Finalmente chegou a hora de comprar Tesouro IPCA+ 2045?

Bolsas mundiais sobem com resultados nos EUA

Nord Research 02/02/2022 14:02 8 min
Finalmente chegou a hora de comprar Tesouro IPCA+ 2045?

Nord Insider

Olá, investidor.

Nesta quarta-feira, 2, os mercados globais operam no campo positivo, caminhando para uma sequência de quatro altas em meio a resultados de empresas e dados macroeconômicos. Ontem, Dow Jones, S&P500 e Nasdaq reverteram parte das perdas apesar de sinais de inflação mais forte e alta dos juros longos.

Na agenda econômica, o destaque vai para a decisão de juros do Copom e para os dados de Produção Industrial de dezembro divulgados pelo IBGE. Na temporada local de balanços, o Santander (SANB11) divulga seus resultados do 4T21, antes da abertura, e a Cielo (CIEL3) após o fechamento. Nos Estados Unidos, o destaque vai para a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que se reúne hoje para definir a produção de março.


CVM suspende decisão sobre rendimentos do FII Maxi Renda

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) suspendeu temporariamente a decisão sobre os rendimentos do FII Maxi Renda (MXRF11). O comunicado fez as cotas do fundo valorizarem encerrando a sessão de ontem, 1º, em alta de +3,35 por cento.

Somente na semana passada, o FII MXRF11 desvalorizou -9,5 por cento, em decorrência da decisão de que o fundo não poderia distribuir mais dividendos do que o lucro acumulado pela carteira.

Apesar de a CVM ter acolhido o pedido de efeito suspensivo feito pelo administrador do Maxi Renda Fundo de Investimento Imobiliário, o BTG Pactual, não significa o fim do imbróglio. Em nota, a xerife do mercado de capitais esclareceu que “o efeito suspensivo cessará na hipótese de não apresentação do pedido de reconsideração no prazo de 15 dias úteis contados da comunicação da decisão”, disse a autarquia.

Entenda o caso FII Maxi Renda

Na terça-feira, 25, o FII MXRF11 divulgou, em fato relevante, uma nova regra da CVM para distribuição de dividendos por fundos — e isso gerou uma jurisprudência que pode impactar os outros fundos da indústria.

Posteriormente, o temor do mercado foi confirmado pela CVM. “A referida decisão envolveu um caso específico. Contudo, o entendimento ali manifestado pode se aplicar aos demais fundos de investimento imobiliário que tenham características similares às do caso analisado”, declarou a instituição em comunicado na última quinta-feira, 27.

É importante ressaltar que não existe uma definição contábil para lucro caixa, mas foi concebido para que o regime de distribuição dos FIIs no Brasil fosse semelhante ao praticado pelos Fundos Imobiliários Americanos (REITs). Em tese, tudo o que excede não poderia ser tratado como esse tipo de provento.

Entretanto, o Art. 10 da Lei 8.668 permite que os fundos imobiliários distribuam ao menos 95 por cento dos lucros caixa apurados no semestre, modelo seguido pelos fundos atualmente.


BTG mira expansão no varejo com gestão de fortunas

O BTG Pactual (BPAC11) vai ampliar a presença geográfica do seu negócio de gestão de fortunas (Wealth Management) com a abertura de dois escritórios “private” próprios no Nordeste, com foco em clientes com pelo menos 10 milhões de reais em patrimônio. Essa é uma das áreas que a instituição se beneficia diretamente do sucesso do varejo digital e que no trimestre passado atingiu um volume sob gestão (WuM) de 400 bilhões de reais (crescimento de +81 por cento).

Ainda neste semestre, o BTG está com planos de ampliar as atuações do seu escritório em Lisboa, que atende principalmente os clientes brasileiros em Portugal.

Para os dois novos escritórios no Nordeste (Salvador e Fortaleza), a ideia é “desafogar” a base do BTG em Recife, que atualmente cobre toda a região. Quanto à expansão em Lisboa, o banco planeja ser mais do que um escritório de representação e aguarda aprovação do Banco Central de Portugal para se tornar gestor de patrimônio e corretor certificado no país.

Para o analista de ações Victor Bueno, do time Nord 10X, as recentes movimentações do BTG, incluindo a aquisição de 100 por cento do capital social da corretora Elite Investimentos, aumentam ainda mais o potencial de captação do banco. O nosso analista reforça que, no último trimestre, a captação ficou próxima a 30 bilhões de reais mensais. Por pouco, o valor de ativos sob custódia (AuM + AuA + WuM) não alcançou a marca de 1 trilhão de reais no 3T21.

Diante das perspectivas positivas, mantemos nossa recomendação de compra para BPAC11.


Entrando no detalhe

Com Selic de volta a 2 dígitos, vale a pena comprar Tesouro IPCA+ 2045?

