Como analisar os dividendos de uma empresa na prática?

Guilherme Tiglia Alves 27/07/2021 13:19 6 min
Como analisar os dividendos de uma empresa na prática?

Analisando os dividendos de uma empresa

Hoje vamos falar um pouco sobre como investir em ações pensando em dividendos.

Olharemos para algumas métricas e critérios e chegaremos a uma conclusão se a empresa é (ou não é) uma boa empresa para se investir com foco em uma estratégia de renda.

O nosso exemplo de hoje será sobre a Itaúsa (ITSA4), holding controladora do banco Itaú.

Lembrando que, quando estamos falando de Itaúsa, estamos basicamente nos referindo ao Itaú. Isso porque a maior parte dos lucros da Itaúsa advém do “bancão” que tanto aparece no nosso dia a dia.

Vamos lá?

Critério 1: Dividend Yield

Antes de tudo, para refrescar a memória, vamos falar sobre o conceito de Dividend Yield, uma métrica muito relevante para quem gosta de investir em dividendos.

Esse importante indicador demonstra, em linhas gerais, a relação em porcentagem dos dividendos distribuídos sobre o preço da ação de uma determinada empresa.

Quer um exemplo? A empresa distribuiu 10 reais em dividendos nos últimos 12 meses e seu preço de tela hoje é de 100 reais. Logo, o Dividend Yield é de 10/100 = 10 por cento.

Olhando agora para a Itaúsa, ela apresentou um Dividend Yield na casa de 3 por cento ao longo dos últimos 12 meses, o que não brilha exatamente aos nossos olhos. No entanto, vale lembrar que o período envolve a situação de pandemia que ainda estamos enfrentando, logo, o número engloba uma distribuição que não reflete uma normalidade.

Para contornar esse ponto, vamos considerar o yield da Companhia em condições normais de temperatura e pressão. Em 2019, por exemplo, o Dividend Yield foi de quase 8,5 por cento, patamar extremamente atrativo.

Essa é uma rentabilidade que, inclusive, pode ser perfeitamente atingida novamente, é tudo uma questão do cenário voltar a ser mais favorável – eu, particularmente, já acredito numa trajetória de retomada em 2021, e 2022 deve ser ainda mais forte.

Isso dito, a minha sugestão é que, para começar a formar uma carteira de dividendos, considerando os níveis atuais de juros, você escolha Ações com um Dividend Yield de, no mínimo, 5 por cento.

Como eu acredito que Itaúsa tem plena capacidade de entregar esse nível considerando um cenário de retomada e normalidade, ela cumpre o critério de exigibilidade de yield que eu acredito ser razoável para uma estratégia de proventos.

Ponto positivo para Itaúsa.

Critério 2: Crescimento de dividendos

A empresa apresenta um crescimento de dividendos? Ou ao menos um comportamento de consistência?

Gráfico apresenta proventos de ITSA4 (2007 a 2022).
Fonte: Status Invest

No caso de Itaúsa, apesar de observarmos uma volatilidade na distribuição, a tendência é de dividendos crescentes.

Eu entendo que volatilidade e ciclicidade são coisas que não combinam muito com dividendos, mas isso não elimina a nossa conclusão de que os dividendos crescem. O pior dos mundos seria observar anos em que não há distribuição de dividendos, o que definitivamente não é o caso.

Em 2007, o dividendo foi de 0,09 real por ação. Já em 2019, o dividendo foi de 1,2 real por ação, o que nos mostra um crescimento expressivo – mais uma vez, 2020 não é o parâmetro mais correto de comparação dada a situação de pandemia, por isso comparei com 2019.

Como é possível observar um dividendo que apresentou crescimento, mais um ponto positivo para Itaúsa.

Critério 3: Payout

Também para relembrar, o payout é uma métrica que indica o quanto do lucro está sendo distribuído aos acionistas na forma de proventos (Dividendos e Juros sobre Capital Próprio).

O ideal, no geral, é não ter um payout que supere os lucros distribuídos no período. Ou então, em outras palavras, o ideal é não ter uma ação que pague mais do que ela lucra.

Mas por que isso? Uma das interpretações é de que um payout de 100 por cento (ou mais) pode indicar que a Companhia não está reinvestindo os seus lucros no próprio negócio. E reinvestir no próprio negócio é interessante para crescer, gerar mais resultado e, consequentemente, ter também mais espaço para dividendos.

É claro que isso varia muito de caso a caso: a empresa pode gerar tanto caixa que isso permite que ela distribua acima do seu lucro, mas acho que isso é uma circunstância menos frequente.

Considerando o payout da Itaúsa nos últimos 5 anos, encontramos aproximadamente um número de 65 por cento, ou seja, na média, a instituição distribui 65 por cento do seu lucro aos seus acionistas. A diferença disso (35 por cento) é utilizada para reinvestir os lucros no próprio negócio, o que é positivo para o ROE (rentabilidade ao acionista) em bons níveis.

Payout Itaúsa.
Fonte: Status Invest

Com um payout abaixo de 100 por cento, o que de certa forma já é uma característica que mostra uma certa sustentabilidade nos dividendos, entregamos outro ponto positivo para a Itaúsa.

Critério 4: Solidez financeira

Aqui olhamos para a alavancagem, buscando analisar uma certa solidez no balanço.

No caso de bancos, olharemos para o Índice de Basileia, que é um indicador da indústria de bancos que mostra o quanto a instituição está se alavancando, ou então, de forma mais detalhada, é a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito.

Quer um exemplo? Se um banco possui um Índice de Basileia de 20 por cento, significa que, para cada 100 reais emprestados, o banco possui patrimônio de 20 reais.

Gráfico apresenta comparação entre capital principal (%); capital complementar (%) e capital nível (%) de 2016 a 2020.
Fonte: ITUB

O Itáu tem apresentando um histórico acima do índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil (11 por cento) e também acima da recomendação mundial (8 por cento). Atualmente, o índice está em 14,5 por cento e, quanto maior, certamente maior a solidez.

Ponto positivo para a Itaúsa.

Nord Dividendos

Concluindo, Itaúsa preenche todos os critérios que apresentamos, o que pode indicar que ela é uma boa instituição para quem está focado em investir para receber renda.

Os critérios que apresentamos nada mais são do que apenas algumas sugestões de primeiros passos para você analisar ações que pagam bons dividendos, por isso fazer uma análise mais aprofundada é fundamental para uma recomendação de investimento assertiva.

E é exatamente isso que fazemos no Nord Dividendos, estratégia de ações aqui da Nord voltada para selecionar as melhores ações pagadoras de dividendos do mercado.

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Forte abraço,

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