Recuperação parcial do Ibov, FIIs de papel e 30 dias sem China

Frigoríficos são as maiores altas da Bolsa no mês; mesmo sem China

Nord Research 30/09/2021 12:22 7 min
Recuperação parcial do Ibov, FIIs de papel e 30 dias sem China

No pregão de ontem (29), o Índice Bovespa recuperou parte das perdas do dia anterior, terça-feira (28), avançando com a valorização do minério de ferro na China e a recuperação das bolsas no exterior. A Bolsa fechou em alta de +0,89 por cento, a 111.107 pontos.

Na agenda do dia, destaque para o Relatório Trimestral de Inflação divulgado pelo BC e a Pnad Contínua de julho com a taxa de desemprego no Brasil. Nos EUA, os investidores estarão atentos ao PIB americano do segundo trimestre e aos discursos do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e da secretária do Tesouro, Janet Yellen, na Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes.

IGP-M tem queda de -0,64 por cento em setembro com recuo do minério de ferro

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) passou a cair -0,64 por cento em setembro, após alta de 0,66 por cento em agosto, informou na quarta-feira (29), a Fundação Getulio Vargas (FGV).

A expectativa do mercado era de queda menos acentuada, de -0,45 por cento.

O nosso analista de renda fixa Christopher Galvão diz que a queda no mês foi mais intensa devido ao recuo do minério de ferro, que registrou perdas de 22 por cento em setembro e de 15 por cento em agosto.

O IGP-M do mês também sofreu pressões sobre o aumento da conta de luz, com um novo valor da tarifa extra da energia elétrica, e do forte aumento nos custos com transporte aéreo.

Em relação ao segundo motivo, o nosso analista comenta que, no curto prazo, a reabertura maior da economia tem provocado pressões nos preços de serviços que antes estavam reprimidos pela pandemia, como a venda de passagens.

O Banco Central continua monitorando a nossa recuperação econômica e os choques inflacionários que ocorreram na economia.

O impacto nos seus investimentos...

Deflação do IGP-M impacta negativamente FIIs de papel

A queda de -0,64 por cento do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), utilizado principalmente no cálculo do reajuste anual dos contratos de aluguel, pode impactar negativamente alguns FIIs de papel, também chamados de Fundos de Recebíveis Imobiliários.

Qual risco para os FIIs?

O nosso analista de fundos imobiliários Marx Gonçalves responde que o maior efeito do IGP-M negativo está relacionado aos FIIs de papel que possuem uma carteira de CRIs (título de dívidas) muito exposta ao indexador.

Para Marx, um detalhe importante a se compreender é que muitos desses fundos foram beneficiados pelas altas do IGP-M nos últimos meses, sendo que alguns deles estão negociando a preços muito elevados devido ao impacto positivo em seus rendimentos.

Porém, à medida que o IGP-M desacelera, podendo seguir para o campo negativo, os resultados desses fundos tendem a ser impactados negativamente devido à correção monetária dos CRIs. Ou seja, caso a atual tendência do índice de inflação se mantenha, o investidor poderá perceber uma reprecificação desses fundos daqui dois a três meses.

No caso da carteira Nord FIIs, Marx explica que não temos mais tanta exposição a fundos de papel atrelados ao IGP-M. O Fundo mais exposto é o DEVA11, recomendação pública da série, que conta com apenas 10 por cento da carteira atrelada ao índice. Contudo, todos os CRIs da nossa carteira contam com proteção contra deflações, preservando os resultados do Fundo em momentos como este.

No caso dos FIIs de tijolo, que é a correção do aluguel, Marx não vê grandes impactos. Até porque, diante da crise econômica e do IGP-M muito elevado do último ano, muitos desses fundos entraram em comum acordo com seus inquilinos para passar a utilizar apenas o IPCA no reajuste dos contratos de aluguel.

Marx Gonçalves e Marilia Fontes apontam os melhores FIIs do mercado na carteira Nord Fundos Imobiliários. Acesse para saber mais.

O que mais de importante?

Caged surpreende o mercado

O aumento das contratações formais no Brasil, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência, também favoreceu o mercado local em dia de alta.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem (29), veio com uma geração líquida de novas vagas de emprego de 372.265 vagas em agosto, número superior às estimativas de 300 mil vagas.

