Nord avalia prévias de Pão de Açúcar, Assaí e Carrefour

Pré-mercado de Nova York cai forte com Covid-19 na China

Nord Research 25/04/2022 13:00 12 min
Nord avalia prévias de Pão de Açúcar, Assaí e Carrefour

Nord Insider

Nesta segunda-feira, 25, o pré-mercado de Nova York opera em queda com os investidores avaliando a probabilidade de aumento das taxas de juros e os impactos dos bloqueios de COVID-19 na China. No fim de semana, Pequim alertou que o vírus está se espalhando sem ser detectado há cerca de uma semana.

Na agenda econômica, sai o Índice de Atividade Nacional do Federal Reserve de Chicago, referente a março. O dado indica o ritmo das atividades econômicas dos EUA.

Nesta semana, destaque para a volta do relatório Focus (mas, na terça), IPCA-15 e dados do mercado de trabalho no Brasil. Nos Estados Unidos, as atenções estarão  voltadas para a divulgação do PIB do 1° Trimestre e para o dado de inflação, PCE.

Principais assuntos de hoje:

  • Prévias do 1T22 de Pão de Açúcar, Assaí e Carrefour;
  • Commodities perde força em abril;
  • Tesla cresce mais de sete vezes no 1º tri. Entenda.

Varejo: Prévias operacionais ligeiramente acima do esperado no 1T22

A divulgação das prévias operacionais do 1° trimestre de 2022 (1T22) mostrou que as varejistas estão se recuperando em relação aos níveis registrados de outubro a dezembro do ano passado. Nesse último trimestre, o desempenho do Assaí (ASAI3), do Carrefour (CRFB3) e do GPA (PCAR3) apontou melhora nos números de vendas neste ano.

Assaí Atacadista

O Assaí registrou recorde de vendas para um primeiro trimestre, com alta de +21,1 por cento em relação ao 1T21, de acordo com dados prévios não-auditados.

A receita líquida somou 11,443 bilhões de reais e o faturamento bruto foi de 12,5 bilhões de reais no período, crescimento de 2,1 bilhões de reais na comparação anual.

O analista André Zonaro, da carteira Nord Small Caps, destaca que a receita líquida do Assaí cresceu impulsionada pela inauguração de lojas e pelo desempenho das Vendas Mesmas Lojas (SSS, na sigla em inglês), que expandiu +6,7 por cento, mesmo diante de uma forte base de comparação de duplo-dígito (+11,2 por cento) do primeiro trimestre de 2021.

Grupo Pão de Açúcar

Já o GPA teve seus números afetados pela venda do Extra Hiper ao Assaí. A operação está em andamento e, ao todo, foram encerrados 41 hipermercados e 68 drogarias da bandeira Extra, segundo dados mais recentes disponibilizados.

Nosso analista, entretanto, notou bons números pela manutenção da retomada do Éxito, que opera na Colômbia, Uruguai e Argentina. A receita bruta foi de 6,91 bilhões de reais de janeiro a março, com o indicador SSS subindo +20,8 por cento na base anual.

Segundo o GPA, diante da valorização do real em relação ao peso colombiano, o crescimento total das lojas do Éxito foi de +5,2 por cento na comparação com o mesmo trimestre de 2021.

Em nota, a varejista destacou que “as lojas Extra Hiper, tanto as que foram fechadas no começo do ano quanto as que estão abertas e serão convertidas, serão alocadas em atividade descontinuada”, ressalta o GPA.

Carrefour

O Carrefour, por sua vez, se destacou no primeiro trimestre deste ano. A companhia registrou 20,75 bilhões de reais em vendas brutas consolidadas, o que representa um crescimento de +14,5 por cento em seu faturamento no comparativo anual.

A varejista também mostrou resiliência em um momento de turbulência e avançou +8,5 por cento com o indicador vendas mesmas lojas (SSS), sem considerar efeitos de calendário. Considerando os efeitos sazonais, o indicador mostrou crescimento de +7,3 por cento.

O grande destaque das prévias operacionais do 1T22 do Carrefour vai para o forte crescimento dos resultados digitais, com o volume bruto de mercadorias (GMV) subindo +51 por cento na comparação anual, puxado pelo segmento alimentar.

Ainda sobre os resultados das prévias das principais varejistas do segmento alimentício, ponderamos aqui que falta visibilidade em relação às margens do primeiro trimestre.

Nosso analista diz que, como o varejo é caracterizado por uma acirrada concorrência e margens apertadas no setor, é possível notarmos crescimento nas receitas, mas este não é necessariamente um indicativo de crescimento de resultados.

Termos visibilidade quanto ao indicador operacional de receita é importante, mas ele precisa estar acompanhado de uma disciplina nos custos e algum tipo de ganho de margem — o que não vemos ainda.

Apesar de observarmos uma melhora na primeira linha em relação a períodos anteriores, não recomendamos para o momento compra em ASAI3, PCAR3 ou CRFB3.

Preferimos aguardar um crescimento sólido nos resultados dessas empresas.

Desempenho das ações

No ano, os papéis do Assaí avançam +16,03 por cento, a 26,02 reais, ante alta de +7 por cento das ações do GPA, a 22,31 reais.

