Não tente pegar facas caindo

Pré-mercado de Nova York opera em alta nesta manhã, de olho em Ucrânia

Nord Research 11/03/2022 12:45 9 min
Não tente pegar facas caindo

Nord Insider

Olá, investidor.

Nesta sexta-feira, 11, o pré-mercado de Nova York opera em alta com investidores monitorando os desdobramentos da guerra na Ucrânia. No local, a alta dos combustíveis e dados de inflação seguem no radar.

Na agenda econômica, o destaque será o IPCA, indicador considerado a inflação oficial do Banco Central, de fevereiro no Brasil.


Rússia x Ucrânia: não tente pegar facas caindo; leia a análise de Danielle Lopes

Economia russa está em “choque” por guerra econômica sem precedentes, diz porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov [Imagem: Getty. Reprodução: Express.co.uk]

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, muitos investidores já começam a se questionar se não vale a pena investir em ativos russos. De maneira geral, os mercados globais apenas decidiram esperar para ver o que acontece. Ninguém quer estar do outro lado.

E por que cargas d'água alguém iria querer negociar na Rússia?

Esse interesse surge na desvalorização da moeda russa — o rublo, moeda oficial russa já caiu mais de -30 por cento — e do mercado de ações e títulos.

Nesse contexto, as pessoas consideram um bom momento para comprar papéis de empresas bem geridas, a preços baixos, à espera de que as ações se valorizem quando a turbulência passar.

À primeira vista, esse raciocínio pode fazer sentido. Contudo, a situação não é tão simples assim.

Os custos da guerra de Putin à economia mundial

Aqui estamos, no 16º dia do conflito, e o governo da Rússia afirmou na quinta-feira, 10, que a economia do país está em choque e passa por uma guerra econômica “sem precedentes”.

Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres do G1 que medidas estão sendo tomadas para conter a desvalorização do rublo e proteger o sistema financeiro russo do colapso.

De fato, as sanções do Ocidente contra a Rússia claramente já surtem efeitos severos, que podem piorar ainda mais.

As ações do Sberbank, maior banco da Rússia, chegaram a acumular queda de -95 por cento na semana passada, levando a ação do banco a ser negociada a um centavo.

A derrocada dos papéis contagiou outras empresas russas que também têm certificados de depósito listados em Londres e desmoronaram em valores comparáveis.

Além disso, a exclusão de muitos bancos russos do sistema de comunicação financeira SWIFT representa um grande desafio, pois dificulta as relações comerciais com o exterior.  

Ainda no cenário local, há preocupações de que as entidades afetadas pelas sanções não consigam pagar os empréstimos, forçando os bancos russos a cancelar alguns deles.

Restrições dos EUA ao petróleo russo

Os Estados Unidos e seus aliados impuseram sanções mais duras para fragilizar a Rússia e pressionar Putin a pôr um fim na invasão à Ucrânia.

A mais recente foi o embargo ao petróleo russo e a fontes de energia, anunciadas na terça-feira, 8, pelo presidente americano Joe Biden. Em contrapartida, Putin assinou um decreto que limita o comércio de matérias-primas da Rússia até o fim deste ano.

Esse conjunto de medidas traz efeitos prolongados para as economias globais, incluindo a brasileira.

De qual forma? A Nord explica.

A Rússia produz 11 por cento do petróleo do planeta (cerca de 7 milhões de barris por dia) e é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo — atrás apenas dos EUA e da Arábia Saudita.

Para te dar um rápido contexto, mais da metade do petróleo russo vai para a Europa (8 por cento). Os EUA são menos dependentes, com cerca de 3 por cento.

Devido à dinâmica da guerra, o barril de petróleo tipo Brent, referência internacional, saltou para quase 140 dólares.

E, agora, a nova sanção imposta pelos EUA vai pressionar ainda mais a restrição de oferta. Como?

Pra quem está perdido, mesmo antes da invasão russa, a oferta mundial de petróleo já não conseguia acompanhar a demanda na retomada da atividade econômica  – motivo pelo qual os derivados do petróleo já estavam entre os principais responsáveis pela escalada da inflação do Brasil.

A disparada do preço do petróleo fez a defasagem entre os preços cobrados pela Petrobras (PETR4) e os das principais bolsas de negociação do mundo saltar para +30 por cento, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

Petrobras anuncia reajuste de gasolina e diesel

Pressionada pelo avanço das cotações do petróleo, a Petrobras anunciou ontem, 10, reajustes nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. As altas entram em vigor a partir desta sexta-feira, 11.

No caso da gasolina, o reajuste para as distribuidoras é de +18,8 por cento. O preço médio passará de 3,25 reais para 3,86 reais por litro. Já para o diesel, o aumento foi ainda maior, de +24,9 por cento. O valor subirá de 3,61 reais para 4,51 reais – quase 1 real por litro.

Na prática, o preço da gasolina tem impacto direto em diversos setores. Como a cadeia logística brasileira é baseada no transporte rodoviário, a influência é ainda maior nesse setor. O turismo também sofre um impacto importante. Como consequência, as passagens devem ficar mais caras em virtude do preço do tanque.

Pacote dos combustíveis

Após o anúncio dos reajustes, também na quinta-feira, 10, o Senado aprovou dois textos que tratam de combustíveis. Um deles promove alterações na cobrança do ICMS nos estados (PLP 11) e o outro altera a política de preços da Petrobras (PL 1.472). Agora, ambos os projetos precisam de aprovação da Câmara.

Possível choque na oferta dos alimentos

Além do choque nos preços dos combustíveis, a Guerra na Ucrânia pode ser “catastrófica” para a alimentação global.

