FII MXRF11: Entenda a decisão definitiva da CVM

Índices americanos recuam na manhã desta quarta após fala de Powell quanto às altas de juros nos Estados Unidos

Nord Research 18/05/2022 13:08 11 min
FII MXRF11: Entenda a decisão definitiva da CVM

Nord Insider

Nesta quarta-feira,18, o pré-mercado de Nova York abre em queda com os investidores repercutindo os comentários considerados mais hawkish (duros com relação à inflação) do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

Na agenda econômica, os investidores ficarão atentos ao vencimento de opções sobre o Ibovespa, às 17h. Nos Estados Unidos, será divulgada a variação de estoques de petróleo semanal, às 11h, e acontece o leilão primário de Treasuries de 20 anos, às 14h.

Principais assuntos de hoje:

  • FII MXRF11: Entenda a decisão definitiva da CVM;
  • Nubank registra prejuízo no 1T22;
  • Opinião: Warren Buffett compra ações do Citi;
  • É hora de comprar Ambipar;
  • Fim do ciclo de alta da Selic?
  • Após Dynamo, Atmos reabre para captação.

Distribuição de dividendos do Maxi Renda (MXRF11) é regular, decide CVM


O colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu por unanimidade na terça-feira, dia 17, reconhecer a regularidade do tratamento contábil dado à distribuição de proventos pelo FII Maxi Renda (MXRF11).

[Fonte: Ata da CVM e Fato Relevante do FII MXRF11]

Na ata da reunião, o colegiado informa que o tratamento contábil na distribuição de lucro caixa excedente em prejuízos ou lucros acumulados, e não como amortização de cotas integralizadas, tem caráter legal, prevalecendo dessa forma o que já foi estabelecido na lei 8.668/93, no seu artigo 10º, parágrafo único, em que o “fundo deverá distribuir a seus quotistas, no mínimo, noventa e cinco por cento dos lucros auferidos, apurados segundo o regime de caixa, com base em balanço ou balancete semestral encerrado em 30 de junho e 31 de dezembro de cada ano”.


O que muda para os investidores de FIIs?


De acordo com o especialista em FIIs, Marx Gonçalves, embora a decisão não deva servir de gatilho para grandes mudanças de precificação nos FIIs, que seguem de modo geral negociando com descontos relevantes, ela certamente será bem recebida pelo mercado, já que essa era uma incerteza que vinha pairando no ar desde janeiro.

Melhorias na transparência da indústria

Nosso analista destaca ainda que a CVM também se mostrou preocupada com a necessidade de maior transparência aos investidores em casos em que há distribuição de lucro caixa em excesso em relação ao lucro contábil do período.

Nesse sentido, a autarquia está avaliando a implementação de algumas exigências para uma melhor padronização informacional sobre o tema.  

Além de legítima, essa demanda por mais clareza sobre essa questão tende a melhorar ainda mais a transparência desse mercado, gerando benefícios principalmente aos investidores.


Relembre o caso Maxi Renda (MXRF11)

Na terça, dia 17, o colegiado da CVM reverteu a sua decisão anterior do caso envolvendo o MXRF, a qual previa que o Fundo realizasse distribuições de rendimentos desde que limitadas ao lucro contábil do exercício ou acumulado, sendo que distribuições superiores a esse valor deveriam ser feitas no formato de amortização.

Como sabemos, aquela controversa decisão havia sido fortemente contestada pelo mercado por gerar um precedente capaz de afetar diretamente o atual regime de distribuição da indústria de fundos imobiliários como um todo.

Mas agora tudo isso é passado...

Com a nova decisão do colegiado, prevalece o regime de distribuição que já vinha sendo adotado pelo mercado conforme estabelecido na lei 8.668/93, de modo que tudo segue como está.


Nubank (NUBR33) tem prejuízo no 1º trimestre e alta na inadimplência

Os investidores ficaram confusos com a manchete de dois dos principais jornais de notícias do País após o resultado do Nubank divulgado no início da noite de segunda-feira, dia 16.

De um lado, o editor otimista: “Nubank registra lucro de 10,1 milhões de dólares no 1º trimestre, o mais forte de sua história, diz fundador”. Do outro, o pessimista: “Nubank tem prejuízo de 45 milhões de dólares e vê inadimplência crescer no 1º trimestre”.

Afinal, quem está certo?

Segundo a analista da Nord Research, Danielle Lopes, o Nubank (NUBR33) registrou um prejuízo menor no 1T22, mas por outro lado, a retirada de eventos não recorrentes para obter um lucro ajustado não traz o real crescimento para o negócio por ser um valor extremamente baixo e que não deve ser considerado como um grande acerto da companhia.