Já as ações do Carrefour se destacam com uma valorização de +49,30 por cento, a 21,38 reais.


Commodities perde força em abril

Depois de anotar uma valorização expressiva das ações mais líquidas da bolsa brasileira, principalmente de empresas ligadas a commodities, a entrada de capital estrangeiro no país tem demonstrado sinais de estabilização no mês de abril.

Em março, a entrada de investimento estrangeiro na B3 foi de 399,1 milhões de reais, ante o valor de 195,2 milhões de reais até o dia 22 de abril, último dado disponível.

Os estrangeiros têm reduzido o volume de suas compras no país devido ao cenário mais incerto por problemas internos, como os de natureza fiscal, diante das dúvidas sobre a sustentabilidade das contas públicas.

Neste mês, papéis do setor de mineração e siderurgia têm amargado perdas, em oposição aos primeiros três meses do ano. Vale ON cai -15,85 por cento, CSN ON recua -15,44 por cento e Usiminas PNA perde -14,53 por cento. Já no setor de petróleo, PetroRio ON cede -2,81 por cento e Petrobras ON anota uma desvalorização de -2,75 por cento.

Ao mesmo tempo, temores em relação à fragmentação da economia mundial cresceram após indicação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que deve acelerar seu processo de retirada de estímulos e aperto monetário mais acelerado para controlar a inflação, que segue bastante elevada.

Somado a isso, as políticas de zero Covid-19 da China para a contenção da pandemia também prometem enfraquecer a demanda da segunda maior economia do planeta.

Na visão do analista Fabiano Vaz, da carteira Nord Deep Value, apesar de completarmos mais de dois anos do início da pandemia, os impactos causados por ela nas commodities continuam. Nas cadeias de insumos e de logísticas, ainda refletem e impulsionam os preços das commodities.

Ele aponta que, apesar da demanda ter se estabilizado mais rapidamente, por outro lado, a oferta ainda está impactada com os estoques limitados das commodities devido às restrições e problemas de logísticas no mundo.

Olhando para este cenário, o nosso analista acredita que devemos conviver por mais tempo com os preços mais altos das commodities até vermos as cadeias normalizadas e pela desaceleração das principais economias do mundo com a alta de juros.

Cabe ressaltar que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que chega ao seu 61º dia sem sinal de um fim próximo, também piorou o cenário em relação aos preços das commodities.

A Rússia, que é uma das principais produtoras de petróleo, gás e fertilizantes do mundo, fez os preços dessas commodities escalarem este ano. Mesmo que tivéssemos o fim do conflito hoje, acreditamos que os reflexos da guerra provavelmente ainda devem sustentar os preços altos das commodities.


Relevante agora

Por que a Tesla parece não sofrer os impactos da alta de juros nos EUA como outras empresas de crescimento?

Inflação americana atingindo o maior pico em 40 anos, Federal Reserve (Fed, o banco central americano) trazendo claros indícios de que poderá acelerar a alta nos juros e resultados corporativos pressionados. Parece um cenário nebuloso para as empresas de crescimento nos Estados Unidos, não é mesmo? Pois bem, não para a menina dos olhos de Elon Musk, a Tesla (NASDAQ: TSLA).

O analista Victor Bueno, da carteira Nord 10X, destaca que a Tesla, mais uma vez, entregou um forte crescimento em seus resultados do primeiro trimestre de 2022. Impulsionada pela alta na entrega de veículos e um aumento no preço médio de venda, a receita da companhia atingiu 18,75 bilhões de dólares no trimestre, o que representa uma elevação de +81 por cento em comparação com o mesmo período do ano anterior.

O crescimento não para por aí. O Ebitda (indicador que mede o potencial de geração de caixa operacional) da fabricante de carros elétricos alcançou a marca de 5 bilhões de dólares — um crescimento de +173 por cento.

Ao olharmos para o lucro, o número surpreende ainda mais e mostra a eficiência da empresa: alta de +658 por cento com seus 3,32 bilhões de dólares de resultado líquido ou 2,86 dólares por ação (+633 por cento).

Gráficos apresentam indicadores e resultados trimestrais
Indicadores e resultados trimestrais. Fonte: Tesla

Tesla supera estimativas após repassar alta da inflação

Mesmo em meio à crise no mercado automotivo ao redor do mundo, com a escassez de chips semicondutores e aumento nos preços de matéria-prima para a fabricação, a Tesla conseguiu repassar os custos aos seus clientes e ao mesmo tempo viu a demanda por seus veículos continuar aquecida no trimestre.

Ao todo, foram produzidas 305 mil unidades (14 mil Model S/X + 391 mil Model 3/Y), representando uma alta de +69 por cento em relação aos 180 mil fabricados no primeiro trimestre de 2021. Os números mostram que, mesmo com a paralisação das operações da fábrica da empresa na China devido a um surto de Covid-19, o ritmo se mantém acelerado. Ainda no trimestre, foram entregues 310 mil veículos (+68 por cento vs. 1T21).

