O que desagradou os investidores da XP (XPBR31)

Futuros de Nova York caem à espera do payroll

Nord Research 06/05/2022 13:00 10 min
O que desagradou os investidores da XP (XPBR31)

Nord Insider

Nesta sexta-feira, 6, o pré-mercado de Nova York opera em queda, depois que o Índice Dow Jones registrou seu pior dia desde 2020 e à espera da divulgação dos dados oficiais de emprego formal nos Estados Unidos em abril. A cautela nos mercados segue diante dos temores de inflação persistente e recessão global.

Na agenda econômica, destaque para a IGP-DI de abril no Brasil. Nos Estados Unidos, saem o relatório de emprego, o payroll, a taxa de desemprego e os ganhos salariais por hora dos americanos, todos os dados referentes a abril.

Principais assuntos de hoje:

  • XP (XPBR31) em queda livre; entenda;
  • Conta internacional para brasileiros;
  • Venda da V.Tal da Oi ao BTG;
  • OIBR3: destaques do 4T21;
  • Inter cumpre condição junto à "CVM americana".

XP Inc. (XPBR31) perde 1 bi em valor de mercado após resultados do 1T22; entenda


As ações da XP, negociadas na Nasdaq, fecharam em forte queda de quase -7,5 por cento, na quarta-feira, 4, com os investidores ainda digerindo os resultados do primeiro trimestre.

Um dia após o balanço, a perda de valor de mercado da XP foi de 985,6 milhões de dólares, segundo dados da Economatica.

Mas qual o motivo de tanto pessimismo se a XP encerrou os três primeiros meses de 2022 com lucro líquido ajustado de 987 milhões de reais, avanço de +17 por cento?

De acordo com o analista Fabiano Vaz, da carteira Nord Deep Value, o problema foram os resultados praticamente em linha com a estimativa e abaixo do consenso, combinados com as vendas de ações da Itaúsa (ITSA3) e, em breve, do Itaú (ITUB4), que acabam “amassando” o papel no curto prazo.

Na semana passada, após anunciar a compra de uma fatia de 11,36 por cento da XP por 8 bilhões de reais — seguindo obrigações contratuais entre as partes —, o Itaú antecipou que deve se desfazer de parte da nova fatia.

A “pressão dos sócios”, sem dúvidas, foi o suficiente para as ações desabarem após divulgação de balanço.

Confira abaixo nossa visão do resultado da XP do 1T22.

Principais resultados operacionais e financeiros da XP do 1T22. Fonte: XP

Do lado negativo, apesar do crescimento de +22 por cento do AUC (ativos sob custódia), a XP teve um começo de ano difícil e isso acabou pesando no desempenho do trimestre. Do lado positivo, destacamos que a companhia comentou que a partir de março observou melhora nos resultados e nos indicadores.

Destaques financeiros

A receita bruta total cresceu +17 por cento, refletindo o desempenho do seu principal segmento, o varejo, e pelo forte crescimento do segmento institucional, que compensou o trimestre ruim para o mercado de capitais como um todo.

O segmento de varejo segue sendo o principal da XP, representando 74 por cento da receita bruta da companhia. No 1T22, a receita do segmento cresceu +16 por cento e, com os juros elevados, a nosso ver, a empresa soube fazer a migração para produtos de renda fixa.

O grande destaque do 1T22 ficou por conta do segmento de Institucionais (serviços e produtos para assets, fundos, bancos etc.), com crescimento de +86 por cento nas receitas. O nosso analista aponta que o desempenho é reflexo do momento volátil e de incertezas no mercado, principalmente com a guerra na Ucrânia, o que impulsionou o volume maior nas mesas de trading com operações de derivativos.

O grande destaque negativo no 1T22 ficou com o segmento de mercado de capitais (M&A, ofertas de ações e dívidas) apresentando uma queda de -48 por cento na receita. Aqui, destacamos os mesmos fatores que impulsionaram os Institucionais, ou seja, o desempenho negativo do segmento veio com a queda das emissões de dívidas e ofertas de ações.

As dores do crescimento

O mês de janeiro, que sazonalmente já é mais fraco, foi ainda pior em 2022 em termos de captação líquida e volume de negociações, por exemplo.