A base de clientes do banco digital alcançou 59,6 milhões, com a conquista de 5,7 milhões no primeiro trimestre, em um crescimento de +60,7 por cento na comparação anual.

Destaca-se o aumento de clientes ativos no site (consumindo produtos e cartões de crédito, pré-pago e Ultravioleta), por isso a receita teve alta anual de +258 por cento.

Contudo, desde o começo, o Nubank opera com prejuízo — embora tenha colocado um lucro líquido ajustado, descontando alguns eventos não recorrentes, seria de 11,9 milhões de dólares, o que consideramos muito baixo e pouco significativo.

No resultado não ajustado, a fintech teve prejuízo líquido de 45,1 milhões de dólares, número abaixo dos 54,4 milhões de dólares registrados no mesmo período do ano passado.

A receita mensal por cliente ativo cresceu +91 por cento, o que é esperado dado o tamanho da sua base (59,6 milhões de clientes), mas, por outro lado, a receita média mensal por cliente ficou em 6,7 dólares (muito pouco).

Outro ponto de atenção é o índice de inadimplência do banco digital, que cresceu 0,7 ponto percentual desde dezembro do ano passado por conta de empréstimos pessoais em maior escala. A nosso ver, os atrasos de pagamentos devem continuar aumentando até o fim deste ano.

Contudo, o mercado gostou do resultado (veio acima das expectativas), mas continuamos céticos em relação aos números diante da enorme base de clientes e a lentidão para monetizá-los.

Nossa analista destaca ainda que, na terça-feira, dia 17, terminou o lock-up (período em que os investidores ficam impedidos de vender as ações) dos papéis do Nubank e, segundo o CEO, os acionistas não manifestaram intenção de vendê-los. Essa liberação só vale para fundadores e acionistas pré-IPO. Caso ocorram vendas, acreditamos que o movimento pode prejudicar ainda mais os acionistas pessoa física.

Com o cenário ainda incerto de juros e inflação, acreditamos que o banco digital não deverá conseguir crescer muito sem tentar alguma aquisição mais arriscada para o negócio. Dito isso, reiteramos nossa recomendação para ficar de fora das ações do Nubank.

Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, monta posição no Citigroup

Warren Buffett não hesita em ir às compras quando acha que vale a pena.

A Berkshire Hathaway Inc. desembolsou mais de 50 bilhões de dólares no primeiro trimestre em diversas empresas, incluindo uma participação de cerca de 2,8 por cento no capital do Citigroup por 3 bilhões de dólares.

Para Henrique Vasconcellos, analista da carteira O Investidor de Valor da Nord Research, assim como nas transações anteriores no início deste ano, especialmente uma posição na HP Inc., não parece ser uma empresa que Buffett comprou por conta do crescimento, mas sim por estar muito barata (atualmente negocia 5,8x lucro).


Nosso analista destaca ainda que o mercado espera um 2022 ruim para o Citi (projeções acima), com um crescimento pequeno nos próximos anos.

Com base nas perspectivas de crescimento, mesmo a esses múltiplos, consideramos que não vale a pena. Mas pode ser que algo esteja acontecendo dentro da empresa e ainda não tenha aparecido nos resultados...  

No setor financeiro dos EUA, mesmo que mais caros, outros bancos têm crescido mais que o Citigroup, por exemplo o Bank of America e o JP Morgan, que crescem mais desde a crise de 2008 — inclusive, o BofA faz parte do portfólio da Berkshire.


Ambipar (AMBP3): Ebitda salta +180 por cento em virtude do crescimento via M&A


A Ambipar divulgou seus resultados do primeiro trimestre de 2022 (1T22) acima das nossas estimativas. O lucro líquido foi de 49 milhões de reais no primeiro trimestre, alta de +51,7 por cento frente ao 1T21.

As receitas líquidas da companhia somaram 766 milhões de reais entre janeiro e março deste ano, um crescimento relevante de +192 por cento na comparação sobre igual período de 2021.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de 203,7 milhões de reais no primeiro trimestre, alta de +180,1 por cento em um ano.

O analista Fabiano Vaz, responsável pela cobertura do ativo na Nord Research, destaca que o crescimento expressivo da receita ocorreu devido às recentes incorporações e ganhos de sinergia com aquisições, além do aumento de contratos (orgânico) ao longo do ano passado na divisão de Environment (soluções ambientais).

Já na divisão de Response (proteção ao meio ambiente), o nosso analista aponta que o crescimento orgânico por meio de novas bases de atendimento e algumas aquisições refletiu no bom desempenho do trimestre.