Ainda falando sobre suas fábricas, a Tesla acabou de inaugurar duas novas megafábricas (ou Gigafactories, como Musk gosta de chamar) para aumentar ainda mais a produção e a entrega de seus veículos - uma no Texas (EUA) e outra em Berlim (Alemanha). Agora, a companhia possui 4 fábricas: a da Califórnia, que atualmente produz todos os modelos da marca; a de Xangai, que fabrica os Models 3 e Y; a de Berlim, que produz o Model Y e a do Texas, que atualmente fabrica apenas o Model Y, mas que no futuro será a responsável pela fabricação das picapes elétricas (Cybertrucks).

Aumento na demanda

O que chama a atenção do nosso analista é o fato de que o crescimento da demanda por veículos elétricos em todo o mundo e os movimentos realizados pela Tesla para supri-la nos últimos anos vêm fazendo com que a empresa ganhe ainda mais espaço no mercado automotivo mundial.

Olhando somente para os Estados Unidos e Canadá, a companhia já rompeu a marca de 2,5 por cento de market share de veículos nesses países e também vem se aproximando dos 2 por cento na Europa e na China.

Gráfico apresenta market share de veículos Tesla.
Market share de veículos Tesla. Fonte: Tesla

Concorrência no setor de carros elétricos

É inegável que, ao pensarmos em carros elétricos, a marca Tesla seja a primeira a vir à mente. Porém, tendo em vista o contínuo aumento da procura por esse tipo de veículo e o crescimento da companhia, concorrentes estão surgindo por todo o globo, sejam eles novas empresas que estão sendo criadas (principalmente em países asiáticos), sejam grandes montadoras, como General Motors, Toyota e BMW, que estão aumentando o seu portfólio com esses automóveis.

Cabe aqui destacar um fato curioso divulgado no último release da Tesla. Quem é fã de futebol americano sabe que o Super Bowl (final da liga) é um dos eventos esportivos mais aguardados no mundo e os comerciais que passam nos intervalos são os mais caros e disputados pelas empresas — em média, pagam a bagatela de 6,5 milhões de dólares para divulgarem seus produtos e serviços em míseros 30 segundos nas TVs americanas.

Neste momento, você deve estar se perguntando o quanto a Tesla gastou em comerciais para ter até divulgado um dado relacionado ao Super Bowl em seus resultados. Na verdade, a companhia gastou o total de ZERO dólar para se promover no evento e, mesmo assim, viu os seus pedidos saltarem no dia seguinte (14 de fevereiro). Isso aconteceu principalmente pelo fato de que suas principais concorrentes no setor adquiriram esses segundos milionários e gastaram parte deles para “atacar” a líder de veículos elétricos.

No final, o plano das montadoras não teve o resultado esperado e elas viram o interesse pela Tesla crescer após os seus comerciais. Mais um touchdown para Elon Musk, que, junto ao Los Angeles Rams (vencedor do Super Bowl), saboreou o gosto da vitória ao final do jogo.

Gráfico apresenta pedidos por veículos Tesla.
Pedidos por veículos Tesla. Fonte: Tesla

Mas voltando para a análise… e as ações da Tesla?

Nosso analista aponta que os papéis da companhia já subiram mais de +2.600 por cento nos últimos três anos, acompanhando os fortes resultados que estão sendo entregues neste período.

Ao olharmos para o histórico de lucro da Tesla, vemos que os resultados positivos só começaram a vir a partir do segundo trimestre de 2020 — ou seja, até então a empresa registrava apenas prejuízo.

O investidor que olhasse apenas para os múltiplos estratosféricos, negociados pela companhia um tempo atrás (cerca de 1.000x lucros), perderia o interesse de se tornar seu acionista.

Porém, vale destacar que empresas de crescimento tendem a apresentar números mais elevados do que a média do mercado e nem sempre isso quer dizer que suas ações estão caras. Ao mesmo tempo que os papéis da Tesla se valorizaram em um passado recente, os resultados da empresa também cresceram de maneira expressiva e os seus múltiplos estão sendo reduzidos.

Mesmo assim, o mercado ainda precifica um forte crescimento que a Tesla precisa entregar nos próximos anos, e suas ações negociam atualmente a 190x lucros.

Então, mesmo com os bons números apresentados nos últimos trimestres, nosso analista aponta que o investidor tem que se atentar a isso e ao fato de que, com a iminente alta nos juros dos Estados Unidos, os papéis de empresas de crescimento tendem a sofrer mais do que a média no curto prazo. Mas, no longo prazo, as cotações das empresas seguem os resultados.

Gráfico apresenta cotação TSLA x lucro por ação.
Cotação TSLA x lucro por ação. Fonte: Bloomberg

E você? Pretende investir em ações de empresas de crescimento?

Se você tem dúvidas sobre o tema, pode responder a este e-mail ou entrar em contato pelo [email protected].


Meme do dia

O prazo para a entrega da declaração do Imposto de Renda foi prorrogado e agora poderá ser entregue até 31 de maio de 2022.

A Nord preparou um passo a passo para ajudar você a declarar seus investimentos, assista aqui. Quem perder o prazo terá que pagar multa que vai de 165,74 reais a até 20 por cento sobre o imposto devido.

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