Perspectivas para o 2º semestre de 2022

Sessão deve ser marcada por uma menor liquidez nos mercados devido o feriado da Independência nos EUA

Nord Research 04/07/2022 15:11 6 min
Perspectivas para o 2º semestre de 2022

Nord Insider


Nesta segunda-feira, 4, os mercados em Nova York estão fechados por conta do feriado da Independência. Já os índices futuros de Nova York operam em baixa, com os investidores preocupados com uma potencial recessão nos Estados Unidos.

Na agenda econômica, destaque para o Índice de Preços ao Consumidor de junho no Brasil.

Principais assuntos de hoje:

  • Nossas expectativas para o 2º semestre;
  • O que lhe permite se manter no jogo?

O que esperar da bolsa brasileira no segundo semestre de 2022?


O primeiro semestre de 2022 foi um período marcado por fortes perdas para as principais bolsas de valores do mundo. Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq caem -20,58 por cento, -15,31 por cento e -29,51 por cento, respectivamente. Na Ásia, o Nikkei 225, de Tóquio, e o SSE Composite, de Xangai, depreciam -9,92 por cento e -6,62 por cento. No Brasil, o Ibovespa recua -5,17 por cento nos primeiros seis meses do ano.

De violinos a sons de canhões

Durante a maior parte do ano, o Brasil brilhou aos olhos do mercado internacional. A bolsa brasileira registrava alta puxada pela entrada de investidores estrangeiros que observam o Brasil como uma oportunidade diante da alta taxa de juros e pela disparada do preço de commodities.

A conjuntura favorável foi perdendo espaço, sendo pouco a pouco contaminada pelo viés negativo nos mercados no exterior.

O mau humor externo

Os mercados este ano foram agitados por uma série de ventos contrários e hostis: a guerra entre Ucrânia e Rússia, a forte inflação, a elevação dos juros, os bloqueios de Covid-19 na China e a possível desaceleração da economia dos Estados Unidos. Todos esses fatores fazem com que os investidores aumentem a cautela na renda variável.

Nossas expectativas para o Ibovespa até dezembro

Na visão do analista Guilherme Tiglia, responsável pela carteira Nord Dividendos, o Ibovespa está barato e as companhias seguem mostrando resultados e pagando dividendos. Inclusive, com commodities ainda em patamar elevado, economia local melhor que o esperado e dólar mais alto, as expectativas (conservadoras) são de alta dos lucros das empresas.

Nosso analista complementa que o Ibovespa atualmente negocia a um múltiplo abaixo de grandes crises, em 6,5 vezes lucros, enquanto a média é de 11,6 vezes lucros.

Lembrando que 6,5 vezes lucros é o quanto estamos pagando pelos resultados, portanto, quanto menor esse número, "mais barato".

Ele cita também que até quando retiramos as commodities do índice (maior peso), olhando para as empresas com exposição doméstica, os múltiplos continuam atrativos.

Em linhas gerais, apesar das incertezas político-econômicas do momento, continuamos otimistas com o Ibovespa e consideramos um ótimo momento para comprar bolsa.

Setores baratos no momento

Na visão do nosso analista, o setor de commodities é um dos maiores setores da bolsa e é o que puxa o Ibovespa para estar tão barato.

O setor de utilities – que concentra ativos de energia e saneamento – também é outro bom exemplo, marcado por empresas mais sólidas (mais reguladas) e com resultados menos voláteis.

Por fim, vemos oportunidades no setor de Real Estate  – empresas ligadas a construção civil –, com muitas empresas negociadas abaixo do valor patrimonial, porém vale destacar que os resultados das empresas ligadas a esse setor ainda sofrem com juros muito mais altos e custos elevados das commodities (aço) nos próximos meses. Nesse sentido, a mudança de ciclo talvez possa demorar.

“O mercado financeiro é como um grande jogo de xadrez”, diz analista da Nord

Temos observado uma elevada volatilidade e aumento de aversão ao risco nos mercados globais. O mesmo tema dos últimos três anos com pandemia, guerra geopolítica entre Rússia e Ucrânia, tensões entre o Ocidente e a China, alta global de juros e os riscos crescentes de recessão, além dos riscos fiscais e eleitorais no mercado interno.

A realidade é que quem investiu em 2019 (nos anos de boom da bolsa) está com retornos negativos.

A bolsa subiu, desceu, ficou de lado… e, no fim do dia, não saiu do lugar. Momentos como este são relativamente raros e observados no fundo da crise de 2008; em 2014, após os anos de caos econômico do governo Dilma, e agora.

Gráfico apresenta Retorno do IBOV nos últimos três anos.
Retorno do IBOV nos últimos três anos. Fonte: Economatica

A troca para estratégias de renda fixa

Isso, é claro, criou uma certa descrença com relação à bolsa brasileira. Enquanto isso, do outro lado, temos um maratonista muito bem treinado chamado CDI (taxa referencial que acompanha a Selic e que serve de referência para a renda fixa) que vem entregando um retorno +16 por cento ao ano.

Não à toa, vemos diversos investidores jogando a toalha em relação aos fundos de ações, resgatando suas cotas com prejuízo para ficar no conforto da renda fixa.

Para o analista de fundos da Nord Research, Luiz Felippo, a fuga da bolsa é um erro que não será cobrado hoje, mas sim no futuro, e complementa que talvez parte desse comportamento esteja associado a investidores que ficaram mal-acostumados com os retornos entre 2016 e 2019.

Volatilidade faz parte de investir

A bolsa passa por desafios colossais, especialmente em um cenário de juros altos — em que as bolsas tendem a sofrer mesmo.

Segundo o nosso analista, a grande questão é que este não é momento para resgatar, esse momento já foi.

No entanto, se sair do jogo com a bolsa nos seus menores patamares de valuation é um erro, o que lhe permite se manter no jogo?

A resposta mais curta é: ter uma alocação ordenada, com a bolsa fazendo parte de uma orquestra muito maior chamada portfólio.

A relação entre xadrez e investimentos

Analogamente, o mercado financeiro é como um grande jogo de xadrez, avalia o nosso analista. A carteira deve estar preparada para enfrentar as vitórias e derrotas que interferem no destino das peças que ficam ou saem do tabuleiro.

Nesse sentido, é virtualmente impossível ganhar um jogo de xadrez querendo utilizar somente o peão, ou a dama, ou a rainha. Por mais poderosa que seja uma peça ou outra, utilizar cada uma delas no momento certo é fundamental para a vitória.

A nosso ver, essa é a razão pela qual a bolsa deve fazer parte do seu portfólio, mas não deveria ser a sua carteira como um todo. Isso permite que você consiga desfrutar dos resultados dela e aguentar mais em momentos delicados, como agora.

Vale reforçar que o segredo da construção de patrimônio está na sua capacidade de poupar, escolher os ativos certos e ter um portfólio diversificado.


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