Como resultado, o Ebitda refletiu o crescimento das duas divisões (Environment e Response), porém a margem Ebitda teve uma queda de 1,1 p.p., pressionada pela queda das margens da Response, que recuaram com os maiores resultados das operações internacionais, nas quais a divisão possui margens mais baixas.

O lucro líquido diminuiu frente ao trimestre anterior, como esperávamos, devido às despesas financeiras (juros de dívidas) mais altas refletindo o aumento do CDI.

Com base nos números do 1T22, vemos a Ambipar sendo negociada a apenas 8,4x Ebitda com boas perspectivas de manter esse forte ritmo de crescimento nos próximos trimestres.

Veja mais informações sobre o crescimento médio e os riscos de se investir na Ambipar (assistir vídeo).

Recomendação: Comprar




Entrando no detalhe

Fim do ciclo de alta da Selic? Mercado está dividido sobre sinalização do Copom

Ainda não há consenso no mercado financeiro sobre o fim do ciclo de alta de juros na próxima reunião do Copom em junho. Atualmente, os juros básicos estão em +12,75 por cento ao ano e a projeção é de que encerrem em +13,25 por cento ao ano.

Na última reunião, o comitê sinalizou que “estamos entrando em um estágio de ajuste fino do ciclo final”, mas não menciona de forma clara se a extensão do ciclo de alta para junho (indo além da taxa final de +12,75 por cento, indicada anteriormente na reunião do Copom de março) poderia ser o fim do ciclo.

O analista Christopher Galvão, da carteira Renda Fixa Pro, considera possível a alta de juros básicos seguir além de +13,25 por cento ao ano devido ao problema inflacionário no País, ainda em patamares muito elevados. Além disso, os principais bancos centrais, especialmente dos Estados Unidos, vão ter que continuar subindo os juros na tentativa de desacelerar a inflação.


Ou seja, diante da potencial persistência do processo inflacionário e da reprecificação da política monetária nos países desenvolvidos, vemos chances de uma possível extensão do ciclo de aperto para além de +13,25 por cento ao ano.

Outra alternativa do banco central brasileiro seria manter os juros no patamar de +13,25 por cento por um período maior de tempo e, de fato, há pressões para que a Selic fique em patamares elevados por mais tempo do que o BC (e até o mercado) estava imaginando há alguns meses. A decisão vai depender da evolução do cenário de inflação doméstica e internacional.

Consideramos que o banco central está próximo do fim do ciclo de alta da Selic, visto que a maior parte do ajuste foi feita nos últimos trimestres. Além disso, vale ressaltar que os efeitos de um movimento nos juros levam cerca de doze meses a um ano e meio para fazer efeito na economia como um todo. Com isso, os impactos das altas da Selic realizadas no ano passado ainda serão sentidos neste ano.

Vemos que o BC estará atento ao grau de resposta das altas do juro na inflação ao longo dos próximos trimestres.

E você? Qual a sua opinião sobre os rumos para a Selic este ano: vai ficar acima de +13,25 por cento ou não?


Relevante agora

Atmos reabre fundo de investimento em ações para captar 2 bilhões de reais


Após a Dynamo ter reaberto o Fundo Dynamo Cougar para novas aplicações, agora é a vez da gestora Atmos Capital.

Segundo o Brazil Journal, a Atmos pretende captar até 1,5 bilhão de reais em um novo feeder público que espelha seu fundo flagship, o Atmos Ações FIC FIA, e pelo menos 500 milhões de reais em feeders exclusivos, geralmente usados para atender family offices e private banks.

O especialista em fundos Luiz Felippo acredita que o movimento é mais um sinal de que há boas oportunidades na bolsa brasileira, afinal, tipicamente, esses fundos reabrem quando temos momentos de bolsa mais difíceis.

Para ele, a reabertura do fundo não significa que a bolsa não vai cair mais — isso é impossível de saber —, mas destaca que o investidor precisa ter ciência de que é importante estar sempre alocado. Ficar fazendo grandes movimentos de market timing (comprar e zerar posições) só te faz perder tempo e dinheiro. O segredo do sucesso está em manter uma alocação equilibrada, escolher bem os seus cavalos e seguir em frente.

Com mais de 12 bilhões de reais sob gestão, a Atmos é referência no mercado financeiro. Seus ativos bateram 17 bilhões de reais no pico do mercado em julho do ano passado e o grupo tem um dos melhores históricos do buyside brasileiro.

Para se ter uma noção de retorno, o Atmos Ações tem uma rentabilidade acumulada de +675 por cento desde o início em outubro de 2009, contra +62 por cento do Ibovespa — o que equivale a um retorno anual médio de +17,8 por cento contra +3,92 por cento para a Bolsa.


Meme do dia

Tópicos Relacionados

Compartilhar