O que formar gelo tem a ver com juros compostos?
Com medo de inflação nos EUA, pré-mercado de Nova York abre em queda
Nord Insider
Olá, investidor.
Nesta segunda-feira, 11, o pré-mercado de Nova York abre em queda, em uma semana marcada por dados de inflação americana e decisão do Banco Central Europeu. A semana também será mais curta por aqui e nos EUA devido à Sexta-feira Santa, dia 15.
Na agenda econômica, o Ministério da Economia informará, às 15h, a balança comercial no Brasil. Nos Estados Unidos, estão no radar os discursos dos diretores do Federal Reserve (Fed) Raphael Bostic e Charles Evans respectivamente, às 10h30 e 13h40 (horário de Brasília).
Principais assuntos de hoje:
- Greve no BC: realização do Copom será mantida;
- Inflação de março surpreende;
- Pense nos seus investimentos como vinhos;
- O que formar gelo tem a ver com juros compostos?
“Apagão de dados” do Banco Central
A divulgação do Relatório Focus, os indicadores selecionados (Indeco), como o movimento de câmbio contratado e as notas de crédito, setor externo e fiscais do Banco Central (BC) já foram afetados.
Economistas do mercado financeiro se mostram preocupados com o “apagão de dados” que pode, inclusive, prejudicar a preparação para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no começo de maio. As expectativas de inflação, por exemplo, são variáveis importantes na decisão do colegiado.
Em resposta ao questionamento do Broadcast, o Banco Central afirmou que a realização do Copom será mantida durante o movimento.
“O BC segue coletando dados e divulgará as notas, o Indeco e o Focus, após o fim da greve. A produção das apresentações de conjuntura para o Copom é atividade essencial e, portanto, será realizada durante a greve”, afirmou o BC, em nota.
O motivo: A greve foi iniciada no dia 1º de abril e tem prazo indeterminado. Os servidores do BC buscam por uma reestruturação de carreira e recomposição salarial de 26,3 por cento. Em média, um analista do BC ganha 26,3 mil reais mensais.
Como consequência, a depender do tempo que esse apagão durar pode interromper parcialmente o funcionamento do Pix e a distribuição de moedas e cédulas para as instituições financeiras.
Inflação de março surpreende com alta puxada por combustíveis e alimentação
Em março, a inflação oficial brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em +1,62 por cento, maior patamar para o mês desde 1994 (antes do Plano Real, quando o índice foi de 42,75 por cento). Os dados foram divulgados na sexta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta do IPCA também veio acima das expectativas do mercado, que esperava +1,35 por cento no mês, após alta de +1,01 por cento em fevereiro.
Maiores impactos na inflação
Os principais impactos na inflação vieram dos setores de transportes (+3,02 por cento), em particular, o da gasolina (6,95 por cento), e de alimentação e bebidas (+2,42 por cento), principalmente dos preços dos alimentos para consumo no domicílio (3,09 por cento), por exemplo, tomate, cenoura, óleo de soja, frutas e pão francês.
A relevância
O analista Christopher Galvão, da carteira Renda Fixa Pro, avalia que os núcleos de inflação (medidas que desconsideram itens voláteis como alimentos e energia) ainda estão em patamares elevados. Isso significa que há uma inflação mais espalhada entre os itens do índice.
Ele também acha que, como a inflação não está se dando por conta de choque específico, será mais difícil o processo de desaceleração. Além disso, esses números acima do esperado fazem o mercado começar a rever as projeções para a inflação.
De fato, está cada vez mais difícil acreditar que o cenário do Banco Central (BC), com a taxa básica de juros a +12,75 por cento em 2022 e +8 por cento em 2023, vai se concretizar.
Enquanto os dados continuarem vindo fortes, as expectativas do mercado vão continuar subindo.
Como navegar no atual cenário econômico
O mundo ainda não se recuperou totalmente das perdas da pandemia e entramos no segundo choque de oferta em virtude da guerra na Ucrânia.
Vaivém: agora, o vaivém das negociações de cessar-fogo dificulta saber por quanto tempo a inflação global ficará pressionada.
E como pensar em seus investimentos neste cenário econômico?
Relembre: a pandemia fez com que os Estados Unidos adotassem uma política expansionista (mais agressiva). Contudo, com a guerra no Leste Europeu, os preços de commodities dispararam — já estavam subindo antes por falta de investimentos e mudanças climáticas.
Como resultado, com a inflação global, os bancos centrais foram forçados a entrar em um processo de política contracionista (subir os juros) para controlar a inflação alta, e isso tem impacto direto nas Bolsas.
Como navegar neste cenário?
Renda fixa
De acordo com o analista de renda fixa da Nord Research, Christopher Galvão, com a inflação pressionada no Brasil, vimos a nossa taxa básica de juros (Selic) saltar de +2 por cento para +12,75 por cento (patamar projetado pelo BC na próxima reunião).
Isso significa que atualmente você pode atingir ganhos em torno de +1 por cento ao mês no título mais seguro da economia, o Tesouro Selic.
Nosso analista explica ainda que o título oferece liquidez diária. Ou seja, você pode render +1 por cento ao mês sem correr risco e ainda com a opção de resgatar a qualquer momento.