Entretanto, apesar do começo de ano ruim, a XP viu uma melhora nos meses seguintes e reportou um crescimento de +19 por cento da receita líquida.

Com os custos crescendo menos do que a receita, a margem bruta subiu +3,5 p.p. no 1T22, encerrando em 71,5 por cento. A expansão da margem se deu, principalmente, pela migração para produtos de renda fixa, que têm margens melhores.

Por outro lado, observamos um crescimento de +34 por cento das despesas administrativas, principalmente devido ao aumento do número de colaboradores. Na comparação anual, a XP praticamente dobrou o número de funcionários, uma das dores do crescimento.

O crescimento mais fraco da receita e o forte aumento das despesas pressionaram o lucro da XP, que teve alta de +17 por cento. A margem líquida caiu -1,7 p.p., totalizando 31,6 por cento no 1T22.

A companhia continua avançando em novas verticais de receita (conta digital, cartão de crédito, previdência etc.), onde vem apresentando um forte crescimento. Destacamos que o amadurecimento desses negócios deve proporcionar, no futuro, um crescimento ainda maior do AUC e a geração de novas receitas.

O que mais é importante?


XP lança conta em dólar

Em meio à consternação nos mercados, a XP Inc. (XPBR31) anunciou sua entrada no mercado internacional com uma conta para brasileiros investirem diretamente no exterior.

Com isso, será possível investir diretamente em ações de empresas listadas na Nasdaq ou na Nyse pelo aplicativo da XP, sem precisar comprar os BDRs (recibos de ações) na bolsa brasileira (B3).

Os clientes também terão acesso a outras opções de investimentos offshore. Serão mais de 10 mil ativos entre ações, ETFs, ADRs (recibos de ações negociadas em outros países) e REITs (estruturas similares aos Fundos Imobiliários brasileiros).

O novo serviço será lançado gradualmente, com a abertura de uma lista de espera. A expectativa é de, a partir de julho, disponibilizar a conta para toda a base de clientes que esteja alinhada com o perfil de risco.

Conteúdo com InfoMoney e O Globo


Anatel concede anuência à venda da V.tal, rede de fibra da Oi

O conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu, por unanimidade, conceder anuência prévia à venda do segundo ativo mais valioso da companhia, o de fibra.

A venda da InfraCo (atual V.tal) para GlobeNet Cabos Submarinos e outros fundos do BTG Pactual foi acertada no começo do segundo semestre do ano passado, por 12,9 bilhões de reais.

A Oi ficou com 42,1 por cento da subsidiária, enquanto os novos acionistas, com 57,9 por cento.

Vale mencionar que as grandes operadoras poderão utilizar a infraestrutura de fibra da V.tal, como complemento às redes já existentes, para acelerar a digitalização em todas as regiões do país.

Além disso, essas operadoras poderão expandir a cobertura do 5G para os clientes finais, visto que a V.tal possui a rede neutra mais robusta e de maior capilaridade do Brasil.

Com a decisão do colegiado, a Oi cumpre uma etapa fundamental de sua estratégia de sair da recuperação judicial.


Oi (OIBR3): resultados do 4T21 bons, em linha com o esperado


Após adiar por duas vezes, a Oi (OIBR3) reportou seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2021. Os números vieram em linha com nossas expectativas e a companhia segue reduzindo seus custos e despesas operacionais de rotina, incluindo operações internacionais.

Analisando os resultados

Embora a Oi continue avançando no processo de saída da recuperação judicial, o analista Fabiano Vaz, responsável pela cobertura do ativo na carteira Nord Deep Value, considera que os resultados financeiros ainda são fracos e sofrem com as operações descontinuadas, mas que, por outro lado, a companhia mostrou avanço operacional, principalmente no seu novo core business, a fibra.

Devido à forte expansão em fibra, a Oi detém 30 por cento de market share. Entre 2020 e 2021, as receitas em fibra (residencial e pequenas e médias empresas) mais do que dobraram, sendo o grande destaque no segmento residencial.

No ano, a receita da fibra representou 53 por cento do total do segmento, praticamente dobrando a representatividade versus 2020. No ano, as UGRs (unidades geradoras de receitas) cresceram +59 por cento.