Entenda: antes da guerra de Putin, a Rússia e a Ucrânia, juntas, eram responsáveis por mais de um quarto das exportações mundiais de trigo. Agora, a Rússia está sancionada, e a Ucrânia é uma zona de guerra.

Com isso, o estoque global de trigo está diminuindo, fazendo com que o cereal alcance seu maior valor da história.

Mas Nord, parei de comer sucrilhos Kelloggs há muitos anos. Qual a relevância disso?

Nesta semana, foi registrada uma valorização de +7 por cento no trigo. Então pães, pizza, macarrão e outros alimentos derivados vão ficar ainda mais caros.

Também tem o problema de secas na Região Sul do Brasil, que fizeram com que as colheitas de milho fossem prejudicadas. E como o milho é base para ração animal… você já sabe o efeito disso, né? O preço da carne também pode aumentar.

Por fim, a guerra no Leste Europeu também impacta o preço dos fertilizantes, insumo central para boa parte das plantações no mundo todo, inclusive no Brasil, prejudicando o cultivo de hortaliças e verduras ao redor do globo.

O Fed está pronto para aumentar as taxas de juros

Para piorar a situação, a persistência da inflação e pressão no valor das commodities fizeram com que o Fed, o banco central americano, abandonasse seu discurso de uma possível inflação “transitória” e, no dia 2 de março, antecipou que deverá elevar os juros em 0,25 ponto percentual na reunião que termina em 16 de março, o que já era esperado pelo mercado.

Diante de tudo o que já foi dito neste texto, você aproveitaria a “oportunidade” para investir na Rússia agora?

No entendimento da nossa analista Danielle Lopes, com certeza não é hora. Seria fazer algo semelhante a pegar faca caindo, já que o investidor brasileiro poderia comprar uma ação valendo centavos, mas não saberia se de fato ela continuará crescendo, considerando a insegurança local do país com a guerra e seus desdobramentos futuros. Não há visibilidade.

A guerra da Rússia envolve, além da catástrofe aos direitos humanos, empresas com alto nível de insegurança política, econômica e financeira, que podem ser prejudiciais ao bolso dos investidores, além do psicológico frente à volatilidade, disse a nossa analista.

Como vimos, os desdobramentos da guerra têm provocado reações intensas nos mercados.

Sobre essas questões, os analistas da Nord têm tratando, diariamente, com os assinantes diversas dúvidas para quem busca por proteção ou ganhos acima da inflação.

Para se ter uma noção, a estratégia da Danielle, que é responsável pelo Nord Ações, se mantém perfeitamente igual. Ela entende e observa a volatilidade do mercado, que está mais do que nunca, o "maníaco depressivo", expressão utilizada por grandes investidores como Warren Buffett e Charlie Munger.

Basicamente, a expressão reforça um comportamento que está presente no mercado há séculos. Agem de forma entusiasmada quando o mercado sobe demais (“o céu é o limite, vamos comprar”) e totalmente desesperados quando o mercado cai (“nunca mais vai voltar”). É o bom e velho ciclo dos mercados.

No nosso entendimento, para o investidor, é importante seguir firme em sua estratégia — já que esse é o caminho vencedor no longo prazo.

E, no longo prazo, atravessamos crises, ciclos ruins de economia, pandemias e guerras, e precisamos alocar nosso capital com inteligência financeira. E nós vamos te ajudar nisso!

Conteúdo complementar

Para aprofundar seus conhecimentos em investimentos no longo prazo, a Danielle recomenda a leitura do livro “A Psicologia Financeira” de Morgan Housel e o vídeo “Princípios para lidar com a ordem mundial em mudança” por Ray Dalio (disponível com legendas no YouTube).

Já para se manter investindo e com uma boa diversificação, indicamos o acesso à carteira do Nord Ações por apenas 5 reais por mês.


The Big Short

Uma lenda do motociclismo

A Harley-Davidson® foi a primeira moto a ganhar uma corrida com a grande velocidade de 100 milhas por hora [Imagem: Autonxt/ Reprodução]

A trajetória da marca teve início em 1903, quando William S. Harley e os irmãos Arthur e Walter Davidson decidiram construir uma motocicleta para competir em corridas.

Rapidamente, as três primeiras unidades foram vendidas e perceberam que dali poderia vir um bom negócio.

Pouco tempo depois, um outro amigo entrou para o time e a motocicleta deles ganhou uma importante competição, em 1905 — e começaram a ter visibilidade.

Em 1912, os jovens com estilos de vida diferentes já tinham 200 pontos de vendas nos Estados Unidos e passaram a exportar suas motocicletas.

A empresa forneceu 17 mil unidades para o exército americano, entre 1917 e 1918, e após dois anos tornou-se a maior fabricante de motos do planeta.

Entre 1941 e 1945, mais de 90 mil unidades foram enviadas aos campos de batalha e por décadas foram a única fabricante de motocicletas dos EUA.

Em 1981, a empresa mudou de dono e, após desfazer uma parceria que tinham com uma outra empresa, adotaram o lema “A Águia que Voa Sozinha”.

Depois disso, vieram muitos modelos de sucesso, e com um público apaixonado, a Harley-Davidson® tornou-se mais do que uma fabricante de motocicletas.

Hoje a marca é uma lenda do motociclismo e sinônimo de estilo de vida, disseminado pelas Américas, Europa, Ásia, África e Oceania.

Se você pretende pegar a estrada no final de semana e celebrar o verdadeiro espírito de liberdade em cima de uma H-D, recomendamos ouvir bem alto “Born to Be Wild”.

Os BDRs da Harley-Davidson® são negociados na Bolsa de Valores brasileira sob o código H1OG34.

Este conteúdo não é recomendação de compra.


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