Janela para oferta de ações em 2021 se fechou?
IPOs desaceleram no 3T21 em meio à piora no cenário econômico
Você participou de algum IPO recentemente?
A piora no cenário econômico e turbulências políticas em meio ao ano pré-eleitoral parecem ter esfriado a onda de ofertas iniciais de ações (IPOs) na Bolsa de Valores brasileira.
Os investidores, principalmente os institucionais, passaram a avaliar as ofertas mais de perto levando em consideração a instabilidade no mercado.
Mas será que a janela de oportunidades em 2021 se fechou?
Segue esta newsletter com a Danielle Lopes, analista de ações da Nord Research, que vai explicar como anda a rentabilidade dos IPOs que estrearam este ano e quais critérios são importantes para avaliar uma oferta pública.
Levantamento inédito
Segundo os últimos dados da B3, de janeiro até outubro de 2021, já foram realizados 47 IPOs. No entanto, mais da metade dessas empresas operam no negativo.
De acordo com um levantamento inédito feito pela Danielle, entre todas as novatas da bolsa considerando BDRs e ETFs até o dia 14 de outubro, cerca de 66 por cento apresentaram rentabilidade negativa e 34 por cento possuem retornos positivos.
Entre as empresas que subiram, apenas 4 por cento conseguiram atingir níveis acima de 50 por cento de valorização até o meio de outubro deste ano.
A janela foi rápida demais?
Para Danielle, a maior mensagem do recente boom de IPOs aos investidores recém-chegados na bolsa é que “nem todo IPO é garantia de rentabilidade”. Fora que, nos IPOs, a assimetria de informação é gigantesca.
Quem realmente investe na empresa (os investidores institucionais) e ancora o IPO já passou por vários dias tomando café com os executivos e entendeu tudo sobre o negócio para fazer seus investimentos. A pessoa física não tem a mesma oportunidade e precisa lidar com um PDF de 800 páginas para entender o que a empresa faz.
A cada prospecto do IPO de uma empresa, você encontra uma história bonita, florida, um retrato de (geralmente) três anos com ótimos resultados, banqueiros felizes com suas comissões robustas e informações que poucos leem e entendem. Sejamos honestos: o prospecto não foi feito para ninguém ler.
O segundo ponto é o tempo entre a divulgação do prospecto completo e a tomada de decisão do investidor. Os prazos costumam ser muito apertados e com vários IPOs na mesma janela.
Muitas vezes, o investidor que desconhece as operações se deixa levar pela pressa e pelo medo de ficar de fora (a sigla FOMO, Fear Of Missing Out), entrando na oferta sem entender realmente a companhia.
Um casamento sem direito a divórcio (por um tempo)
Recentemente, a adoção do lock-up, que nada mais é do que uma obrigação contratual de manter as ações até um determinado tempo após a oferta, impede que o investidor (pessoa física) venda suas ações caso não queira manter a companhia no portfólio.
Ou seja, uma sequência de decisões incorretas ao entrar em um IPO de uma empresa desconhecida e pronto. Você está preso, por um tempo, sem conseguir vender pela restrição do lock-up.
O ano não terminou
Com o cancelamento de ofertas e captações abaixo da expectativa, houve uma desaceleração no ritmo de aberturas de capital.
A mais recente empresa a cancelar seu pedido de IPO foi a rede de academias BlueFit, após um desempenho na turnê de apresentação aos investidores abaixo do esperado.
Se você está começando a investir ou quer entrar em IPOs deve estar se perguntando: “será que oferta pública de ações é furada?''. Calma, o ano não terminou e você pode aproveitar boas oportunidades na bolsa. Basta ter atenção aos critérios certos.
No episódio #04 do nosso podcast, a Danielle explica o passo a passo para analisar um IPO. Para entender, é só acessar o conteúdo no instante 00:11:44 (ouça aqui).