O título da dívida pública Tesouro IPCA+ com vencimento para o ano de 2045 oferece juro real de +5,59 por cento ao ano, bem acima da inflação.

O investimento de renda fixa está com um prêmio maior por conta da piora na percepção do risco fiscal e das expectativas de inflação no Brasil, que seguem desancoradas do centro da meta. Para piorar, o cenário externo mais desafiador engrossa o debate sobre o rumo dos juros por aqui.

Decisão do Copom Sobre a Selic

A aposta dos especialistas do mercado é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 1,5 ponto porcentual nesta quarta-feira, 2, passando de +9,25 por cento para +10,75 por cento.

Com a Selic devendo voltar para o patamar de dois dígitos após quase cinco anos, é um bom momento para investir no Tesouro IPCA+ 2045?

A resposta é: não.  

O que você precisa saber

Quando estamos em um momento de crise, a gente tende a pensar que estamos atravessando a maior crise da nossa história — com você é assim?

O que realmente chamou a atenção da nossa analista de renda fixa, Marilia Fontes, é que as crises passadas foram deflacionárias (quando os preços tendem a subir menos) e a crise atual é por conta da disparada da inflação. Isso muda tudo.

Na toada de alta da inflação, os bancos centrais ao redor do mundo tomaram decisões de política monetária para elevar a taxa de juros em meio a riscos inflacionários.

Nos Estados Unidos, já com sinalizações mais duras, o Fed pode surpreender o mercado e elevar os juros mais do que o mercado está precificando. Se isso acontecer, colocará uma pressão altista nas taxas de juros do mundo todo.

Não sabemos o que vai acontecer adiante, mas levando em consideração a tendência de juros altos no mundo, não achamos uma boa ideia se “travar” em um investimento de longo prazo. Mesmo pensando na aposentadoria.

Imagine que cada 2 por cento a mais de juro que você “trava” para a sua aposentadoria durante 30 anos equivale a 70 por cento a mais de retorno. Seguindo essa lógica, todo 2 por cento conta, todo 1 por cento conta e todo 0,5 por cento conta, sobretudo se o seu objetivo for antecipar a sua aposentadoria.

Quando bater a vontade de comprar IPCA+ 2045, com juro real de +5 por cento ao ano, lembre-se de que, no ano de 2016, o IPCA longo foi de +7,5 por cento ao ano.

Se mesmo assim a vontade não passar, envie uma mensagem para o time do Renda Fixa Pro ajudar você.


Relevante agora

Estrangeiro entra em 2022 comprando Brasil


Os investidores estrangeiros têm se animado bastante com a bolsa brasileira nos últimos tempos. O motivo? Ações descontadas e juros acima de +10 por cento.

Para se ter uma ideia, no mês de janeiro, o fluxo de entrada de dinheiro gringo foi de 28 bilhões de reais, enquanto a média do ano de 2021 foi 8 bilhões de reais.

Olhando para os dados mais recentes da B3, parece que o estrangeiro está comprando a alocação dos locais, principalmente de pessoas físicas que viram sua participação na B3 recuar de 21 por cento no ano passado para 16 por cento no momento. Com isso, a participação do gringo tem crescido 6 p.p na bolsa brasileira — avançando para 53 por cento.

Todo esse fluxo recente fez com que o analista de fundos da Nord Research, Luiz Felippo, levantasse dois pontos: (i) teria a Bolsa sustentação para seguir subindo sem o dinheiro gringo? O fundamento para este ano ainda parece ser de uma atividade econômica bem fraca e juros altos — o que, historicamente, não é bom pra Bolsa. (ii) Teria o investidor comum desistido da Bolsa e buscado o conforto do doce CDI?

Na visão do nosso analista, uma hipótese dentro do atual cenário é que os investidores pessoa física foram com muita sede ao pote entre 2016 e 2019, período que a Bolsa bombou. Depois, na queda de 2020, a recuperação foi muito rápida e, claro, veio a ilusão de que “Bolsa é molezinha”. Não é óbvio, mas diante das recentes desvalorizações dos ativos, os investidores PF podem ter “desistido” da Bolsa no momento e ido buscar refúgio no doce CDI a fim de recuperar parte das perdas. Se for isso, é terrível. Afinal, é impossível recuperar as perdas de Bolsa no CDI. Fica o nosso questionamento.

No nosso entendimento, o mais saudável (e mais rentável também) é o investidor ter um portfólio completo com investimentos em renda fixa, fundos multimercados, fundos de ações e ativos no exterior — sempre de acordo com seus objetivos e perfil (a depender do momento).

Vemos que ter um portfólio alinhado com o nível de tolerância a risco é essencial. Além disso, todo investidor é arrojado na alta e conservador na queda.


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