Nubank altera regras de remuneração

Marilia Fontes 14/07/2022 13:52 4 min
Nubank altera regras de remuneração

O Nubank alterou as regras de remuneração da conta corrente dos seus usuários.

Antes, o dinheiro parado na conta rendia 100 por cento do CDI desde o primeiro dia. Agora, o dinheiro passa a render o CDI apenas a partir do 30º dia.

Então, se você receber seu salário pelo banco e for gastando tudo até o final do mês, sua remuneração será de zero. Você apenas receberá juros nos valores segurados por mais de 30 dias.

Apesar de não parecer uma diferença muito grande, na prática, representará uma queda de vantagem relevante, uma vez que a maioria dos usuários acabava utilizando a conta para transações de curto prazo.

Se você foi impactado por essa medida, saiba que há outras formas de você render 100 por cento do CDI para períodos mais curtos.

A primeira seria um CDB de liquidez diária a 100 por cento do CDI. Vários bancões hoje em dia já disponibilizam esse tipo de investimento. É importante lembrar que investimentos de renda fixa com prazos menores de 30 dias pagam IOF regressivo, além da alíquota máxima de IR.

Outra forma de render desde o primeiro dia seria investindo em um Tesouro Selic, que tem liquidez diária e recebe remuneração de 100 por cento da taxa Selic efetiva. Essa renda fixa também tem a incidência de IR e IOF.

Quando pensamos no curtíssimo prazo, os investimentos de renda fixa não são bons aliados. Exatamente por essa incidência de taxas. Acabamos tendo um retorno muito menor do que a taxa bruta contratada.

A renda fixa começa a ficar realmente interessante em dois cenários:

Períodos acima de 6 meses – investimentos acima de 6 meses já começam a ficar interessantes, pois não há incidência de IOF e a alíquota de IR já cai para 20 por cento.

Títulos isentos de IR – os títulos de renda fixa isentos de IR, como LCI e LCA, com liquidez diária após 90 dias são meus grandes queridinhos. Se você puder aguentar esses 3 meses sem mexer nos seus investimentos, acaba ficando com um recurso totalmente líquido, resgatável a qualquer momento e sem nenhuma incidência de taxas, seja IOF, seja IR.

Inclusive, alguns bancos oferecem esses títulos a 100 por cento do CDI, o que equivaleria a um CDB por volta de 117 por cento do CDI, a depender do tempo que você segura o título.

A grande sacada desses investimentos é te dar o melhor dos dois mundos, que é a liquidez diária e a isenção de imposto.

Em um CDB normal, quanto maior a liquidez, maior o imposto na retirada rápida.

Mas não é só no Nubank que estamos observando alterações na renda fixa.

Quando olhamos para o mercado como um todo, vemos taxas bem menores do que víamos no começo do ano.

Antes, era comum achar LCI com liquidez diária de bancos de rating AA+ com taxas de 100 por cento do CDI. Hoje em dia, já é bem mais difícil, e encontramos já em bancos um pouco mais arriscados.  

CDBs para 1 ano que antes encontrávamos a 110 por cento do CDI, hoje já foram para próximo de 105 ou menos.

Dois fatores influenciaram essa queda nas taxas. O primeiro foi o próprio aumento da taxa Selic e, por consequência, do CDI. Com taxas maiores, o spread acaba sendo menor.

O segundo, também consequência do aumento da taxa Selic, foi o aumento da demanda por títulos de renda fixa, que permitiria que os bancos colocassem títulos com remunerações bem mais baixas.

É importante notar que essas mudanças são cíclicas e dependem muito do cenário econômico e da necessidade de financiamento dos bancos. Ou seja, esse cenário pode se reverter no futuro, fazendo com que boas oportunidades retornem.

Por isso, é sempre bom estar atento a tudo o que é oferecido no mercado.

Para quem não tem tempo de acompanhar essas taxas, o pessoal da Nord Wealth criou as carteiras administradas de renda fixa, podendo inclusive ter apenas produtos isentos de IR, e a Nord escolhe os títulos com maior retorno e menor risco para você.

Essa é uma ótima solução para quem não acompanha esse mercado de perto.

Investir em produtos bancários é algo que deve ser muito bem analisado. Alguns bancos que pagam taxas muito altas têm também um risco muito alto, muitas vezes mostram prejuízo em seus balanços e alta alavancagem.

O trabalho que fazemos não é olhando apenas para a taxa, mas também olhando para os riscos e se vale a pena ou não o investimento.

Se o banco mais arriscado está pagando uma taxa praticamente igual à taxa do mais seguro, não tem motivo para ir no arriscado.

Mas se a taxa do mais seguro é muito inferior, talvez possa valer a pena pegar um banco médio, um pouco mais desconhecido e com uma certa segurança.

Tudo é uma questão de risco vs. retorno.

Um abraço e até a próxima!

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