Frigoríficos: aposte suas fichas na Minerva (BEEF3)

Bolsas internacionais abrem em queda, neste início de semana, com apostas de que o Fed tenha que endurecer seu aperto monetário

Nord Research 13/06/2022 12:45 8 min Atualizado em: 13/06/2022 17:23
Frigoríficos: aposte suas fichas na Minerva (BEEF3)


Nord Insider


Nesta segunda-feira, 13, o pré-mercado de Nova York abre em queda, guiado principalmente pelo receio dos investidores de que os principais bancos centrais do mundo tenham de agir agressivamente para deter a alta dos preços. Por falar nos BCs, esta semana conta com a Super-Quarta, com decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos.

Na agenda econômica, será divulgada a publicação da balança comercial de maio. Nos Estados Unidos, destaque para o discurso de Lael Brainard, integrante do Fomc.

Principais assuntos de hoje:

  • Reiteramos compra em BEEF3;
  • As 5 ações mais shorteadas nos últimos meses.

Com virada do ciclo do gado no Brasil, analista da Nord põe as fichas na Minerva


As perspectivas dos três maiores frigoríficos de carne bovina com operações no Brasil – JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) – indicam que, nos próximos meses, a oferta de boi gordo será maior por conta da virada de ciclo pecuário, que deve levar à queda da arroba em termos reais e à melhora das margens nos próximos meses.

Ciclo pecuário

De acordo com o analista André Zonaro, responsável pela carteira Nord Small Caps, o  ciclo pecuário reduz o principal custo dos frigoríficos: a compra do gado. Primeiro, é preciso entender que o mercado pecuário passa por comportamentos sazonais, com ciclos de alta e de baixa oferta.

Em um ciclo de baixa da pecuária, os preços pouco atrativos estimulam o abate de fêmeas, reduzindo gradativamente a produção e, consequentemente, a oferta de bezerros. Por outro lado, quando a produção de bezerros está maior, como consequência, o preço dos bezerros diminui e o produtor aumenta a quantidade de vacas disponíveis para abate.

Perceba como o ciclo nada mais é do que um jogo entre oferta e demanda de bezerros e a decisão do produtor, conforme o mercado, de aumentar a venda de vacas e novilhas.

Ciclo positivo para frigoríficos

Nosso analista vê que os frigoríficos estão entrando em um cenário que favorece margens maiores nos próximos meses, uma vez que o preço do boi gordo ficará mais barato, devido ao ciclo positivo, e os preços da carne bovina devem permanecer fortes. Não vemos, por enquanto, aspectos preocupantes em relação ao consumo.

Otimismo para exportadoras

O mercado externo é importante para a indústria engordar margens. No primeiro quadrimestre deste ano, as exportações brasileiras de carne bovina cresceram +30 por cento em relação ao mesmo período de 2021, de acordo com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

Para os próximos meses, continuamos a ver tendências sólidas à frente com forte demanda  ao redor do mundo, sobretudo da China conforme o lockdown é removido no país asiático.

Minerva é quem mais se beneficiará do cenário

Na avaliação do nosso analista, a Minerva é quem mais se beneficiará do cenário, uma vez que sua produção está concentrada na América do Sul, com forte relevância no Brasil, onde o ciclo pecuário está favorecendo os frigoríficos. Seus concorrentes, por sua vez, têm operações fora do Brasil, onde o ciclo não está favorável. Assim, a perspectiva é de aumento nas margens de Minerva frente aos concorrentes. Nesse contexto, a companhia controlada pela família Vilela de Queiroz pode comprar gado mais barato e escolher para onde exportar seus cortes de carne.

A exportação representa 80 por cento dos negócios da Minerva e as vendas internas 20 por cento. Com isso, a empresa consegue contornar o fraco consumo da proteína no Brasil.

Apesar de melhores preços nas prateleiras para o consumidor final, o mercado espera que o consumo de carne no Brasil não cresça em 2022 devido à inflação alta, que faz o consumo da proteína animal cair e mudar o cardápio para opções mais baratas.

Mercado estrangeiro deve compensar demanda doméstica fraca

O nosso analista acredita que Minerva deve continuar se beneficiando de uma demanda global aquecida por proteína nos próximos anos, especialmente porque os países desenvolvidos continuam aumentando o consumo de carne bovina per capita (doméstico).

A Minerva possui relevância e eficiência no mercado asiático (especialmente na China) e nos Estados Unidos, com a representação de 30 por cento e 10 por cento dos negócios, respectivamente.

Principais riscos

Na ponta negativa, nosso analista aponta que questões climáticas desfavoráveis podem prejudicar a operação, bem como a alta do dólar, que impacta diretamente nos preços de commodities agrícolas. A depender da cotação do dólar e do preço da arroba, os resultados podem ter interferência negativa.

Por fim, vemos a persistência da inflação como um risco para Minerva e outros frigoríficos no geral, uma vez que a demanda por carne bovina está relacionada à renda.

