Resumo da semana: Privatização da Petrobras; Alta da Selic; Balanços e Leilão Dutra

Enquanto exterior avança com balanços, no Brasil vimos nossa Bolsa em queda

Nord Research 30/10/2021 11:58 7 min
Resumo da semana: Privatização da Petrobras; Alta da Selic; Balanços e Leilão Dutra

Opa,

Tudo bem?

Hoje é dia de saber o que rolou de importante na semana. Enquanto as bolsas internacionais operaram majoritariamente em alta, na esteira dos fortes resultados corporativos divulgados na temporada de balanços nos EUA, a brasileira passou por uma sequência de pregões marcados por forte volatilidade com o imprevisível noticiário político/econômico.

Resumo da semana de 25 a 29 de outubro

Na segunda-feira (25), os investidores se animaram com a notícia de privatização da Petrobras. As ações da empresa chegaram a valorizar mais de 6 por cento depois da notícia de que o governo teria manifestado a intenção de encaminhar ao Congresso um projeto de lei para privatizar a maior petroleira do país. Dá para acreditar nisso? Pois é, nem a gente acreditou.

Na esteira da temporada de ganhos do terceiro trimestre nos EUA, o Facebook foi o destaque dos ganhos, superando as estimativas de lucro por ação.

Na terça-feira (26), aqui no Brasil, saiu a prévia da inflação oficial (o IPCA-15), medida pelo IBGE, que veio acima do esperado, acelerou 1,20 por cento (acima do consenso de 1 por cento) e fez o mercado elevar ainda mais as projeções de alta para a Selic para a reunião do Copom na quarta. Ainda sobre o IPCA-15, a alta no ano ficou em 8,30 por cento e, no acumulado de 12 meses, alta de 10,34 por cento.

Nos EUA, destaque para os balanços trimestrais positivos de Alphabet (Google) com um lucro por ação de 27,99 dólares, alta de 19 por cento acima das expectativas, e Microsoft com um lucro por ação de 2,27 dólares, alta de 22 por cento na base anual. Já o Twitter reverteu o lucro e teve prejuízo de 536,7 milhões de dólares no 3T21. O prejuízo por ação diluído ficou em 0,67 dólares.

Na quarta-feira (27), aconteceu a aguardada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para definir a taxa básica de juros (Selic), que subiu em 1,50 ponto percentual, para 7,75 por cento a.a.

O IBGE ainda divulgou o resultado do desemprego no último trimestre, encerrado em agosto, com recuo para 13,2 por cento. Apesar da queda do desemprego melhor do que o esperado (o consenso do mercado era de 13,4 por cento), a informalidade cresceu e o rendimento médio real dos trabalhadores brasileiros recuou para seu menor patamar desde 2016.

Na quinta-feira (28), o PIB do terceiro trimestre dos EUA ficou aquém das expectativas para o período de julho a setembro, indicando crescimento a uma taxa anualizada com ajuste sazonal de 2,0 por cento, abaixo do consenso de 3,5 por cento.

No Brasil, após um Copom mais “hawkish”, os investidores voltaram suas preocupações para o fiscal. Caso não passe a PEC dos Precatórios, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), disse que o Executivo prorrogará o auxílio emergencial — mesmo que a despesa esteja fora do teto de gastos.

Na sexta-feira (29), último pregão de outubro, o Ibovespa seguiu em queda, descolando do exterior. Destaque para o “Leilão Dutra”. A CCR (CCRO3) foi a vencedora do leilão da nova concessão da rodovia Presidente Dutra, que também inclui o trecho da Rio-Santos entre Rio de Janeiro e Ubatuba (SP).  A única competidora foi a Ecorodovias (ECOR3).

A empresa renovou sua posse da concessão do trecho por mais 30 anos e ofereceu o desconto máximo na tarifa de pedágio, de 15,31 por cento. O valor de outorga foi de 1,77 bilhão de reais, ante um oferecimento de apenas 10,6 por cento de desconto de tarifa pela concorrente.

