agora

HGPO11 pode mudar distribuição de lucros aos cotistas; entenda


O FII CSHG Prime Offices (HGPO11) apresentou, recentemente, uma proposta da administradora a ser submetida à Assembleia Geral Extraordinária (“AGE”) para alterar a forma de cálculo da taxa de administração, que mudaria de 0,625 por cento a.a. sobre o valor de mercado do Fundo para:

(i) 8,30 por cento sobre a totalidade das receitas brutas de locação auferidas;

(ii) 0,30 por cento sobre as receitas brutas de venda dos imóveis do Portfólio Alvo; e

(iii) 20 por cento sobre as receitas brutas de venda dos imóveis do Portfólio Alvo, que excederem 485.600.500,00 milhões de reais, atualizado pelo IPCA a partir de março de 2022.

O especialista em fundos imobiliários, Marx Gonçalves, da série Nord FIIs, compreende que, na prática, caso a matéria seja aprovada (ultrapassando o quórum mínimo de 25 por cento das cotas), haveria uma redução do lucro a ser distribuído aos cotistas em caso de venda dos imóveis.

Nosso analista disse ainda que a proposta feita pela administradora do Fundo não faz sentido, visto que o HGPO é um fundo passivo e, como tal, não deveria cobrar dos cotistas qualquer custo relacionado à venda de imóveis do portfólio.

Esclarecemos que essa é a nossa leitura sobre a proposta e que não direcionamos votos de assinantes em assembleias.

Todos os cotistas podem participar online da assembleia. Para isso, é preciso solicitar no endereço de e-mail [email protected] o modelo de voto eletrônico ou de procuração, abrangendo as possíveis opções de deliberação, de forma a viabilizar o exercício do seu direito de voto.


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