Ata do Copom; cenário das construtoras; e dividendos ocultos em BEEF3

Fiscal segue no radar dos investidores em semana cheia de eventos

Nord Research 25/10/2021 12:21 7 min
Ata do Copom; cenário das construtoras; e dividendos ocultos em BEEF3

Depois de uma semana difícil em que o Ibovespa fechou com queda de 7,28 por cento por conta dos riscos fiscais, entramos na última semana de outubro de olho nas revisões para a taxa de juros divulgadas pelo Copom e nas divulgações de resultados das blue chips Petrobras e Vale. Por aqui também teremos os dados de emprego do Caged e do IBGE de agosto, além do IPCA-15 de outubro, que serve de prévia da inflação oficial.

Nos EUA, os principais nomes de tecnologia anunciam seus balanços, como Facebook, Apple e Microsoft; além disso, há a divulgação do PIB do terceiro trimestre e também os dados de inflação do PCE (despesas de consumo pessoal). Ainda no exterior, saem as decisões de juros na Zona do Euro e no Japão.

BRASIL

BEEF3: Dividendos ocultos?

Em uma semana difícil por conta dos riscos fiscais, os papéis da Minerva Foods (BEEF3), maior exportadora de carne bovina da América do Sul, desvalorizaram 12,43 por cento.

A cotação da Minerva passou de 10,62 reais no início das operações na segunda-feira (18) para 9,30 reais ao final do pregão de sexta (22).

É hora de comprar Minerva?

Com foco em empresas de qualidade e que geram caixa atualmente, a Minerva é uma das preferências do analista de ações André Zonaro.

Diante da suspensão da produção de carne bovina para a China, determinada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em 19 de outubro (e sem expectativa para a retomada de exportações), a companhia conseguiria mitigar os efeitos da restrição remanejando os embarques de carnes para outras plantas onde atua, como Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Colômbia.

Vale ressaltar que o próprio Ministério da Agricultura e o Ministério das Relações Exteriores declararam que a ocorrência de dois casos do "mal da vaca louca" em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG) foram atípicos e não há motivos técnicos para a suspensão das exportações de carne bovina.

O nosso analista também comenta que o setor de proteína animal, especialmente bovina, deve se beneficiar do crescimento do consumo de carne bovina na Ásia em substituição à carne suína.

De olho nos dividendos

A Minerva deve pagar bons dividendos em 2022 com base no desempenho em 2021. O pagamento de dividendos da companhia ocorre quando a alavancagem é menor que 2,5 vezes em um patamar mínimo de 50 por cento dos lucros.

No último trimestre, Zonaro diz que a Minerva apresentou 2,4 vezes de alavancagem e deve aumentar a geração de caixa nos próximos meses, reduzindo ainda mais sua alavancagem financeira e possibilitando bons pagamentos de dividendos no próximo ano.

Em 2020, a companhia se destacou por pagar um dos maiores dividendos da Bolsa – Dividend Yield (DY) de 10,5 por cento.

Cenário desafiador para construtoras na Bolsa; o que esperar?

No terceiro trimestre, a prévia dos resultados operacionais das empresas do setor de construção na B3 mostrou um arrefecimento das vendas, apesar do ritmo de lançamentos ainda resistir em alguns casos.

Na leitura do analista de ações Rafael Ragazi, os papéis de construtoras e incorporadoras podem continuar a sofrer nos próximos meses como efeito da conjuntura macroeconômica — elevação da curva de juros futuros.

Construtoras caindo em bloco. No mês de outubro, Cyrela (CYRE3) registra baixa de 15,67 por cento (15,18 reais); MRV (MRVE3) desvaloriza 14,23 por cento, a 10,54 reais; já Eztec (EZTC3) recua 13,4 por cento, a 19,78 reais.

Prévias operacionais 3T21

Cyrela

A Cyrela (CYRE3) alcançou o marco de doze empreendimentos lançados entre julho e setembro, segundo comunicado da companhia. De acordo com dados da prévia operacional para o terceiro trimestre de 2021, a companhia  registrou 2,2 bilhões de reais em valor geral de vendas (VGV) de lançamentos, representando alta de 33,2 por cento ante o mesmo período de 2020.

