A corrida pelos “minerais do futuro”

Níquel, cobre e cobalto estão entre os principais metais para a transição global de energia de baixo carbono

Nord Research 08/05/2022 12:00 5 min
A corrida pelos “minerais do futuro”

Enquanto os investidores acompanham a cotação de commodities, como o petróleo e o minério de ferro, ou se voltam para o ouro como instrumento de proteção contra crises financeiras, a incrível alta dos metais e minerais raros está chamando a atenção do mundo.

Além disso, recebemos a sugestão de tema de um assinante da carteira Nord Absoluto, que nos pediu para explicar como o investidor brasileiro pode investir nos metais básicos.

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O que são metais básicos?

Os metais e minerais raros e estratégicos, como níquel, cobalto, lítio, grafite e cobre, têm um papel importante na transição energética global, a fim de ampliar o número de economias que não dependem apenas de combustíveis fósseis.

Sem os metais básicos não haveria a produção de carros elétricos, equipamentos de energia solar, eólica e eletrizadores, ou veículos espaciais da NASA.

De onde eles vêm?

A maior parte do cobalto no mundo vem da República Democrática do Congo; o níquel, da Indonésia; o lítio, da Austrália; o cobre, do Chile; e terras raras, da China. Destacamos que, no futuro, os países com capacidade de extraí-los ou processá-los terão larga vantagem na transição energética mundial.

O mundo está se preparando para uma economia de baixo carbono


A União Europeia, por exemplo, provavelmente sofrerá graves déficits de lítio, terras raras e outros metais necessários para reduzir as emissões de carbono, de acordo com um estudo da Universidade KU Leuven, Bélgica.

O Brasil, por sua vez, está entre os países emergentes que precisarão investir em metais básicos, necessários para reduzir as emissões de carbono na transição energética.

Já os EUA e a Europa, recentemente, aceleraram seus motores para reduzir sua dependência atual e futura dos países como China e Rússia.

O cenário atual

Com o conflito bilateral no Leste Europeu, os preços das commodities entraram em tendência de alta, impulsionados principalmente pelas sanções impostas pelo Ocidente à Rússia pela invasão na Ucrânia.

A Rússia, um dos grandes exportadores de gás e petróleo, é também o segundo maior exportador mundial de cobalto, o segundo de platina e o terceiro de níquel.

O novo cenário de guerra deixou claro para o mundo que a Rússia é um player importante no comércio mundial. No entanto, há países que podem suprir parte da demanda necessária para acelerar a transição.

Em entrevista à BBC News Mundo, Kwasi Ampofo, chefe de metais e mineração do centro de pesquisa Bloomberg NEF, disse que a China pode ser a maior vencedora na mudança energética caso decida direcionar a produção de metal da Rússia por meio de suas refinarias e depois vendê-la para outros países.

Nesse cenário, Ampofo argumenta que se o Ocidente não avançar mais rápido, corre o risco de perder a corrida.



Impacto nos mercados

Em função do choque geopolítico atual, o níquel passou a ser negociado em patamares mais altos.


Em 2022, a Ativa Investimentos apontou, em suas projeções para a Vale (VALE3), uma das maiores produtoras globais de níquel, que o cobre e cobalto estão passando por um renascimento em seus mercados. “A demanda por níquel deve dobrar na próxima década, enquanto a de cobre deve evoluir em um terço, ambas motivadas pela eletrificação da frota e, em cobre, pela evolução da geração renovável”, afirmou Ilan Arbetman, analista responsável pelo relatório da Ativa.

No entendimento da analista Danielle Lopes, responsável pela carteira Nord Ações, ainda é cedo para dizer que produtos ligados a esses ativos são bons investimentos. Se observarmos ao longo do tempo, a cotação dessas commodities permaneceu praticamente parada. Logo, o investidor não consegue obter ganhos expressivos.

Se você segue tendências só porque está na moda, como aconteceu com investimentos em cannabis, por exemplo, quer dizer que você já perdeu a festa e está comprando algo que já subiu demais.

Além disso, acreditamos que esses investimentos dependem de “acertar o timing", o que é difícil para o investidor pessoa física.

No gráfico, fica claro perceber que, ao longo do tempo, os metais não trazem grandes ganhos e chegam a empatar (e em alguns casos, perder) para o nosso índice de referência da Bolsa brasileira, o Ibovespa.

Nesse caso, a nossa recomendação é ficar de fora desses investimentos.

Dá para investir em metais básicos?

Caso queira, há a possibilidade de se expor ao mercado de metais por meio de contratos futuros na B3, como acontece nos Estados Unidos, ou da própria London Metal Exchange (LME), a bolsa de metais inglesa.

Na visão da nossa analista, quando esse mercado começar a ficar realmente interessante, veremos formas mais atrativas de investimentos em metais, como fundos de investimentos.

Atualmente, temos poucos fundos de investimento, como o fundo “COBALTO FC ACOES IE” (aqui), disponível apenas para investidores profissionais (pessoa física ou jurídica com mais de 10 milhões de reais em investimentos no mercado financeiro). Além da baixa popularidade, destacamos que esses investimentos são exclusivos e com maior risco à pessoa física.

Para a nossa analista, no cenário atual, existem formas mais interessantes de diversificação do capital hoje em dia, como o investimento em renda variável (com muitas empresas a preços baixos diante do cenário atual); em renda fixa, com a possibilidade de ganhos de 1 por cento ao mês com baixo risco, e até mesmo geração de renda passiva com fundos imobiliários.

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