Juros altos vão persistir para combater a inflação

Saiba onde investir com a alta de preços no Brasil e no mundo

Nord Research 15/05/2022 12:00 5 min
Juros altos vão persistir para combater a inflação

Se estivéssemos falando de uma corrida mundial com base nos juros reais, ou seja, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses, o Brasil seria o dono do cavalo campeão.

Com a nova Selic, os juros reais no Brasil são de +6,69 por cento, segundo o ranking mundial de juros reais elaborado pelo portal MoneYou e pela gestora Infinity Asset Management.

Estamos à frente de países como Colômbia, México, Indonésia e Chile, mostra o levantamento.

Ranking mundial de juros reais. 1º Brasil; 2º Colômbia; 3º México; 4º Indonésia; 5º Chile; 6º Rússia; 7º Filipinas; 8º África do Sul; 9º Índia e 10º Hungria.

Como chegamos ao topo da lista

Tivemos uma das maiores elevações de juros no mundo. Enquanto países desenvolvidos, com destaque para os Estados Unidos, deixaram o “alazão” tranquilo dentro da baía, o Brasil colocou seu “pé de pano” para correr.

Por aqui, a taxa básica de juros (Selic) saiu de +2 por cento para +12,75 por cento ao ano em pouco mais de 12 meses.

O analista de renda fixa, Christopher Galvão, destaca que enquanto o banco central brasileiro se aproxima do fim do ciclo de aperto monetário, os grandes bancos centrais estão apenas começando.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, tem sido duramente criticado por ter “demorado demais” para começar a aumentar as taxas.

O banco central norte-americano decidiu acordar seu “alazão” apenas em março, quando elevou os juros pela primeira vez desde 2018, para intervalo entre 0,25 por cento e 0,5 por cento ao ano. Agora, em 4 de maio, subiu os juros em 0,50 ponto percentual para o intervalo entre 0,75 por cento e 1,00 por cento ao ano.

A escalada da inflação nos EUA foi um dos motivos que fez o Fed acordar. O país está atolado em uma inflação descontrolada que subiu para +8,5 por cento, o nível mais alto dos últimos 40 anos.

Enquanto uns despertam, outros parecem estar em um sono profundo. Na Europa, Christine Lagarde, a presidente do Banco Central Europeu, anunciou que seu programa de estímulo de compra de títulos deve se encerrar só no início do terceiro trimestre deste ano e que a primeira alta das taxas poderá vir apenas “algumas semanas” mais tarde.

O “início” do fim desse fluxo gringo

Nos últimos meses, com a melhora do sentimento em relação ao Brasil, os investidores estrangeiros notadamente investiram forte na nossa Bolsa.

Segundo o nosso analista, um dos grandes fatores que fez o nosso câmbio ter uma boa valorização no primeiro trimestre deste ano foi justamente o fato de os juros estarem em patamares elevados (devido à inflação), além da falta de opções interessantes entre os principais emergentes.

Agora, a elevação dos juros em países desenvolvidos pode mudar esse cenário, como já estamos observando desde abril, com o dólar voltando para mais de 5 reais.

Além disso, depois de um primeiro trimestre de entradas recorde, os gringos retiraram 7,7 bilhões de reais da B3 em abril e o montante de retirada em maio está em 11,6 bilhões de reais (até o dia 11 de maio, último dado disponível).

Nosso analista acredita que o ambiente de incertezas também pode afastar o capital estrangeiro. O avanço da Covid-19 na China e a expectativa de que o ritmo de alta dos juros nos Estados Unidos se mantenha nos próximos meses têm contribuído para uma volatilidade extrema nos mercados. Nesse cenário, mercados mais seguros tendem a se beneficiar.

Além disso, o mercado doméstico tende a chacoalhar um pouco mais com a aproximação das eleições em outubro. A situação fiscal ainda delicada do país combinada ao fato de não sabermos como será a política econômica a ser adotada pelo próximo presidente é um aspecto importante levado em consideração pelos investidores.

Recordes de inflação no mundo

Na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o banco central brasileiro reconheceu a necessidade de continuar subindo a Selic devido à forte pressão inflacionária, além de mostrar que também está levando em consideração a política monetária de países desenvolvidos.

“Diante da potencial persistência do processo inflacionário, a reprecificação da política monetária nos países avançados tem impactado as condições financeiras dos países emergentes", disse o comitê.

Abaixo, vemos a taxa básica de juros atual e a inflação dos últimos 12 meses ao redor do mundo.

Tabela apresenta a taxa básica de juros atual e a inflação dos últimos 12 meses ao redor do mundo.


Aqui, vale destacar que o Brasil é um dos únicos países com taxa de juro acima da inflação do último ano.

Por outro lado, enquanto os nossos juros ficarão mais parados daqui para frente, países relevantes, como os EUA, continuarão no ciclo de aperto monetário.

Ou seja, ao longo deste e do próximo ano, teremos que conviver com taxas de juros mais altas ao redor do mundo.

Como investir no cenário de inflação

A inflação americana mais forte do que o esperado segue penalizando ativos de risco à medida que o mercado observa se o Federal Reserve precisa ser mais agressivo no aperto monetário, o que afeta a atividade econômica global.

Agora, mais do que nunca, não é hora de aceitar tomar muito risco desnecessário.

Nosso analista indica que uma alternativa para ser bem remunerado (a) neste novo cenário, sem correr grandes riscos, é investindo nos pós-fixados, por serem títulos que vão render cada vez mais com as altas dos juros. Além disso, você pode garantir maior liquidez através desses títulos (especialmente através do Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária de bancos seguros), o que te permite movimentar a carteira quando outras boas oportunidades aparecerem no meio do caminho.

Estamos batendo nessa tecla há algum tempo...

Em momentos de volatilidade do mercado, a melhor lição é ficar atento aos riscos desnecessários que podem comprometer a rentabilidade do seu portfólio.

Vamos, primeiro, buscar segurança e bons retornos.

Um abraço,

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