Por que Fleury e Hermes Pardini estão juntando os microscópios?

Bolsas internacionais operam em queda nesta sexta antes da divulgação do PMI nos EUA

Nord Research 01/07/2022 12:57 7 min
Por que Fleury e Hermes Pardini estão juntando os microscópios?

Nord Insider


Nesta sexta-feira, dia 1º, o pré-mercado de Nova York abre no campo negativo, uma vez que os mercados continuam preocupados com uma possível recessão global. O temor é de que a economia pague o preço à medida que os bancos centrais elevam os juros para conter a inflação.

Na agenda econômica, saem os dados do Índice de Confiança Empresarial referentes a junho e o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal, IPC-S, referente ao período entre os dias 18 e 25 de junho. Ainda no mercado doméstico, teremos a divulgação do Índice de Gerentes de Compras industrial de junho e os dados mensais da balança comercial brasileira. Nos Estados Unidos, serão divulgados o PMI ISM industrial e o índice ISM de emprego manufatureiro, ambos os dados referentes a junho.

Principais assuntos de hoje:

  • Fleury compra Hermes Pardini;
  • Os 5 BDRs que mais subiram e caíram em 2022.

Fleury e Hermes Pardini acertam fusão e criam gigante

Em meio a uma forte onda de consolidação no setor de saúde, com a compra da SulAmérica pela Rede D'Or (RDOR3) e a fusão entre Hapvida (HAPV3) e Grupo NotreDame Intermédica, agora chegou a vez dos grupos Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3) juntarem seus microscópios.

As duas empresas assinaram um acordo tendo como objetivo a combinação de seus negócios e bases acionárias.

O mercado financeiro seguiu em euforia com a notícia. Após o anúncio de fusão, as ações do Hermes Pardini dispararam 21,31 por cento, enquanto os papéis do Fleury saltaram 14,96 por cento.

Prêmio aos acionistas de Hermes Pardini

De acordo com os termos da operação, o Fleury vai incorporar todas as ações do Hermes Pardini pagando 2,1541 reais em dinheiro e mais 1,2135 ação de Fleury por ação do Pardini.

A transação implica um prêmio de 14 por cento sobre o fechamento de PARD3 na quinta-feira, 30.

Entendendo o racional da transação

O negócio é positivo, na visão da analista Danielle Lopes, citando sinergias entre as operações. As duas empresas do setor de saúde atuam fortemente em análises clínicas, com destaque para Pardini que oferece amplo know-how nesse segmento. É importante mencionar que Fleury é uma empresa consolidada e tem um segmento bastante definido, que é o premium, direcionado às classes A e B.

As companhias estimam que a combinação dos negócios vai aumentar o Ebitda da nova companhia em 160 milhões de reais.

Dessa forma, nossa analista aponta para um ganho imediato em torno de 15 a 20 por cento no Ebitda com a união das operações e redução de custos.

O maior desafio: fit cultural

O maior desafio, entretanto, seria a aderência cultural entre as empresas, na nossa visão. Fundir duas culturas muito diferentes não é fácil de acontecer. Além disso, precisamos aguardar como as duas companhias farão o ajuste de estrutura operacional.

Juntas, elas somam 487 unidades de atendimento em 13 dos principais polos econômicos do país e 6,6 mil clientes lab-to-lab distribuídos por grande parte do território nacional.

Nossa analista destaca também que a governança da nova companhia terá que acertar os rumos após a fusão e achar uma convivência produtiva entre os sócios: a Bradesco Seguros, os médicos do Fleury e os irmãos Pardini.

Pardini ainda viverá

De acordo com as empresas, o Hermes Pardini continuará usando sua marca por pelo menos 10 anos após a fusão, com possibilidade de expansão a novas unidades — apesar de ficarem agora sob a holding Fleury.

Fusão ainda depende de aprovações

A conclusão dessa operação ainda deverá ser aprovada pelos acionistas de ambas as companhias em suas respectivas assembleias gerais e pelo órgão antitruste Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Caso os acionistas de alguma das companhias não aprovem o negócio, haverá o pagamento de multa de 250 milhões de reais pela empresa em questão.

Dessa forma, acreditamos que há grandes chances de o negócio ser aprovado.

Os 5 BDRs que mais subiram e caíram em 2022

O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o segundo trimestre com uma queda acumulada em -17,88 por cento. O Índice de BDRs (BDRX) também aponta para um desempenho negativo, ao apresentar uma queda em cerca de -10,27 por cento de abril a junho deste ano.