Potencial de valorização

Ainda vemos potencial de valorização para as ações da Minerva. Diante da demanda externa e virada do ciclo, a companhia pode entregar forte crescimento de receita e EBITDA. A empresa negocia hoje a múltiplos de 5,5x EBITDA 2022, abaixo da média histórica dos últimos 10 anos e entregando um dividend yield de 5 por cento nos últimos 12 meses.

As 5 ações mais shorteadas nos últimos meses


Algumas pessoas pensam que para ganhar dinheiro com ações, precisa comprar a ação certa, embasado na possibilidade de crescimento, perenidade, sustentabilidade e rentabilidade e aguardar alguma valorização.

Caso você não saiba, é possível lucrar tanto com a alta quanto com a baixa de uma ação – sendo este um investimento mais arriscado para o investidor iniciante.

O que é uma operação short

A operação short, também conhecida como operar vendido e/ou venda a descoberto, é uma estratégia em que o investidor espera lucrar com a queda do preço do ativo.

De acordo com a analista da Nord Research, Danielle Lopes, o short é considerado um contrassenso aos investimentos porque, ao operar vendido, você está apostando na queda da cotação do ativo. Normalmente, o investidor busca obter lucros na alta, o que o deixa bastante inseguro para fazer a operação inversa.

Como funciona

O short é realizado por meio do aluguel de ações. Nesse caso, você vende a ação que acredita que vai cair. Contudo, conforme mencionamos anteriormente, se houver uma valorização você perde dinheiro.

Como a venda ocorre sem a posse do ativo, a operação é feita como um empréstimo. Você paga uma taxa para se tornar o tomador da ação (alugando-a temporariamente) e automaticamente a vende.

Essa operação pode ser iniciada e encerrada no mesmo dia ou o investidor pode “dormir” vendido em um ativo. Para o investidor “dormir posicionado”, a corretora ou instituição financeira precisa assegurá-la junto ao banco de aluguel, chamado de BTC (Banco de Títulos da CBLC).

Custos da operação

Os custos da operação podem impactar diretamente a rentabilidade. Por isso, o investidor deve entender os resultados pretendidos com a operação, de modo que o retorno objetivo supere os custos. São eles:

  • Taxa de corretagem, aplicada no momento da compra e venda das ações;
  • Taxa de BTC (que é o custo do aluguel e varia de acordo com o ativo);
  • Taxa de Intermediação, que normalmente é de 0,25 por cento ao ano para o tomador;
  • Emolumentos, que servem para remunerar a bolsa de valores, a B3.

Exemplo de como calcular a taxa de tomador:

Imagine a posição de venda de 100 ações da Vale (VALE3) pelo Preço Base de 20,07 reais por ação.

Portanto, volume financeiro do contrato do aluguel é 20,07 reais x 100 = 2.007,00 reais

A nova taxa do aluguel tomador será de 2.007,00 reais x 0,25 por cento, ou seja, 5,02 reais.

Além dos custos citados acima, a corretora exigirá uma garantia, como dinheiro e outros investimentos, para manter “travado” na corretora caso o ativo suba demais e quem estiver na posição vendida precise zerar a posição.

Geralmente, a corretora exige 140 por cento do valor da operação vendida em garantias.

Riscos do short

Quando você faz uma operação de short, além da possibilidade de perdas ilimitadas (a ação não tem um teto para alcançar a valorização), você tem o risco da taxa de aluguel paga ao dono do ativo (doador).

Nossa analista explica que, dependendo da demanda por um determinado ativo no mercado, o investidor pode sofrer altos custos com a taxa de aluguel.

Para se ter uma ideia, levantamos as cinco maiores taxas para operar vendido (short) na Bolsa.

Nota-se que para montar uma posição vendida nas ações do Inter (BIDI4), que acumula queda de -61,91 por cento neste ano, a ponta vendida precisa pagar uma taxa de 66 por cento.

Tabela apresenta top 5 maiores taxas para venda a descoberto (Short).

Ou seja, mesmo que você obtenha lucros com a operação, é possível que o retorno real seja negativo por conta dos custos com a taxa de aluguel.

Como saber se esse investimento é adequado para mim?

Como deu para perceber, essa operação envolve estratégias complexas e é voltada para quem tem mais experiência e conhecimento no mercado de ações.

Em momentos de fortes altas, o investidor que está na posição contrária pode sofrer o que chamamos de chamada de margem e deverá depositar mais garantias para manter o short funcionando.

Nossa analista reforça que é importante respeitar seu perfil de investidor. No caso do short, recomendamos o uso apenas para quem tem perfil agressivo, principalmente diante dos aspectos psicológicos, para se sentir confortável em uma operação contrária.

Se você ainda não sabe qual é o seu perfil de investidor, no nosso canal no YouTube, a Marilia Fontes explica em detalhes como descobrir o seu perfil de risco (assistir ao vídeo).


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