Sobre esse ponto, o nosso analista Christopher Galvão reforça que o Banco Central está atento a esse resultado acima das expectativas, muito por conta da diferença entre os principais indicadores do emprego no segmento formal – Pnad Contínua e Novo Caged, sendo que o último mostra uma recuperação mais robusta do que o primeiro.

Inclusive, serão divulgados hoje (30) os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Faltou músculo.

BlueFit cancela IPO após baixa demanda dos investidores

A rede de academias de ginástica BlueFit cancelou seu pedido de IPO, que estava previsto para terça-feira (28). Segundo comunicado ao mercado, a empresa explica que solicitou o cancelamento da operação no dia 24 de setembro devido à baixa demanda.

A nossa analista de ações Danielle Lopes destaca alguns motivos para a desistência da oferta pública de ações. Em primeiro lugar, a empresa teve dificuldade para emplacar um IPO bem- sucedido devido à volatilidade no mercado doméstico que, por sua vez, tem contribuído para uma demanda mais fraca em IPOs.

Em segundo lugar, está o comportamento dos investidores, que passaram a avaliar com mais apreço e conhecer mais de perto os serviços e os produtos oferecidos pelas companhias.

Galpões de CrossFit não são suficientes…

Ao analisar o IPO da BlueFit, Danielle diz que o mercado pode ter entendido que estaria investindo em um negócio com fracas barreiras de entrada e, provavelmente, ainda percebeu a competição acirrada que teria à frente contra a SmartFit (SMFT3).

A vida da pioneira também não anda fácil. Com histórico de prejuízo, endividamento alto e grande competição, Danielle diz que SMFT não tem crescimento suficiente para deixar seu patrimônio musculoso. Nem o patrimônio da companhia nem o dos investidores.

Analisando tudo isso, neste momento, o melhor caminho para a BlueFit talvez tenha sido restringir a oferta apenas para investidores institucionais, entre eles fundos e fundações, ainda sem data definida de estreia.

O que ocorre com o dinheiro do investidor?

De acordo com o comunicado, os investidores não precisam se preocupar com o cancelamento do IPO. “Os valores depositados serão devolvidos sem qualquer remuneração, juros ou correção monetária, sem reembolso de custos incorridos e com dedução de quaisquer tributos ou taxas eventualmente incidentes”, diz a empresa.

Relevante agora

Quase 30 dias de vaca louca

O Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou ao Money Times, na quarta-feira (29), que não sabe quando a China voltará a importar do Brasil. Perto de completar 30 dias da interrupção dos embarques, o grande comprador ainda não deu sinais sobre a retomada do comércio.

A vaca louca é uma doença que, caso não seja controlada, traz prejuízo para o rebanho podendo afetar a produção e consumo dos animais.

Hoje, há um acordo bilateral entre Brasil e China que faz com que, em qualquer caso da doença, o país precise emitir uma notificação e fazer suspensão temporária dos embarques para análise do problema, visando entender se é um problema pontual ou, de fato, algo que afetará os rebanhos de maneira generalizada.

A medida é protocolar e tem como objetivo o controle da disseminação da doença.

Sem China no mercado. No Brasil, os casos da vaca louca, neste ano, foram esporádicos e identificados em animais mais velhos, suscetíveis à doença; alguns dos nossos parceiros comerciais, como a Arábia Saudita, já tiraram essa restrição justamente por entenderem que não há qualquer risco de contaminação em massa.

Quanto à demora. Na visão do nosso analista de ações André Zonaro, a demora da China em voltar a receber embarques do Brasil pode estar relacionada tanto a questões burocráticas quanto à pressão do governo chinês para “forçar” os frigoríficos brasileiros a reduzirem os preços de exportação da commodity.

De modo geral, os preços da carne bovina dispararam pelo mundo e não podemos descartar a hipótese da China estar aproveitando a situação para comprar carnes a preços menores.

No setor, Zonaro comenta que sua preferência é pelas ações de Minerva (BEEF3), que por ter plantas em outros países da América Latina consegue, tranquilamente, remanejar os embarques de carnes de outros locais, mitigando os efeitos da restrição.

Se você está em busca de arrojo e rentabilidade extrema, acesse mais recomendações do Zonaro na carteira recomendada do Nord Small Caps.

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