Relevante agora

FIIs de papel x Fundos de crédito privado

Neste artigo curto, os analistas da Nord Research, Luiz Felippo (Nord Fundos) e Marx Gonçalves (Nord FIIs), vão explicar qual é a melhor alternativa para o investidor aproveitar o aumento da taxa de juros (Selic) e da inflação.

Fundos de crédito privado

Em momentos de Selic mais alta e incerteza, muitos investidores acabam buscando ampliar os seus investimentos na carteira atrelados ao CDI.

Nesse sentido, uma alternativa bastante utilizada pelos investidores são os fundos de crédito privado, vistos por muitos cotistas como o Santo Graal dos investimentos atuais: zero risco e alta rentabilidade.

A verdade é que a situação não é bem essa. O retorno tem sido baseado em doses fortes de esteroides, baseados na profunda precificação do risco de crédito dos ativos no mundo pós-pandemia. A volatilidade traz somente a impressão de que os riscos não existem, quando na verdade eles estão na surdina e aparentes em diversos formatos.

O que deve ficar claro para o investidor é: não existe almoço grátis. Não há como você ter níveis relativamente altos de resultados sem correr os maiores riscos.

E, a meu ver, o investidor precisa tomar cuidado ao investir nesses fundos, principalmente devido aos incentivos que vemos nessa indústria.

O primeiro é a forte captação que, dadas as restrições de regulamento, força muitos gestores a serem “menos seletivos” na escolha dos ativos e correrem mais riscos (de prazo, tipo de empresa, menor margem de segurança etc.).

Com tantos players vindo às compras no mercado e uma quantidade limitada de oferta de papéis de crédito, teremos uma compressão de spreads que não é sustentável ao longo do tempo. Já vimos isso acontecer, acredite se quiser.

Outro ponto importante a ser considerado pelo investidor é o descasamento de ativo e passivo dos fundos de investimento. A parte de ativo dos fundos é essencialmente no que ele investe e o passivo são justamente os cotistas.

O que vemos, muitas vezes, é que gestores alongam o prazo médio de vencimento dos ativos em carteira, ainda que tenham prazos de resgate curtos (5, 7, 10 dias). Em um mercado pouquíssimo líquido como o de crédito, uma estrutura dessas pode tornar o ambiente bastante desafiador para os gestores (como vimos em março do ano passado).

Fato é: nada disso é novo. Inclusive, o Luiz alertou sobre tudo isso ainda em 2019, e quem se manteve nos fundos à época (em muitos casos) ainda tem obtido resultados abaixo do CDI.

Hoje vemos todas as nuvens se formando, ainda que esteja sol. Não temos certeza de quando virá a verdadeira chuva, mas de toda forma não devemos negligenciar o risco de uma chuva acabar com a farra.

Fundos imobiliários de papel

Ainda dentro do contexto de crédito privado, são opções de ativos os fundos imobiliários de papel, que são investimentos de renda variável, que investem a maior parte dos seus recursos em ativos de renda fixa com lastro imobiliário, por exemplo, os CRIs e LCIs.

Uma grande vantagem desses fundos frente aos fundos de crédito privado é o melhor casamento entre os seus ativos e passivos. Como os FIIs são negociados em bolsa, os cotistas desses fundos podem vender as suas cotas no mercado sem causar qualquer necessidade da gestão movimentar a carteira para fazer frente aos resgates.

Mais transparência. Diferentemente dos fundos de crédito privado, nos FIIs de papel, o cotista consegue ter mais transparência por meio dos relatórios gerenciais. O trabalho do Marx é estudar esses relatórios e entender, por exemplo, todos os CRIs ou ativos de maior representatividade na carteira do FII de papel a fim de descobrir como está a operação, quais as garantias, o que poderia acontecer caso ocorra um eventual caso de inadimplência, entre outros.

Por fim, o Marx destaca o baixo valor de investimento inicial em FIIs de papel. A partir de 100 reais, o investidor já consegue acessar bons ativos e diversificar a carteira.

Conclusão

Por não terem o risco de descasamento entre passivo e ativo, contarem geralmente com uma boa liquidez e serem bastante transparentes, os FIIs de papel ganham o embate contra os fundos de crédito, sendo atualmente uma escolha mais interessante a se fazer na hora de investir.

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