Renda variável
Agora que você já sabe onde investir seu dinheiro para a reserva de emergência ou objetivos de curto prazo, queremos que você pense em renda variável.
O analista de ações da Nord Research, Henrique Vasconcellos, afirmou que grande parte das empresas brasileiras listadas na Bolsa se beneficiam da atual conjuntura, gerando bons resultados e atraindo investimentos de fora.
Observe, na imagem abaixo, que os melhores momentos para comprar Bolsa foram nos picos dos juros.
Ou seja, para quem tem foco no longo prazo, nosso analista alerta que ainda estamos com ótimas oportunidades de entrada em ações de empresas que seguirão entregando resultados crescentes, mesmo em um cenário econômico mais complicado.
O que queremos dizer: investimentos diferentes não podem ser pensados com a mesma janela de tempo. "Pense em seus investimentos como se fossem vinhos. Alguns levam menos tempo para estarem prontos, outros levam mais tempo."
No curto prazo, a renda fixa pagando +1 por cento ao mês é uma ótima oportunidade, entretanto, pensando no longo prazo, você não pode deixar de aproveitar as oportunidades de investir seu dinheiro em boas empresas.
O que mais é importante?
Relevante agora
Os ensinamentos de Morgan Housel sobre juros compostos
Um dos melhores livros sobre investimentos, mentalidade de investidor e finanças pessoais foi escrito pelo famoso autor Morgan Housel em “A Psicologia Financeira”.
Para a analista da Nord Research, Danielle Lopes, uma das teorias mais fortes sobre acumulação de riqueza é mencionada neste livro.
Mas o que formar gelo tem a ver com juros compostos?
Wladimir Köppen, meteorologista russo, descobriu que não eram os invernos mais rigorosos que formavam o gelo, mas sim o verão mais ameno.
Os ciclos de gelo anuais se formavam em grande quantidade somente se o calor não fosse forte o bastante para derretê-los. A cada camada de gelo formada em um inverno com um verão mais fraco, o ciclo se acumulava.
E o gelo se acumulava mais e mais, já que as camadas de gelo refletem os raios solares e, consequentemente, há quedas de temperatura que aceleram ainda mais o ciclo descrito acima.
Respeitando esse ciclo, passados milhares de anos, teríamos um gelo enorme cobrindo toda a superfície, já que ele nunca foi eliminado totalmente e foi acumulado frequentemente.
E o que isso tem a ver com investimentos? Tudo.
Nossa analista afirma que não é preciso fazer um inverno extraordinário (rendas enormes) para obter os resultados que desejamos. Basta que, nos momentos mais quentes (mais difíceis, de maiores gastos, imprevistos), você não perca todo o acúmulo feito até aquele momento.
E, ao passar dos anos, a camada de gelo (dinheiro) fica cada vez maior.
Nós, investidores, temos um fator que é capaz de acelerar o processo: juros compostos.
É como se fôssemos “empurrados” para uma camada de gelo maior ainda a cada nível alcançado. Os juros compostos permitem elevar o nosso patrimônio, que, é claro, não existiria se não fossem os aportes.
Aportes + juros compostos = enormes camadas de gelo, ou melhor, de dinheiro.
Se para você isso ainda parece magia de outro mundo, observe este gráfico.
O principal é a sua consistência de aportes. Perceba como os juros compostos “empurram” seu patrimônio para cima. Ou seja, o tempo alinhado aos aportes traz maiores ganhos para você.
São pequenos crescimentos ao longo do tempo que trazem resultados extraordinários no longo prazo.
Os cientistas se convenceram de que as eras glaciais não eram mais algo anormal, mas sim um processo de pequenos crescimentos ao longo do tempo que trouxeram resultados extraordinários.
A maior prova viva de tempo e aportes que temos é Warren Buffett, um dos maiores investidores do mundo. Buffett acumulou 84,5 bilhões de dólares em 2020, sendo 99 por cento desse total (84,2 bilhões de dólares) conquistado após os 50 anos e 81 bilhões de dólares após os 60 anos.
Buffett (e nós) não se enquadra nas corridas de 100 metros no menor tempo possível. No meio do caminho, temos corridas mais longas, passos mais lentos, obstáculos, mas temos um enorme resultado dentro das pequenas ações.
E uma última provocação que nossa analista faz a você, também feita por Morgan Housel em seu livro.
Jim Simons, fundador do hedge fund Renaissance Technologies, obteve um retorno de 66 por cento ao ano, desde 1988, muito maior do que os 22 por cento médios de Buffett. Mas Simons tinha “apenas” 21 bilhões de dólares em 2020, quatro vezes menos do que a fortuna de Buffett.
Até aqui, entendemos que o segredo de enormes resultados envolve pequenas ações repetidas e também percebemos que a construção de patrimônio está muito mais ligada ao processo de pequenas ações repetidas do que à busca pelos maiores retornos.
Os maiores (e melhores) investidores foram capazes de encontrar ótimos retornos respeitando seu nível de risco, mantendo os aportes ao longo do tempo e se beneficiando dos incríveis juros compostos.
Meme do dia
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