Banco Central sobe a Selic para 13,25 por cento ao ano

Renda fixa está de volta ao posto de queridinha no portfólio dos investidores

Marilia Fontes 16/06/2022 12:00 4 min Atualizado em: 17/06/2022 12:43
Banco Central sobe a Selic para 13,25 por cento ao ano

O Banco Central elevou a Selic na quarta-feira, 15, em 50 pontos base, como amplamente esperado pelo mercado.

Apesar da alta, o comunicado da decisão trouxe mudanças importantes em relação ao comunicado anterior, que vou destacar neste artigo, explicando principalmente o impacto dessas mudanças para os seus investimentos.

A primeira alteração foi reconhecer um cenário mais desafiador, tanto por conta da inflação mundial e surpresa negativa da inflação brasileira quanto pelo consequente aumento de taxas de juros globais. Ou seja, ele deixa claro que é um cenário de muita incerteza e essa incerteza pode influenciar as decisões do Copom.

A segunda grande alteração foi a mudança nas projeções de inflação do modelo dele. Vale lembrar que o Copom estima a inflação futura com modelos econômicos próprios, e que essas estimativas é que balizam suas decisões.

Se a inflação esperada por ele estiver acima da meta, ele deve subir mais a Selic. Se a inflação estimada estiver abaixo da meta, ele pode cair a Selic.

Nessa estimativa, a inflação para 2023, caso a taxa Selic pare de subir em 13,25 por cento, seria de 4 por cento. Ou seja, um pouco acima da meta de 3,25 por cento.

“Esse cenário supõe trajetória de juros que termina 2022 em 13,25 por cento a.a., reduz-se para 10,0 por cento em 2023 e 7,50 por cento em 2024. [...] Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 8,8 por cento para 2022, 4,0 por cento para 2023 e 2,7 por cento para 2024.”

Vale lembrar que as projeções do mercado para esses mesmos vencimentos seriam 8,5, 4,7 e 3,25 por cento. Bem acima, portanto, das expectativas do Banco Central.

A terceira alteração foi a mais importante do comunicado!

Ele disse que esta alta da taxa Selic é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para ao redor da meta ao longo do horizonte relevante”.

Mas vale notar que, no comunicado da decisão do Copom anterior, ele tinha usado a expressão de convergência da inflação para as metas. A ideia que ele parece querer passar é de uma certa tolerância com números mais altos do que a meta em si. Algo como 3,5 ou 3,7 seria aceitável, então?

Oras, se for esse o caso, então os 4 por cento de inflação para 2023 não estariam tão distantes do que ele acredita ser aceitável e, portanto, ele não precisaria subir a Selic em tanto mais.

Essa seria outra forma de enfatizar que ele já estaria muito próximo do final do ciclo.

A última alteração reforça ainda mais essa ideia de final do ciclo:

“Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude.”

Aqui ele deixa claro que a próxima reunião subirá 50 ou 25 bps. Caso os números de inflação venham melhores, ele deve reduzir o passo e se aproximar do final do ciclo.

Caso a inflação ainda esteja muito pressionada, ele deve dar mais uma de 50 e postergar o final do ciclo para a próxima.

Podemos ver que, se depender da vontade do Banco Central, teremos uma Selic menor que 14 por cento ao ano.

Mas o mercado precifica que a taxa vai subir até os 14 e que depois ela começa a cair, até chegar em 12 por cento ao longo de 2023.

Ou seja, para você, que espera “ganhar com a marcação a mercado” depois que a Selic cair de volta para 12 por cento, pode tirar o seu cavalo da chuva que isso já está 100 por cento precificado pelo mercado.

Para ter ganhos de marcação a mercado em prefixados, a Selic teria que subir menos que 14 e/ou cair mais que 12 por cento em 2023.

Mas esse não me parece o cenário mais provável, dado o desafio imenso que temos em termos de inflação e a instabilidade gerada pelo aumento das taxas de juros no mundo.

Lembrando que ontem, também, o Banco Central americano subiu sua taxa de juros em 75 pontos base, para 1,5 por cento, surpreendendo bastante o mercado da semana passada, que acreditava em uma alta de 50 pontos.

Quanto mais agressivo o BC americano for, mais a moeda dele tende a se valorizar em relação a outras, pois mais atrativas suas taxas de juros se tornam.

O fato é que o cenário está realmente desafiador e vai continuar assim por todo este ano. Você, investidor, deve aproveitar este momento de Selic alta para ser mais conservador e aguardar as oportunidades aparecerem.

Até lá, render 1 por cento ao mês será delicioso!

Um abraço e até a próxima!




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