Um dos motivos para o recuo do Ibov no segundo trimestre, após um primeiro trimestre positivo, é o ambiente de inflação significativamente pressionada. Tanto a Europa quanto os Estados Unidos registram os maiores índices de preços em décadas, que têm levado ao aperto da política monetária em diversos países.

Com investidores globais cada vez mais preocupados com os juros subindo e maiores riscos de uma recessão econômica nos Estados Unidos, os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que são recibos de ações de empresas estrangeiras negociados na bolsa brasileira, acabaram sofrendo junto aos mercados globais, esclarece o analista internacional da Nord Research, Cesar Crivelli.

Outro ponto abordado pelo analista é o de que o atual momento não é bom para essa classe de ativos, mas isso representa um bom ponto de entrada, ou seja, uma oportunidade.

As maiores altas do Ibovespa

Nos seis primeiros meses deste ano, as companhias com negócios no setor de óleo, gás e mineração chamaram a atenção dos investidores e estão entre as maiores altas entre os recibos de depósitos de ações estrangeiras (BDRs) negociados na B3.

As maiores quedas do Ibovespa


Na outra ponta do ranking, os cinco BDRs com piores desempenhos na bolsa são de empresas ligadas ao setor de tecnologia, afetadas pelo ambiente de inflação elevada e juros em alta, conforme falamos anteriormente.


O que esperar dos BDRs no segundo trimestre?

Entendendo que no curto prazo o tema geopolítico deverá manter a incerteza e a aversão a risco por parte dos investidores, convidamos o nosso analista a compartilhar quais seriam as temáticas de investimentos mais interessantes para quem busca diversificação internacional.

Commodities

A nosso ver, a grande maioria dos ativos atrelados ao segmento de commodities já precifica um cenário muito positivo para os preços futuros desses insumos básicos. Por isso, somos reticentes em possuir posições atreladas a commodities neste momento. Todavia, em um eventual momento de pânico dos mercados, no caso de uma venda massificada, desprovida de fundamentos, motivada apenas por fluxo, poderemos ter uma janela de oportunidade para comprar ativos ou empresas ligados a esse setor.

Tecnologia

Por outro lado, acreditamos que as grandes tendências mundiais, já presentes antes da pandemia, ainda permanecem como boas temáticas de investimento, sendo que alguns tiveram crescimento e desenvolvimento intensificados por conta da Covid-19.

Nesse sentido, vemos que grandes empresas ligadas ao setor de tecnologia ainda devem seguir se desenvolvendo e permanecer como pontos-chaves do crescimento mundial.

Nesse segmento, gostamos de Amazon (AMZO34) e Netflix (NFLX34) nos Estados Unidos.

Além disso, acreditamos que apesar dos riscos inerentes ao país, o ETF XINA11 pode ser uma boa oportunidade para se expor às maiores empresas de tecnologia da China, cujo crescimento econômico ainda é forte.

BDRs ou comprar ações no exterior?

Segundo o nosso analista, por conta da característica do mercado de ações nos Estados Unidos, mesmo o pequeno investidor pode iniciar seus investimentos diretamente no exterior.

Hoje é possível abrir uma conta de investimento lá fora em poucos minutos, além do que, o envio de recursos pode ser realizado por meio das próprias entidades intermediadoras, como a Avenue, Banco Inter e XP Investimentos.

Com poucos dólares na conta o pequeno investidor já consegue comprar pequenas frações de ações das maiores e melhores empresas do mundo, pois o mercado norte-americano possui essa característica.

Como funciona a tributação dos BDRs?

Além disso, nosso analista reforça a vantagem tributária dada aos pequenos investidores quando o assunto é o investimento diretamente no exterior, em comparação aos BDRs.

Segundo a legislação atual, as vendas de até 35 mil reais por mês, nas quais exista ganho de capital, são isentas do pagamento de imposto de renda, enquanto a legislação aplicada aos BDRs não dá ao pequeno investidor vantagem alguma nesse sentido — é o famoso “ganhou, pagou”.

Divisão do patrimônio em BDRs

Agora que você já sabe em quais instituições financeiras alocar recursos, precisa levar em conta a divisão do patrimônio a ser aplicado em BDRs.

Para aqueles investidores que ainda assim preferem o investimento em BDRs, nossa sugestão é de que a alocação em ativos internacionais seja entre 10 por cento e 20 por cento da carteira, para que o benefício da diversificação e exposição cambial seja efetivo no portfólio.


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