Resumo semanal: Risco fiscal; Declínio de commodities; Selic e variante Delta

Nord Research 18/09/2021 13:00 5 min
Resumo semanal: Risco fiscal; Declínio de commodities; Selic e variante Delta

Desafios fiscais e as pressões inflacionárias preocupam no cenário doméstico

Nord Insider

Nesta semana, navegamos por águas bastante turbulentas e com volatilidade nos mercados.

O analista financeiro Christopher Galvão, também responsável pelo Nord Renda Fixa, avalia que, no cenário doméstico, estão no radar dos investidores os desafios fiscais, o aumento do IOF anunciado pelo governo, as quedas nas projeções de crescimento da atividade para o ano que vem, além da dinâmica recente dos preços do minério de ferro.

No cenário internacional, o Cesar Crivelli, analista responsável pelo Nord Global, explica que as preocupações se mantêm com a recuperação da economia global, diante das incertezas e desafios impostos pela variante Delta do coronavírus.

Nos Estados Unidos, tivemos uma leitura mista dos indicadores econômicos durante esta semana, com as vendas no varejo surpreendendo positivamente mediante uma leitura acima do esperado pelo mercado; enquanto a inflação ao consumidor ficou dentro das expectativas dos economistas. Mesmo assim, os principais índices do mercado de ações fecharam a semana com retorno negativo.

Nos mercados asiáticos, os investidores acompanham a queda nas commodities, principalmente do minério de ferro na China e também a questão da construtura Evergrande, que surpreendeu o mercado indicando que não fará o pagamento do juros de sua dívida em mais de 300 bilhões de dólares nas próximas semanas, trazendo assim uma apreensão ao mercado quanto ao futuro do segmento imobiliário no país.

Confira as principais notícias publicadas na semana de 13 a 17 de setembro.

Boletim Focus


Na segunda-feira (13), os mercados elevaram as preocupações com a inflação em 2021, que atingiu 8 por cento, segundo o Boletim Focus do Banco Central. É a primeira vez no ano que as estimativas do mercado atingiram esse patamar.

Reunião sobre preço



Na terça-feira (14), o destaque ficou por conta da convocação feita pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para debater a responsabilidade da Petrobras (PETR3; PETR4) nos preços dos combustíveis e do gás de cozinha. Após as declarações de Lira, as ações da Petrobras abriram o pregão em queda de mais de 1 por cento, encerrando com um recuo de -1,33 por cento para PETR4 e -0,74 por cento para PETR3.

Cenário macroeconômico



Outro fato que chamou a atenção dos investidores foi a declaração do presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Roberto Campos Neto, sobre a taxa básica de juros (Selic) que, segundo ele, deve manter o ritmo atual de elevação para garantir o controle da inflação no país.

Sobre esse ponto, a especialista em macroeconomia da Nord, Marilia Fontes, explica que os recentes choques em alimento, os choques de combustíveis e gás, que são mais derivados do câmbio, e os choques da crise hídrica estão aumentando a inflação no país, e esse aumento está levando o mercado a precificar a Selic para cima.

Como consequência, temos uma queda na expectativa de atividade futura, revisando a nossa atividade econômica para baixo. Quando o Banco Central ataca o choque econômico por meio da Selic, ele desaquece muito a atividade econômica, entende?

Resumindo, a Marilia entende que esse cenário econômico é bastante ruim porque é cenário de inflação alta, mas com crescimento baixo. Então, o Banco Central precisa tomar muito cuidado ao se basear em choques para aumentar a Selic porque isso gera um crescimento muito baixo para o país.

Queda do minério


Já na quarta-feira (15), um dos assuntos mais comentados foi a queda do minério, que atingiu sua menor cotação. Os futuros do minério de ferro registraram a quinta queda consecutiva, atingindo a menor cotação deste ano como reflexo das restrições à produção de aço da China.

Sobre essa forte queda, o nosso analista de ações Fabiano Vaz comentou que nas últimas semanas os papéis da Vale (VALE3) têm acompanhado a queda da commodity, contudo a tendência é que a companhia continue entregando bons resultados mesmo nesse patamar de preço.


Novas alíquotas de IOF e câmbio



Na quinta-feira à noite (16), houve um decreto presidencial que elevou as alíquotas dos Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro para pessoas jurídicas e físicas, com o intuito de cobrir as despesas com o novo programa Bolsa Família, também conhecido como Auxílio Brasil até o final deste ano.

Segundo o governo, as mudanças valerão no período entre 20 de setembro de 2021 e 31 de dezembro de 2021, permitindo uma arrecadação adicional estimada em 2,14 bilhões de reais.


Em relação às novas alíquotas para IOF, o nosso analista internacional Cesar Crivelli entende que isso não deve gerar impacto sobre a taxa cobrada para câmbio, apenas para operações de crédito, conforme destaca o Decreto Nº 10.797, de 16 de setembro de 2021.

Cesar afirma que pode ser que exista algum impacto no mercado para operações de crédito em dólares, como linhas de financiamento, por exemplo, mas isso não cabe ao envio de recursos ao exterior. A princípio, tudo continua como estava.



Remuneração aos investidores



Na sexta-feira (17), caminhando para o final de semana, tivemos uma agenda econômica amena e o Ibovespa renovando a mínima em seis meses com risco fiscal e declínio de commodities.

Entre as empresas que anunciaram o pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP), estão a Telefônica Brasil (VIVT3), que informou ter destinado o montante bruto de 600 milhões de reais relativo ao exercício social de 2021, sendo o valor bruto de 0,35728 reais por ação. O crédito dos JCP será realizado com base na posição acionária até o dia 30 de setembro.

A varejista Lojas Renner (#LREN3) também aprovou a remuneração de 114,4 milhões de reais em JCP, ou seja, 0,127 reais por ação. Segundo o documento, a partir de 21 de setembro, as ações passam a ser negociadas “ex-JCPs”.


Errata

Erramos, Nordeiro



Na news de ontem (17) nos equivocamos em relação à data de pagamento dos dividendos de Vale (VALE3). Pedimos sinceras desculpas. O pagamento de 40,2 bilhões de reais em dividendos será realizado em 30 de setembro no valor de 8,108316476 reais por ação.

O dia 23 de setembro será a “data-ex” da distribuição, ou seja, quem comprar ações da Vale a partir desse dia não terá mais direito a receber os dividendos.

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