Por outro lado, em seu relatório, as vendas líquidas contratadas caíram 12,5 por cento comparadas ao mesmo intervalo do ano anterior, atingindo 1,37 bilhão de reais no 3T21.

Ainda segundo comunicado, das vendas líquidas realizadas no segundo trimestre, 195 milhões de reais se referem à venda de estoque pronto (14 por cento), 440 milhões de reais à venda de estoque em construção (32 por cento) e 730 milhões de reais à venda de lançamentos (53 por cento).

Eztec

Já a prévia operacional do terceiro trimestre da Eztec (EZTC3) veio com números mais modestos. A companhia não realizou o lançamento de dois empreendimentos previstos para setembro. Portanto, os lançamentos somaram apenas 460 bilhões de reais de julho a setembro.

A companhia informou ao mercado que está se movimentando para lançar, nas próximas semanas, o projeto Unique Garden, com valor total de vendas (VGV) estimado em 730 milhões de reais. A conclusão da venda tem o potencial para elevar o VGV total lançado de 1,4 bilhão de reais para 2,15 bilhões de reais.

Para o analista de ações Rafael Ragazi, há grandes chances de que a companhia não consiga cumprir o guidance de 2021, que é lançar entre 2,8 e 3,1 bilhões de reais.  

Adicionalmente, as vendas líquidas caíram 23,6 por cento no terceiro trimestre do ano em relação a igual período do ano anterior, atingindo 255 milhões de reais no trimestre.

Para o nosso analista, os resultados indicam uma desaceleração na velocidade das vendas, e provavelmente a companhia freou os seus lançamentos por esse motivo.

Em complemento, Ragazi diz que a Eztec tem uma posição financeira privilegiada (com caixa líquido superior a 1,5 bilhão de reais no fim do 2T21). De fato, o retorno obtido nos projetos é o foco e não há nenhuma pressão para lançar ou vender tendo em vista que o momento não é o ideal.

MRV

A MRV (MRVE3) mostrou números mais animadores em sua prévia operacional do terceiro trimestre do ano.

Mesmo tendo segurado os lançamentos de imóveis devido às mudanças no programa Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa Minha Vida) que estão prestes a serem anunciadas, como o aumento do teto de valor do imóvel e a redução na taxa para o cliente, a MRV lançou e vendeu 2 bilhões de reais no 3T21, representando uma evolução de 0,5 por cento em lançamentos e de 2,4 por cento em vendas na comparação com o 3T20.

No terceiro trimestre, a companhia implementou um aumento de preços (6 por cento em média) a fim de repassar parte da inflação dos custos de construção e testar a força da demanda, por isso a velocidade de vendas foi menor.  

Além disso, a AHS, subsidiária da empresa que atua no mercado americano, vendeu dois empreendimentos por 669 milhões de reais (123 milhões de dólares), o que permitiu a manutenção das vendas totais no elevado patamar do 3T20.

No caso dos lançamentos, a manutenção do patamar foi possibilitada pelo lançamento de oito empreendimentos na Luggo, marca que constrói empreendimentos para locação da companhia.

Por fim, Ragazi pontua que a plataforma habitacional da companhia é bastante diversificada dentre segmentos e regiões de atuação, o que permite que a MRV navegue bem por cenários distintos com mais facilidade.

INTERNACIONAL

Arábia Saudita pretende “zerar” emissões de carbono até 2060

Um dos maiores produtores de petróleo, a Arábia Saudita pretende reduzir suas emissões líquidas de carbono a zero até 2060, dez anos depois dos Estados Unidos.

Para alcançar a neutralidade, o reino planeja cortar as emissões de carbono em mais de 270 milhões de toneladas por ano, afirmou o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman em um discurso transmitido em um fórum climático em Riad no último sábado (23). O plano ainda inclui o investimento de mais de 186 bilhões de dólares, disse ele.

Os Estados Unidos também estão empenhados em atingir a emissão "líquida zero" de gases de efeito estufa — principalmente produzidos pela queima de combustíveis fósseis — até 2050.

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