No 4T21, a companhia cita que o número de casas passadas (HP) totalizou 14,6 milhões, sendo que só em 2021 foram 5,5 milhões de HPs, o que representa cerca de 457 mil HPs por mês.

O número de casas passadas convertidas em contratos (take-up rate) ficou em patamares elevados e encerrou o ano em 23 por cento.

Já no segmento para empresas (B2B), o trimestre foi um pouco melhor, mas o segmento ainda sofre com o legado. A receita cresceu +2 por cento no trimestre.

Assim como no residencial, a companhia apresentou bons números no B2B com a expansão de fibra ótica. No 4T21, as UGRs na fibra subiram +113 por cento.

Na Oi Soluções, nosso analista aponta que o TI Core é a grande aposta da empresa no turnaround do segmento. As receitas do TI Core cresceram +54 por cento no trimestre. Já no PME (Pequena e Média Empresa) as receitas com a fibra avançaram +122 por cento refletindo a expansão comercial da companhia.

No nosso entendimento, o grande trunfo da Oi é a V.tal (estrutura de fibra), que na comparação com o 4T20 cresceu +60 por cento em número de casas passadas (HPs), atingindo mais de 14 milhões.

A dívida bruta consolidada da Oi totalizou 35,8 bilhões de reais ao final do 4T21, uma elevação de +5,4 por cento em relação ao 3T21 e um aumento de +36,1 por cento no ano contra ano. A elevação no trimestre foi explicada, principalmente, pelo accrual de juros, pela amortização do ajuste a valor presente (AVP), além da desvalorização do real vs dólar de 2,59 por cento no trimestre, segundo o documento da Oi.

O nosso analista destaca que o endividamento ficou praticamente estável quando comparamos. A operadora conseguiu fazer o pagamento de algumas dívidas e eles têm se programado a fazer o pagamento de algumas outras, então de maneira geral a notícia sobre o endividamento não é uma grande preocupação.

No primeiro trimestre de 2022, com o closing da venda da Oi Móvel, a companhia conseguiu efetuar o pagamento do BNDES, Empréstimo ponte Oi Móvel e os Bonds 2026. As dívidas com bancos locais, ECAs e as debêntures da V.tal estão no cronograma de pagamentos da companhia com o closing das vendas da V.tal e Oi Móvel.

Etapas da transformação da Nova Oi. Fonte: Oi

Reiterando nossa tese de investimentos

Vemos a Oi com resultados financeiros ainda tímidos. A empresa convive com as heranças do legado e das operações descontinuadas. No entanto, operacionalmente não há como negar que os avanços são bem interessantes.

Acreditamos que no 2T22 devemos ver os resultados separados da Nova Oi.

Os desafios ainda são grandes, mas a operadora vem fazendo um bom trabalho de reestruturação para ver a empresa crescer no futuro por meio da fibra.

A Nova Oi está cada vez mais próxima e a saída da recuperação judicial deve acontecer ainda neste semestre.

Recomendação: Comprar


Em mais um passo para migrar para a Nasdaq, Inter cumpre condição junto à SEC


O Inter (BIDI11) informou que obteve da Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão que regula o mercado de capitais nos Estados Unidos, a declaração de registro da Inter&Co, Inc, a nova denominação de Inter Platform, Inc.

Com a obtenção de declaração de efetividade pela SEC, o Inter confirmou a data da assembleia geral extraordinária (AGE) sobre a reorganização, agendada para o próximo dia 12 de maio, a partir das 10h30.

O plano prevê ainda a migração da base acionária do Inter para a Inter&Co, com a listagem de suas ações na Nasdaq.

Esta é a segunda tentativa do banco de mudar de endereço para os Estados Unidos, já que em dezembro do ano passado o número de investidores que preferiram ser restituídos em dinheiro superou o teto de 2 bilhões de reais que a companhia havia imposto.

O analista Rafael Ragazi, responsável pela carteira Nord 10X, destaca que o Inter também comunicou ao mercado que, no âmbito da reorganização societária, firmou o compromisso vinculante junto às instituições financeiras que irão financiar o desembolso do cash-out, que estará limitado a 1,15 bilhão de reais, desta vez.

Depois de aprovada a reorganização na AGE, o próximo passo será homologar tudo junto ao Banco Central.


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