O efeito colateral de um evento

O episódio da ruína da Terra Luna e seus efeitos colaterais

Luiz Pedro Andrade de Oliveira 21/05/2022 12:00 4 min
O efeito colateral de um evento

Olá, pessoal! Eu sou o Luiz Pedro, responsável pelo Nord Crypto Master, a carteira de criptoativos da Nord.

Na última semana, falei bastante sobre o colapso da Terra Luna e da sua moeda pareada com o Dólar, o TerraUSD (UST).

Os efeitos foram pra lá de devastadores para seus investidores. Diversos relatos de pessoas que perderam milhões de dólares através do token LUNA ou mesmo do UST surgiram na mídia, com famosos inclusos.

No entanto, o efeito disso não respinga só na Terra Luna, em quem estava envolvido ou nos responsáveis pela Luna Foundation Guard, entidade por trás de ambas as criptos e da plataforma em si. O efeito colateral do colapso atingiu todo o mercado de criptoativos e levantou questionamentos por parte de diversos órgãos reguladores.

A ligação do mercado de criptoativos com atividades ilícitas, no imaginário popular, é quase consolidada. Ao invés de os leigos sobre o assunto se informarem, ou tentarem enxergar as vantagens que os bons ativos do mercado podem oferecer, eles preferem se juntar aos detratores e colocar todos os ativos da classe no mesmo balaio que os poucos que agem de má fé. Paciência, o tempo ensinará a eles. Se você está aqui, você não é desse grupo e eu o parabenizo por isso!

Voltando ao cerne da questão, o evento do colapso da Terra Luna foi um dos únicos que envolveram uma cripto que figurava entre as 10 de maior market cap. Já havia acontecido antes, com a famigerada Bitconnect, mas a adoção e o conhecimento de cripto eram muito inferiores. O impacto do caso da LUNA trouxe uma repercussão muito maior, onde mais dói.

As stablecoins são uma parte fundamental do mercado. Na mesma semana que o UST perdeu seu lastro, o TheterUSD (USDT), primeira e maior stablecoin em capitalização, sofreu uma forte onda de saques, superando 7 bilhões de dólares em menos de 24 horas.

Os fatores que levaram à onda de saques em questão foram um pequeno efeito colateral do descrédito do USDT, com a própria falta de credibilidade da Theter como empresa emissora e o seu lastro proposto para o USDT.

As preocupações acerca do USDT se prolongam por anos. A empresa responsável pela auditoria do lastro do USDT que, de acordo com a proposta inicial da Theter, seria de existir 1 dólar em caixa para cada USDT emitido, mostra em suas auditorias um cenário diferente que, no entanto, lastreia todos os USDT em circulação.

Para os 78 bilhões de dólares equivalentes à circulação de USDT no mercado, apenas 20 bilhões de dólares estão em papel moeda ou em certificados de depósito. A maior parte está em títulos de vencimento curto, acordos de recompra e fundos de mercado.

Fonte: MHA Cayman Report on Theter USDT

Se não fosse preocupante o suficiente, a empresa responsável por essa auditoria é pequena e muito pouco conhecida, sediada nas ilhas Cayman e com um corpo reduzido de funcionários.

A operacionalização do USDT se faz possível devido à falta de uma regulamentação específica para stablecoins. Mas isso durará pouco tempo.

A SEC, órgão equivalente a CVM nos Estados Unidos, está com as stablecoins no seu radar, e o episódio da Terra Luna, associado com os lastros frágeis do USDT, levaram Janet Yellen, secretária do Federal Reserve, a dizer que em breve os EUA emitirão uma nota oficial a respeito da regulamentação de stablecoins.

O Reino Unido e a União Europeia também se pronunciaram, através de seus órgãos reguladores, dizendo que o episódio da LUNA deve estar em questão na proposta de regulamentação para o comércio local de criptoativos.

A regulamentação do mercado é iminente no mundo todo. E o começo disso deve ser através da regulamentação das stablecoins e das corretoras de criptoativos.

Por isso, é importante que busquemos, ao utilizar criptomoedas pareadas a moedas fiduciárias, o histórico e o lastro delas.

Eu utilizo, e sugiro a todos que também utilizem, o Circle USD (USDC) para tais finalidades. O USDC recebeu boa parte do fluxo evadido do USDT, por ter uma empresa crível por trás de sua emissão (a Circle) e boas empresas responsáveis por suas auditorias.

O USDT deve ser evitado. Digo isso a você com a mesma ênfase que venho dizendo aos assinantes do Nord Crypto Master há meses.

Diante da incerteza da regulamentação desses criptoativos, devemos buscar o mais próximo dos reguladores para evitar riscos descabidos na nossa carteira.

Espero que este texto tenha sido esclarecedor para você.

Um abraço,

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