Confuso com o desempenho da bolsa neste início de ano? Entenda o cenário

Nesta segunda-feira, 17, os principais índices acionários no exterior iniciam a semana em leve alta

Nord Research 17/01/2022 14:03 6 min
Confuso com o desempenho da bolsa neste início de ano? Entenda o cenário

Nord Insider

Olá,

Nesta segunda-feira, 17, com uma possível redução de liquidez em dia de mercado americano fechado por conta do feriado de Martin Luther King Jr, os principais índices acionários no exterior iniciam a semana em leve alta.

Destaque para a economia da China, que cresceu +8,1 por cento em 2021 e +4 por cento no quarto trimestre, de acordo com os dados da Agência Nacional de Estatísticas. No 4º trimestre, houve uma desaceleração ante a alta de +4,9 por cento no 3º trimestre devido a uma demanda mais fraca, em razão das novas restrições com a pandemia e problemas no setor imobiliário.

Na agenda econômica, sai o relatório Focus com as projeções do mercado para a economia brasileira, o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de janeiro e o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de novembro.

Confuso com o desempenho da bolsa neste início de ano? Entenda o cenário atual

O Ibovespa inverteu o sinal negativo da primeira semana do ano e encerrou a segunda em alta de +1,33 por cento, aos 106.927 pontos. No acumulado, a valorização foi de +4,10 por cento, enquanto as bolsas americanas e europeias acumularam perdas.

Se você acompanha o sobe e desce dos investimentos na bolsa, deve conhecer uns 10 amigos que infartaram em 2021 (risos).

Brincadeiras à parte, 2022 promete ser ainda mais conturbado politicamente no Brasil, e podemos esperar que o mercado financeiro seja afetado pelas dinâmicas eleitorais. Entenda o que está acontecendo.

Opção de Lula por Mantega

Com a chegada das eleições presidenciais, Bruce Barbosa, analista de ações e sócio-fundador da Nord Research, diz que estamos sofrendo agora em grande parte porque o Lula escalou Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda de sua gestão e de Dilma Rousseff, como um porta-voz na área econômica, o que foi visto pelo mercado com grande preocupação.

O Bruce também acredita que todos os presidenciáveis sabem, lá no fundo, que é necessário ter uma política fiscal crível, de contenção de gastos, para evitar novos aumentos na taxa de juros e recessões futuras. Não custa lembrar que a crise entre 2015 e 2016 culminou no impeachment da ex-presidente Dilma.

Desmonte do teto de gastos

No encerramento de 2021, a emenda constitucional do teto de gastos completou cinco anos e passou por mudanças significativas feitas pelo atual governo. A norma foi alterada para expandir gastos por meio da PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios. Conforme se aproximam os debates eleitorais, crescem as pressões em relação aos gastos públicos sem a implementação de novas medidas para cortar custos e aumentar as receitas.

O mercado está precificado

Na visão do Bruce, o mercado já precificou um cenário bem ruim nos últimos meses, com os juros futuros em alta. Para ele, existe uma descrença muito grande em torno da política fiscal que será adotada pelo próximo presidente.

É difícil prever o que pode acontecer, mas o nosso analista acredita que a bolsa brasileira tem potencial para encerrar 2022 na máxima histórica, entre 130 mil e 140 mil pontos. Destacamos também que se o próximo presidente demonstrar racionalidade, do ponto de vista econômico, e sinalizar uma política fiscal crível, as expectativas tendem a se reverter.

Por fim, apesar do tom populista que algumas campanhas costumam adotar, acreditamos que o senso de sobrevivência e o pragmatismo devem prevalecer após as eleições.

Há espaço para ações dos grandes bancos avançarem em 2022?

De uma forma geral, os grandes bancos apresentaram balanços com resultados bons em 2021, mas isso não se refletiu no desempenho das ações listadas em bolsa.

No ano passado, segundo dados de mercado, as units do Santander (SANB11) caíram -28,26 por cento, os papéis PN do Itaú Unibanco (ITUB4) desvalorizaram -17,22 por cento, enquanto Bradesco PN (BBDC4) retrocedeu -19,06 por cento e Banco do Brasil ON (BBAS3), -20,76 por cento.

Por que as ações dos bancos estão caindo?

A ameaça dos bancos digitais tem uma fatia de participação. Os grandes bancos continuam ainda lucrando bastante e buscando melhorar a eficiência operacional. Contudo, tendo em vista as áreas de seguridade e serviços e crédito (as mais lucrativas e escaláveis), vemos que não crescem há bastante tempo.

Gráfico: Lucro líquido recorrente (R$ bilhões) e ROE (%).
Fonte: RI Itaú. Elaboração: Nord Research

Destacamos que o desempenho foi pior em 2020 por conta da pandemia e, no ano seguinte, em 2021, as instituições reduziram as provisões para perdas com calotes e viram aumento de crédito e receitas, porém reforçamos o nosso alerta para o grande gerador de lucro, ou seja, seguridade e serviços. Não por acaso, as fintechs vêm atacando essa área em que os bancões enfrentam dificuldade para crescer.

Nomeando nossas preferências

Destacamos a XP Investimentos (XPBR31) e o BTG Pactual (BPAC11) como nossas preferências no setor, por vermos melhores perspectivas de crescimento e entrega de resultados no médio e longo prazo. Para se ter uma  ideia, o lucro de ambos cresce muito mais comparado ao Itaú, conforme o gráfico.

Gráficos apresentam Lucro do Itaú Unibanco comparado a XP Investimentos e BTG Pactual.
Lucro do Itaú Unibanco comparado a XP Investimentos e BTG Pactual. Fonte: Bloomberg

Durou pouco: após quedas, Nubank deixa de ser o banco mais valioso da América Latina


Ainda no setor, outra ação que vem perdendo valor de mercado é a do Nubank (NYSE: NU), que deixou de ser o banco mais valioso da América Latina após quedas.

Na sexta-feira, 14, o banco roxo terminou avaliado em 37,4 bilhões de dólares, abaixo do valor de estreia na bolsa de Nova York, em dezembro, valendo quase 42 bilhões de dólares.

Período de queda

Neste início de 2022, o Nubank não escapou da maior volatilidade do mercado internacional por conta do aumento das taxas de juros mais cedo e mais rápido do que o esperado nos Estados Unidos, que tem efeito extra sobre as empresas mais dependentes do crescimento econômico, como as de tecnologia.

Porém, conforme apontou o InfoMoney, o movimento de queda é geral. O índice de empresas de tecnologia Nasdaq já cai quase -5 por cento este ano, enquanto os bancos como Goldman Sachs, JPMorgan, Citi e Morgan Stanley passaram a prever elevação de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) já em março, seguida de mais três altas de +0,25 por cento até dezembro.

Relevante agora

5 impactos no Brasil do aumento de juros dos EUA


A inflação nos Estados Unidos encerrou 2021 com uma alta acumulada de +7 por cento, o maior aumento desde 1982, e com juro zero.

Na semana passada, o depoimento de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, no congresso americano, reforçou que o Fed tem ferramentas amplas para ter um ciclo de aumentos de juros tranquilos, o que amenizou os temores dos investidores.

Mas como a alta dos preços ao consumidor nos EUA impacta os seus investimentos no Brasil?

A analista de renda fixa e sócia-fundadora da Nord Research, Marilia Fontes, considera entre os possíveis impactos a alta dos juros longos no Brasil. O aumento das treasuries (títulos do governo americano) para combater a inflação se torna mais uma pressão de alta nos juros brasileiros. Isso acontece em razão dos EUA serem uma economia muito mais segura, o que faz com que os investidores passem a exigir prêmios cada vez maiores dos títulos de economias emergentes, como o Brasil, para compensar esse maior risco.

Quer saber mais? Assista à análise completa no canal da Nord no YouTube de como a alta dos juros por lá pode impactar seus investimentos aqui no Brasil.

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